Dire Straits - A banda que saiu dos pubs para o estrelato vendendo milhões, e encerrou no auge
Por Bruce William
Postado em 22 de junho de 2025
No final dos anos 70, enquanto Londres fervia com punks rasgando tudo no palco, um quarteto discreto surgiu nos fundos de um bloco habitacional, tocando com o que tinha à mão e sonhando apenas em juntar uns trocados para gravar uma demo. O som era econômico, sem solos de guitarra intermináveis nem gritaria: histórias de bar, amores perdidos e passeios noturnos embalados por dedilhados limpos e frases musicais de fazer inveja a qualquer roqueiro cabeludo da época.
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A tal fita caiu nas mãos de quem precisava ouvir - e bastou uma música, sobre uma banda de jazz perdida num bar vazio, para mudar tudo. Em pouco tempo, aqueles caras que se apresentavam sem pose de astros sob o nome Dire Straits estavam dividindo palco com nomes pesados, lotando clubes e chamando atenção de produtores de peso.
A cada disco, o grupo parecia desafiar o próprio rótulo: nem rock clássico demais, nem pop fácil de engolir. As letras seguiam poéticas, as guitarras ganhavam mais espaço, e a crítica se rendia. Para muitos, era a prova de que ainda dava para contar boas histórias com melodia, sem precisar berrar ou fazer pose de bad boy.
O sucesso mundial veio com força quando decidiram gravar num estúdio paradisíaco no Caribe. Entre experimentos e brigas internas, saiu um álbum que quase resumiu os anos 80 em forma de vinil - um punhado de canções suaves, um videoclipe animado rodando sem parar na MTV e refrões que pareciam feitos para tocar em qualquer rádio do planeta. O disco vendeu tanto que virou símbolo da era do CD e colocou a banda na lista de supergrupos da década.
Mas a bonança escondia rachaduras sérias. Dentro da banda, as velhas diferenças de visão de mundo e de ego já tinham derrubado gente importante. O principal rosto do grupo, que tinha começado como um tímido professor de inglês, virou o "chefe absoluto", acumulando funções de vocalista, guitarrista, compositor, produtor e até síndico de tudo que acontecia nos bastidores. "Sucesso eu adoro", disse Mark Knopfler para a Classic Rock. "Significa que posso comprar guitarras Les Paul de 1959 e motos Triumph. Mas eu detesto a fama. Ela atrapalha o que você faz e não tem nada de bom nela."
Para quem sonhava com uma carreira coletiva, aquilo era sufocante. Um dos primeiros a pular fora foi justamente o irmão do chefão, depois de discutir sobre quem realmente mandava ali. Outros membros saíram logo depois, deixando claro que, por trás do sucesso, a harmonia era só fachada.
Quando tudo parecia estabilizado, vieram mais turnês gigantes, vendas astronômicas e shows lotados em estádios de todos os continentes. Só que, nos bastidores, o tal líder já não aguentava mais a rotina de celebridade. Nas raras entrevistas, dizia que amava o sucesso, afinal, isso bancava guitarras vintage e motos raras —, mas detestava a fama, a pressão e a vida de hotel.
Assim, numa noite de outubro de 1992, sem estardalhaço, ele se despediu de 40 mil fãs num show na Espanha e encerrou a história ali mesmo. Sem chororô, sem show de despedida, sem caixa registradora tocando hits reciclados. Oficialmente, o fim só veio uns anos depois, mas na prática, todos sabiam: o auge tinha matado a banda que tinha começado tão simples. "A última turnê foi uma completa miséria. Estávamos todos esgotados, os relacionamentos pessoais em frangalhos. Fomos mudados por aquilo. Ninguém quer voltar para aqueles dias", disse o baixista John Illsley.
Até hoje, quem pergunta sobre reunião ou revival escuta a mesma resposta: não precisa. Quem estava lá sabe o que foi, e quem não estava pode dar play em "Sultans Of Swing" ou "Brothers In Arms" pra entender como um punhado de canções pode, às vezes, valer mais que qualquer comeback de luxo.
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