Os álbuns clássicos do rock que não deveriam ser duplos, segundo Regis Tadeu
Por Gustavo Maiato
Postado em 21 de julho de 2025
Nem sempre mais é melhor — pelo menos quando o assunto são discos duplos no rock. Em uma conversa descontraída e repleta de provocações afiadas, o crítico musical Regis Tadeu revisitou alguns dos álbuns mais celebrados do gênero para levantar uma questão incômoda (mas pertinente): será que todos eles realmente precisavam de dois discos?
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Durante uma live com Sérgio Martins e Fabio Christianini, resgatada pelo canal CortesCrimson, Regis apontou o que considera ser excessos em obras tidas como sagradas. E foi direto ao ponto: existem clássicos do rock que teriam sido melhores se fossem mais curtos. "Tem discos clássicos que são duplos, que a gente brinca que, se fossem simples, seriam uma obra-prima", argumentou Regis. Entre os exemplos citados, dois gigantes do rock foram alvos da crítica.
1. The Beatles – White Album (1968)
Conhecido por sua diversidade estilística, o "Álbum Branco" dos Beatles é celebrado por muitos justamente por ser uma colcha de retalhos sonoros. Mas Regis discorda da mitologia que o envolve: "Se fosse bem peneirado e lançado como disco simples, seria algo no nível do Sgt. Pepper’s." Para ele, o excesso de faixas dilui a força do conjunto e prejudica a coesão artística.

2. Pink Floyd – The Wall (1979)
Outro alvo de Regis foi o "The Wall", projeto grandioso de Roger Waters que mistura ópera rock, crítica social e espetáculo visual. Apesar de reconhecer a força conceitual do álbum, Regis afirma que musicalmente o disco sofre do mesmo mal do "White Album": "Tem algumas faixas ali do The Wall que poderiam ter ficado de fora. É um disco que poderia ser mais conciso."
3. (Menção honrosa) – Outros discos "inchados"
Embora não cite um terceiro disco específico como "culpado", Regis menciona que muitos álbuns duplos lançados ao longo da história sofrem do mesmo problema: são recheados com faixas descartáveis para justificar o formato duplo. Ele destaca que, com o surgimento do CD (que permite mais de 80 minutos de música), esse problema se agravou, já que os artistas passaram a incluir faixas que antes seriam descartadas: "A gente pode colocar as músicas legais... e todas aquelas porcarias que a gente acha que é legal."

Apesar das críticas, Regis também fez questão de exaltar os casos em que o formato duplo é plenamente justificado — como "Physical Graffiti", do Led Zeppelin, e "Blonde on Blonde", de Bob Dylan. Segundo ele, nesses casos, a ambição artística é acompanhada por consistência musical.
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