The Cure: Robert Smith solicitou filmes perturbadores à sua gravadora, em 1992
Por André Garcia
Postado em 25 de dezembro de 2022
Desde que os filmes começaram a ter trilhas sonoras mais elaboradas que os fundos musicais dos filmes mudos, música e cinema se tornaram uma combinação perfeita. Muitos rockstars, quando não estão na estrada, adoram assistir a filmes. Aqui no Whiplash, já mostramos que Paul Stanley se amarra em comédia romântica, Alice Cooper se amarra em suspense e Glenn Danzig é louco por filme de vampiro.
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Conforme publicado pela Classic Rock, este ano foi compartilhado no Twitter a imagem de um inusitado fax enviado em 1992 por Robert Smith, líder do The Cure, para sua gravadora. Fax esse endereçado a Howard Thompson (então chefe de A&R da Elektra Records), era um pedido de uma lista de perturbadores filmes cult de terror.
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"Caro Howard
Espero que esteja tudo bem quando receber este fax! Quero te pedir um favor… Eu esperava ter um dia de folga em Nova Iorque, mas com a adição de Dayton, Ohio e o meet the Winners na MTV, não rolou. Então estou pensando aqui: você poderia arrumar os seguintes VHS para mim? Eles não estão disponíveis no Reino Unido.
Clockwork Orange [Laranja Mecânica]
Driller Killer [O Assassino da Furadeira]
I Spit On Your Grave [A Vingança de Jennifer]
Last House On The Left [Aniversário Macabro]
Blood Sucking Freaks [O Incrível Show de Torturas]
Filthy Rich
Faster, Pussycat! Kill! Kill!
E, talvez, alguns outros que você me recomendar na linha splatter-canibal she-devil!
Eu tenho um aparelho multi-standard, então [o padrão] NTSC não é problema. Estou pedindo a você por ser a única pessoa que consigo pensar que vai saber onde encontrar eles; mas, se não puder, não tem problema. Seja como for, espero te ver no show no Nassau Coliseum.
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Agradeço pelo seu tempo,
Robert (The Cure)"
O gosto de Robert Smith por esse tipo de filme é antigo, segundo o livro A História do The Cure - nunca é o bastante, de Jeff Apter. No começo dos anos 80, o vocalista e seu então melhor amigo Steven Severin (baixista do Siouxsie & the Banshees) passavam dias trancados em algum lugar assistindo filmes de terror perturbadores e usando altas doses de alucinógenos — algo que eles chamavam de "férias químicas".
The Cure
O The Cure surgiu com seu álbum de estreia "Three Imaginary Boys" (1979), que desagradou a Robert Smith por sua sonoridade pop e ingênua. A partir dali, com a sequência, "Seventeen Seconds" (1980), "Faith" (1981) e "Pornography" (1982), a banda se tornou cada vez mais sombria, fúnebre e depressiva, até chegar ao fundo do poço emocional.
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Quando ficou conhecido como uma figura sombria e deprê, o vocalista ressurgiu em meados da década com uma mudança bipolar: sorridente e saltitante, que dançava desajeitadamente cantando canções pop. Dessa forma, ele se tornou uma personalidade a ponto de seu visual inspirar dois dos personagens mais icônicos da cultura pop noventista: Edward (o mãos de tesoura) e Sandman de Neil Gaiman. Em 1992, a banda chegou a seu auge de popularidade com o hit "Friday I'm In Love", e rodou o mundo a lotar estádios.
A seguir, entrando em um inferno astral pessoal, Smith caiu em depressão com a vida de astro de stadium rock. Para piorar, ele ainda foi arrastado aos tribunais em longos e desgastantes processos envolvendo questões empresariais da banda, como pagamento de royalties. "Wild Mood Swings" (1996) foi produzido em meio a tudo aquilo, e detonado como o pior trabalho da banda. Após mais um longo período de inatividade, retornando com o épico "Bloodflowers" (2000).
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"The Cure" (2004) e "4:13 Dream" (2008) mantiveram o alto nível musical, mas sem o irresistível apelo comercial do passado. Após um longuíssimo jejum, finalmente um novo álbum do The Cure, Shows Of A Lost World, foi anunciado. Com lançamento previsto para 2023, rumores indicam que sua turnê passará pelo Brasil.
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