A diferença fundamental entre Legião Urbana e Barão Vermelho, segundo Marcelo Bonfá
Por Gustavo Maiato
Postado em 21 de julho de 2025
Durante entrevista concedida ao canal Corredor 5, o baterista Marcelo Bonfá refletiu sobre os primórdios do rock nacional e destacou as distinções fundamentais entre a Legião Urbana e o Barão Vermelho — duas bandas centrais na história do gênero, mas com origens e inspirações bastante distintas. Segundo Bonfá, apesar de ambas integrarem o mesmo cenário musical dos anos 1980, suas linguagens artísticas vinham de universos completamente diferentes.
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Bonfá explicou que a Legião surgiu em um contexto muito particular de Brasília, com uma força de discurso que impactou diretamente os integrantes ainda na juventude. "Era tudo muito peculiar… De cara eu vi que aquilo era uma bomba atômica, antes mesmo do primeiro disco. Eu sabia que isso ia explodir", declarou. Para ele, a Legião Urbana representava uma ruptura com a leveza que dominava o rock brasileiro da época, citando a Blitz como exemplo de um "rock feliz" e dizendo que "a única coisa que tinha era a Legião Urbana, para mim".
Ao comparar com o Barão Vermelho, Bonfá foi direto: "O rock aqui [no Rio] sempre vinha do blues, a coisa do Barão… que não tinha nada a ver com o que a gente fazia." Segundo ele, o Barão era mais ligado aos Rolling Stones, enquanto a Legião seguia uma linhagem britânica, com referências mais próximas do pós-punk. "Era outra história, totalmente diferente", resumiu. Ele também mencionou maior identificação com a cena underground paulista da época, citando bandas como Inocentes, Mercenárias e Azul 29 como afinidades estéticas mais próximas.
Confira a entrevista completa abaixo.
Marcelo Bonfá e o rock de Brasília
Em outro trecho da entrevista, Marcelo Bonfá refletiu sobre as origens do rock de Brasília e a influência decisiva do punk na formação da sonoridade da Legião Urbana e das bandas da cena local. Segundo ele, foi o impacto dessa nova música — crua, urgente e contestadora — que despertou seu interesse pela bateria. "Na verdade foi por causa do punk mesmo, do punk rock...", comentou, relembrando o momento em que viu esse movimento começar a tomar forma na capital.
Brasília tinha uma cena musical tímida nos anos 1970, mais voltada ao rock progressivo e ao universo hippie, mas tudo começou a mudar com a chegada de jovens de outras cidades — filhos de funcionários públicos transferidos para o Planalto Central — que traziam na bagagem discos importados. "O André Miller trouxe uma batelada de discos", contou Bonfá, citando o baixista da Plebe Rude. "O Renato tinha alguns discos também e a gente conhecia a galera da embaixada." Foi assim que começaram a ouvir Sex Pistols, Ramones e outras bandas seminais — uma descoberta transformadora em uma época sem internet, em que tudo circulava por vinil e fitas cassete.
Ele também lembrou com carinho dos primeiros contatos com a bateria, nos ensaios do Aborto Elétrico — banda que antecedeu a Legião Urbana e reunia nomes como Renato Russo, Fê Lemos e Flávio Lemos. "O Fê deixava eu chegar perto da bateria dele... me deixou duas vezes tocar", contou, emocionado. Em um desses momentos, durante um show no colégio americano, ele bateu simultaneamente no hi-hat e na caixa, e a vibração do som o marcou profundamente: "Pronto, cara, eu tenho poder aqui agora". Para Bonfá, a descoberta da música na juventude representava mais do que expressão artística — era uma forma de poder e transformação pessoal.
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