Technical Difficulties: Novos guitarristas na Expomusic - Parte 1
Por Sylvia Helena D`Antonio
Postado em 30 de outubro de 2006
Todo ano na Expomusic, a feira da música, que acontece em SP, as empresas procuram novos chamativos para seus estandes, novas atrações. Apesar da dificuldade de inovar, ou mesmo de trazer novidades em termos de instrumentos, algumas empresas ainda unem o útil ao agradável.
Este ano, a NIG fez algo muito interessante e louvável. Em, dezembro de 2005 esta empresa de encordoamentos lançou uma promoção para guitarristas do Brasil inteiro. O candidato deveria enviar uma demo, de uma composição sua, instrumental. Ele seria avaliado pelos endorsers e por pessoas do dept. de Marketing da NIG. Até Abril de 2006 chegaram mais de 800 demos e chegar a uma conclusão foi demorado. 10 pessoas seriam escolhidas dentre todos.
Foram levados em conta: Composição, criatividade, originalidade, timbre, fluência, afinação, e coisas relevantes para a musicalidade. Não foram usados critérios como idade, estilo musical, qualidade da gravação, religião, sexo, cor, etc...
Os ganhadores além de terem suas composições no CD NIG Evolution III, também abririam os Workshops dos endorsers NIG, na feira, e depois fariam uma Jam Session com vários dos endorsers. Pudemos conferir alguns destes guitarristas, e comprovamos que as escolhas foram felizes. Tivemos o prazer de assistir a quatro dos dez ganhadores, sendo que dois foram os dois vencedores mais jovens.
Assistimos a: Bruno Albuquerque, 25, de Brasília (DF); Oziel Filho, 26, São Luiz (MA); Felipe Melanio, 17, Rio de Janeiro (RJ); e Sascha Zavistanovicz, 15, Caxias do Sul (RS).
No geral, observamos que a garotada está estudando pra valer e tem se dedicado muito à técnica. Se houvesse um limite de velocidade, muitas multas seriam aplicadas!!! Mas como velocidade não é tudo, na verdade é só uma pequena parte, observamos também outros aspectos, nos quais, foram muito satisfatórios.
Bruno Albuquerque abriu o workshop de Fábio Lessa com Fernando Noronha e Ricky Furlany e Sydnei Carvalho com Alex Martinho. Tanto em sua música, como nas jams, demonstrou que tem um fraseado extremamente agradável, bastante arpejado, e ao mesmo tempo soando muito Rock N’ Roll. Não é do tipo fritador, mas corre com competência, muito limpo, com muito sentido, bem tocado e de muito bom gosto. Sua música, "Holyday", sem dúvida foi uma das melhores composições dos vencedores.
Sacha Zavistanovicz, abriu os workshops de Rafael Bittencourt e Juninho Afram. Sua música, "Sunrise", tem uma composição muito bem colocada, o tema bem definido e um desenvolvimento muito bem feito. Mas como corre o menino!!! O tempo só vai acrescentar ao jovem.
Ozielzinho, como é bem conhecido, foi um show à parte, não só por sua simpatia, e simplicidade, mas sua tranqüilidade, e expressividade ao tocar. Ele abriu para Sydnei Carvalho e Alex Martinho. Oziel Filho se utiliza de todos os recursos à disposição, e sua composição é completamente conexa e sem exageros. Muito bom gosto para timbres e composições. A musica escolhida, "Wolverine", tem um refrão grudento de dar inveja à Satriani.
Felipe Melanio abriu o workshop de Juninho Afram, e de Sydnei Carvalho com Alex Martinho. Sua composição, "Invisible Poison", é muito interessante, pesada e complexa, de compassos e andamentos alternados, em um tema muito bem elaborado, e dá-lhe fritação! Executa muito tranquilamente sua música, despeja notas limpas, inclusive na velocidade, e com uma boa pegada. Destaque para a união de bends e pegada com toda a velocidade em questão (e não foi pouca).
Notamos que os mais jovens estão com um ímpeto maior de "sair correndo". Mas sem dúvida vale a pena conferir e ficar de olho nos rapazes. Essa turma promete!
Esta matéria tem três partes, pois resolvemos bater um papo, não só com um dos idealizadores da promoção, Sydnei Carvalho, como também, com dois dos vencedores: Ozielzinho, o "guitar hero" da internet, e Felipe Melanio, o segundo mais jovem, mas que toca que nem gente grande!
Nesta primeira parte você confere um papo rápido com, Sydnei Carvalho, guitarrista e consultor do departamento de Marketing da NIG. Na segunda parte, uma entrevista com Felipe Melanio e na terceira com Ozielzinho. Não deixem de conferir.
Technical Difficulties – Qual foi o maior objetivo dessa promoção? Afinal o que mais se tem no mundo são guitarristas!
Sydnei Carvalho – É verdade, mas o objetivo foi trazer a galera nova. Eu acredito que a função do mecenas, ou seja, aqueles que podem promover a arte, é extremamente importante, e sempre foi.
Pra nós é duplamente interessante isso: Primeiro , por que se nós não gerarmos novos ícones nesse mercado, daqui a 10 anos ele estará morto. Daqui a 10 anos temos que ter jovens tocando, mais gente tocando. Isso é extremamente importante. Se esse mercado crescer, todo mundo cresce com ele. Segundo, essa é uma iniciativa que pra empresa gera muito retorno porque todos esses músicos são de várias partes do Brasil. Isso cria uma empatia com a marca. Muitos deles são professores de musica e divulgam nossa marca. Mas acima disso, nosso objetivo é fazer com que esse mercado cresça e continue rodando cada vez mais.
TD – Você ouviu muitos materiais diferentes. O que você tem notado nessa garotada, que enviou? De bom, ou de ruim, de vícios, etc?
SC - Durante seis meses a gente recebeu do Brasil inteiro mais de 800 materiais. Passamos vários meses pesquisando. Eu acho que tem muita gente talentosa. Claro que de todos esses materiais, teve mais materiais ruins do que bons. Mas teve muita gente boa, poderia ter muito mais que 10. No começo iríamos premiar um, mas resolvemos premiar dez, por que tinha muita gente boa!
Mas ainda acho que falta realmente estudo geral no meio da guitarra. Melhorou muito, mas ainda falta bastante formação. Claro que tinha muita gente nova, mas eu ouvi pouquíssimo trabalho de harmonia, pouco trabalho de formação, e a gente está falando da área de rock. Observei muito trabalho de escala, por isso ainda está faltando às pessoas trabalharem mais a composição, mais a harmonia, num sentido geral. Teve muitos talentos, muita gente muito boa, foi muito difícil tirar dez. Foi bem difícil.
TD – Quanto a esses meninos, qual é o tipo de apoio que a NIG está dando?
SC – Bem, eles foram selecionados, entraram no nosso CD, volume 3. O NIG Evolution III saiu com 31.200 cópias de saída e vai ser distribuído no Brasil inteiro. A pessoa compra dois jogos de corda na loja e recebe o CD de graça. Hoje em dia nem artistas renomados saem logo com esse tipo de tiragem! Eles estão com o rosto estampado no estande, na feira, nas propagandas das revistas, no nosso marketing no site, estão se apresentando na feira de musica, junto com os endorsers, ou seja uma grande exposição. Evidentemente receberam cordas, camisetas, todo esse material promocional, e a partir de agora, a gente está conhecendo essas pessoas, de maneira pessoal e a intenção é que comecemos a apoiar essas pessoas. Não formalizar um contrato de patrocino, por que isso é outra coisa, mas dar um apoio e a partir daí estreitar as relações.
TD – Qual é a importância de um endorser para a empresa?
SC - Além do marketing, puramente, eles são os "pilotos de prova". Se a empresa não trabalhar com músicos, ela não pode fabricar coisas para músicos. Os pedais, as cordas, tudo. Os pedais foram desenvolvidos por músicos e têm que estar com os músicos do lado da empresa. [A NIG lançou nesta feira quatro pedais de overdrive] Os músicos vivem dentro das empresas, e eles trazem o mundo da musica pra dentro das empresas. Eles são os pilotos de teste também. Ajudam a desenvolver os produtos.
TD – Você vê esse mercado de bons músicos como rentável, contando que o "mainstream" ou o mercado popular, notoriamente não é conhecido por bons músicos?
SC - Sem dúvida nenhuma. É rentável pros dois lados. Se só dependêssemos do "mainstream" na hora de vender instrumento e equipamento estávamos mortos. Completamente mortos. Essa feira não existiria. Na verdade é o contrário, o "mainstream" não é formador de opinião pro nosso mercado, o "mainstream" não vende as coisas pro nosso mercado. Se eu puser um pedal ou uma guitarra na mão de pessoas que tocam as músicas em evidência, ou populares, não venderemos, não adianta, aliás, é um anti-marketing pra mim! Aqui a gente trabalha com o instrumentista! Isso gera emprego pro instrumentista, pro bom músico, e atinge o consumidor especifico que a empresa quer.
TD – Qual é a importância de um músico ser o responsável pelo departamento de marketing de uma empresa dessas?
SC - Muito importante! Como você vai falar pra uma "tribo" específica se você não sabe a linguagem dela? Se você não está dentro daquele meio, como é que você vai produzir um produto para aquele consumidor? Se você não entende a língua do consumidor, o que o consumidor precisa, a cabeça do consumidor, você não pode fazer marketing pra ele. Ainda mais esse mercado de música que é muito especifico. O guitarrista é uma "tribo" separada do baixista, que também é separada do "baterista". Cada um tem seu linguajar, as suas necessidades, os seus equipamentos. O que a gente tem dificuldade nesse mercado é encontrar alguém que também, além de ser músico, tenha essa formação nessa área de marketing. O que é raro, e na realidade o que eu percebo nesse mercado de música é que faltam pessoas nessa área.
Vencedores do concurso "NIG realiza seus sonhos"
- André Hernandes, 35, São Paulo – SP
- Bruno Albuquerque, 25, Brasília – DF
- Cássio Vianna , 21, Caxias do Sul – RS
- Fábio Romano, 28, Limeira – SP
- Felipe Melanio, 17, Rio de Janeiro – RJ
- Gustavo Guerra, 27, Curitiba – PR
- Lucas Fagundes, 19, Brasília – DF
- Oziel Filho, 26, São Luis – MA
- Ricardo Marins, 29, Niterói – RJ
- Sasha Zavistanovicz, 15, Caxias do Sul – RS
Technical Difficulties
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