Lemmy Kilmister: a música, as drogas, a família e a morte
Por João Pedro Andrade
Postado em 31 de dezembro de 2015
Ian "Lemmy" Kilmister, membro fundador, vocalista e baixista do Motörhead morreu no dia 28 de dezembro de 2015, apenas 4 dias após seu 70° aniversário, vítima de um câncer, descoberto dois dias antes de seu óbito. A informação foi inicialmente revelada pelo apresentador Eddie Trunk em sua conta no Twitter e logo foi confirmada na página oficial da banda no Facebook.

Ao longo de sua vida, que foi vivida ao extremo - tomando Jack Daniel´s com Coca (a não ser pelos seus últimos dois anos de vida, em que foram substituídos por suco de laranja e vodca, por conta de sua diabetes), fumando Malboro vermelho e dormindo com milhares de mulheres (Keith Richards vezes 10, de acordo com o comediante Jim Florentine), Lemmy ajudou a desenhar o que se entendia por rock n'roll. Foi amado pelo público e odiado pelo mercado, que não podia lhe dizer quem ser ou o que fazer.
E nesse texto, através de 4 tópicos, vamos tentar desvendar um pouco desse personagem tão carismático e complexo.
MÚSICA
Lemmy tinha um jeito único de tocar seu baixo Rickenbacker; usava distorções e fazia acordes, tudo com muita classe. Seu estilo se assemelhava mais à guitarra base de uma banda do que de fato ao baixo. A fusão que a banda fazia entre o rock n'roll cru e a raiva do punk serviu de inspiração para a criação de outros estilos como o speed metal, thrash metal e o hardcore. E o batida rápida com que o Motörhead tocava suas músicas foi um estímulo para uma série de garotos montarem suas bandas; e alguns deles, mais tarde, vieram a arquitetar o futuro do rock, como Metallica, Slayer, Megadeth, Sepultura, Anthrax, Guns n' Roses, Nirvana, Queens of the Stone Age e muitos outros.

E apesar de seu estilo simples de fazer heavy metal, Lemmy falava em todas as suas apresentações "Nós somos o Motörhead, nós tocamos rock n' roll." Isso se dava pela enorme influência que a música feita nos anos 50 por Little Richards e Gene Vicent tinha sobre ele. E talvez seja essa a mistura que fez com que sua música se tornasse tão popular. Alguns dos discos do Motörhead se tornaram grandes clássicos, como Overkill e Bomber (1979), Ace of Spades (1980) e No Sleep 'Til Hammersmith (1981) – a melhor representação do que era a banda ao vivo: músicos tocando desesperadamente e um vocalista que uivava como um animal selvagem.


Lemmy contribuiu ainda com outros artistas, como os Ramones, com a música tributo R.A.M.O.N.E.S., que foi primeiro lançada pelo Motörhead em 1991 e depois pelos próprios Ramones em 1995; e Ozzy Osbourne, que Lemmy contribuiu com uma série de músicas para o disco No More Tears, de 1991, incluindo o single "Mama I´m Coming Home" – que, de acordo com Lemmy, rendeu mais dinheiro para ele do que toda a carreira do Motörhead.

DROGAS

Tomava ácido desde seu período como roadie de Jimi Hendrix. Ele dizia que a droga o tornava mais tolerável às outras pessoas. Tomava tanto ácido que, por vezes,não conseguia achar o palco - e depois que achava precisava que alguém lhe dissesse em qual direção o público estava.
Foi fortemente viciado em anfetaminas, droga que começou a usar ainda nos anos 70 e inspirou o nome da banda (motorhead é o nome dado para o viciado nessa droga); e seu vício foi intensificado para combater o desgaste ocasionado pelas turnês do Motörhead nos anos 80. Há boatos que dizem que Lemmy, uma vez, tomou um saco inteiro da droga junto com tranquilizantes para que não fossem confiscados pela polícia.
No entando, Kilmister se posicionava fortemente contra o uso da heroína, desde que perdeu uma namorada para a droga em 1973. Seu nome era Susan Bennett, uma dançarina de 19 anos, o único amor que Lemmy teve em sua vida. Mais tarde, ele perdeu um amigo ao qual ele emprestou dinhieiro para comprar a droga, mas foi enganado com veneno de rato. Lemmy tinha tanto medo da droga que nunca a experimentou.
FAMILIA
Nascido na véspera de Natal de 1945, seu pai era vigário, prestava serviços à Força Aérea Real e abandonou a familia quando ele tinha apenas 3 meses. Como resultado da ausência do pai, Lemmy se tornou muito próximo à sua mãe e admirou a companhia de mulheres até o fim de sua vida. O encontrou novamente aos 25 anos em Londres. Na ocasião, seu pai quis lhe tirar a idéia de ter uma banda de rock – queria que ele fosse entregador. Lemmy pediu para que ele lhe desse dinheiro para equipamentos novos ou que fosse embora. Ele foi. O fato de seu pai ser da igreja modificou sua maneira de ver Deus e a instuição. Como poderia um homem que vive em constante contato com Deus ter feito ele e sua mãe sofrerem tanto?! Por isso, "Foda-se Deus; foda-se o diabo; e foda-se a igreja. Sou responsável por minha próprias ações. Ninguém me mandou fazer nada. Fui responsável por tudo que eu fiz".

Lemmy teve dois filhos, até onde soube. O primeiro foi dado a adoção, porque a mãe tinha apenas 15 anos e eles não estavam prontos para formar uma família. Ela, anos depois, se tornou assistente social e reencontrou o filho em 2000. Ele foi adotado por um casal de idosos e ela não teve coragem de dizer quem seu pai era. Lemmy não se importava com isso. Dizia que não queria arruinar a vida do filho.


Conheceu seu segundo filho no início da década de 70, quando reencontrou uma ex-namorada. Um garotinho loiro disse a ele "Você é meu pai" e o garoto estava certo. Mas Lemmy não tinha interesse em participar da vida do menino. Paul Inder foi criado pela mãe assim como o pai fora, tornou-se guitarrista, toca melhor que seu genitor, de acordo com o próprio, e tem um excelente senso de humor, que Lemmy diz ser seu legado para o menino. Já adulto, foi convidado a tocar em algumas apresentações do Motörhead, quando, Paul se recorda, foi mencionado como o orgulho do pai.

Lemmy nunca teve relacionamentos longos, nem permitia que seus companheiros de banda e equipe trouxessem as esposas nas turnês. Essas pessoas eram quem Lemmy chamava de família e os defendia como o chefe da matilha ou como um irmão mais velho ou tio desajustado, como o próprio Lemmy se referia a si (no documentário Behind The Music: Motörhead, o baterista Mikkey Dee diz que Lemmy chegava a expulsar pessoas do camarim se desconfiasse que alguém estivesse sendo desrespeitoso.)
MORTE
A morte não o assustava. Em seu funeral ele pediu que tocassem o tema de O Gordo e o Magro. Gostaria de ser lembrado como um homem honesto; um homem de honra (o que de acordo com ele, está fora de questão). Morreu em decorrência de um câncer terminal no cérebro, em casa, jogando video game, enquanto seu agente ligava para os companheiros de Motörhead os convidando para se despedir enquanto Lemmy estava bem.

"A morte é inevitável, né? Você fica mais atento a isso quando chega na minha idade. Eu não ligo. Estou preparado. Quando eu for, eu quero ir fazendo o que faço melhor. Se eu morresse amanhã, não teria do que reclamar. Foi bom."
(Lemmy Kilmister, 1945 – 2015, nasceu para perder e viveu para ganhar)
A♠
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