A banda que foi batizada após quase destruírem ponto turístico brasileiro de 1743
Por Gustavo Maiato
Postado em 21 de agosto de 2025
No final dos anos 1980, o pop-rock brasileiro vivia uma fase de expansão e ousadia, com grupos que misturavam humor, teatralidade e refrões marcantes. Nesse cenário, o Inimigos do Rei se destacou com sucessos como "Uma Barata Chamada Kafka", "Adelaide" e "Mamãe Viajandona" — músicas que, além de tocarem nas rádios, se tornaram parte do imaginário da década. O que poucos sabem é que o nome da banda nasceu de um episódio inusitado, quando quase colocaram abaixo um prédio histórico de 1743.


O vocalista Luiz Nicolau contou ao programa Corredor 5 que tudo começou ainda no Garganta Profunda, grupo vocal que muitos deles faziam parte e do qual integrava Paulinho Moska. "No Garganta, o Paulinho aprendeu a fazer arranjo vocal de três vozes. A primeira música que a gente compôs foi ‘Mamãe Viajandona’, que foi a música que estourou no primeiro disco", disse.
Em um show no histórico Paço Imperial, inaugurado em 1743, no Rio de Janeiro, eles se preparavam para tocar "Anéis de Saturno" numa versão punk rock, com banda completa. O entusiasmo na passagem de som assustou a administradora do espaço. "Ela tinha acabado de reformar o piso e falou: ‘Não dá para tocar essa música. Se as pessoas começarem a pular aqui, vai ceder a tábua corrida’", relembrou Nicolau.

Como surgiu o nome "Inimigos do Rei"?
Ainda sem nome, o grupo saiu para lanchar e começou a pensar em alternativas. Foi então que o integrante Guigui (Luiz Guilherme), ex-vereador e anarquista convicto, trouxe a inspiração. "Ele lembrou de um movimento anarquista baiano chamado Inimigo do Rei. Falou: ‘Não querem deixar a gente tocar no Paço Imperial, que é a sala do trono? Então nós somos os Inimigos do Rei’", contou.
De volta ao palco, o maestro Marcos Leite fez a apresentação oficial com o novo nome, e a recepção foi calorosa. "Foi um sucesso, cara. Ninguém pulou, mas ‘Mamãe Viajandona’ e ‘Anéis de Saturno’ funcionaram demais. Meus pais vieram de Brasília, amaram. A gente fazia umas maquiagens de Secos & Molhados, umas coisas malucas assim", recordou Nicolau.

A formação foi ganhando corpo com Marcelo Marques (bateria) e Mocó (guitarra), que já tocavam no Garganta Profunda. "A gente não tinha como pagar músicos contratados, então viramos banda mesmo", explicou o vocalista. O episódio no Paço Imperial acabou se tornando o mito de fundação do Inimigos do Rei — um grupo que fez da irreverência a sua marca.
Confira a entrevista completa abaixo.

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