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Et Circensis: danças, olhares e corações partidos

Resenha - Homonimo - Et Circensis

Por Taís Bleicher
Postado em 11 de fevereiro de 2008

Em um baile de mascarados, não se viam: Ana, o Galante-capitão, o Namoradinho, a Namoradinha e a Outra. A mesma música, o mesmo refrão, chamava-se "Homônimo". Não era segunda-feira, pois em um projeto para o Congresso Nacional, esse dia tinha saído do calendário. Os nossos personagens dançavam, convidavam à dança, trocavam olhares, derramavam lágrimas, desejavam, ofereciam seus lábios.

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Esse é o cenário de "Homônimo", primeiro CD da Banda Et Circensis. A banda, que surgiu há cerca de cinco anos já se apresentou em inúmeros espaços "alternativos" da cena cearense. Fabrício Vidal (voz e guitarra) e Pablo Huascar (baixo) eram amigos de infância. Gustavo Portela (voz e guitarra) chegou a suas vidas mais tarde, mas esteve em Et Circensis desde o início. No mesmo início em que estavam Pedro Ciarlini (teclado) e Eduardo Pontes (bateria) e que, posteriormente, deixariam o espaço para Aldenor Paiva e Carolina Maia.

O release apócrifo de divulgação da banda foi muito feliz quando diz que não se sabe o que essa banda toca. Segundo Gustavo Portela, em entrevista para o Diário do Nordeste, "Sempre tivemos esta tendência meio cafona, romântica, brega". De fato, quem ouvir o CD "Homônimo", vai imaginar que esses pobres rapazes se encontram perdidos em mar de amor.

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Senão, vejamos. Das dez músicas, nove tratam de encontros e desencontros amorosos.

"Teus sinais" carrega esse quê de brega que Gustavo falou. O refrão de "Me esqueça" entra como uma pancada. Quando o vocalista repete "Sabe quando a gente sonha e acorda sem querer?", é quase como uma violência. Sabemos e não queremos lembrar. Sua voz, ameaçadora, fala diretamente para quem sabe do que ele está falando. O clima de angústia cede lugar à canalha "Nós dois (namoradinha)", que nos brinda com os versos:

"Não deixe sua namoradinha perceber nós dois/
Não deixe que ela perceba que você é meu/
Deixe ela pensando que sabe pra onde você vai"

A canalhice cede lugar à melancolia de "Concreto Demais". "Desespero de cegar", um corpo despedaçado, morte, remontam ao mesmo homem pós-moderno de "Ritos de Passagem", dos Engenheiros do Hawaii, aquele que tem "medo de voltar pra casa / medo de sair de casa / e encontrar tudo no mesmo lugar / medo de abrir os olhos / medo de fechar os olhos / e enxergar o que não quer nem imaginar". Quem sabe, o despedaçamento não aconteceu devido à fuga da linda dama com o galante capitão? Aliás, embora em nenhum momento a banda se refira aos EngHaw, aqui acolá alguma ponte pode ser feita. "Maior suicídio é viver assim" lembra outro melô de neurótico, "Refrão de um bolero", e, inclusive, há em "Homônimo" também espaço para uma "Ana".

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Sem dúvida, e concordando com Dellano Rios, "Noite no Baile" é a melhor música do CD. Algo assim "Conto de verão no. 2", bem Veríssimo. É o tirolês que escreve.

Como dito no início, todas as músicas desse CD poderiam se passar no mesmo baile. Só não "Segunda-feira". A única música do CD que não tem tema amoroso, é o simpático desabafo de alguém que quer tirar a segunda-feira do calendário.

Em suma, podemos dizer que no seu primeiro CD, a banda Et Circensis se coloca entre danças, olhares e corações partidos. É rock, mas não é rock. Fala de amor, mas não é romântico. É outra coisa.

Clique aqui para fazer download do álbum

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