Os 31 músicos mais importantes da história do rock brasileiro
Por Bruce William
Postado em 14 de julho de 2025
Listas sempre geram discordâncias, ainda mais quando envolvem um universo tão diverso e fragmentado quanto o do rock brasileiro. Esta seleção busca reunir 31 nomes fundamentais que não apenas fizeram sucesso - alguns talvez nem tanto - mas também ajudaram a moldar o som, a atitude e a identidade do rock feito no Brasil, independente de ter elementos do país ou de apenas replicar o que foi feito lá fora, mas, no caso de alguns, como uma pitada de brasilidade para dar um tempero extra no resultado final.
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São artistas que, em diferentes momentos e estilos, representaram avanços reais para o gênero: da explosão inicial nos anos 60 à consolidação nos anos 80, do peso do metal à força das periferias nos anos 2000. Foram considerados músicos com trajetória consistente dentro do rock, impacto duradouro e relevância criativa, seja em bandas, em carreira solo ou nos bastidores da transformação sonora do país.
Naturalmente, nem todo mundo está aqui. Algumas ausências serão sentidas, seja por critérios de foco ou de corte. Entre elas estão nomes como Wanderléa, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Rogério Duprat, que estiveram próximos do rock em momentos cruciais, mas transitaram principalmente por outros territórios musicais. Figuras como Evandro Mesquita (importante na abertura dos anos 80, mas com trajetória mais pop-teatral), Paulo Ricardo (fase roqueira pontual com o RPM, sem continuidade relevante para o gênero), Kiko Loureiro (guitarrista brilhante, mas já há dois representantes do Angra na lista), Rodolfo Abrantes e Digão (vivenciaram o auge dos Raimundos, mas não sustentaram relevância posterior), e Serguei (mais figura folclórica do que músico de legado consistente) acabaram sendo cortados na reta final, não por falta de merecimento mas sim por ausência de espaço na lista.

O mesmo vale para nomes como Dinho Ouro Preto, Zé Rodrix, Rolando Castello Júnior (Patrulha do Espaço), Philippe Seabra (Plebe Rude), Redson (Cólera) e Nasi (Ira!) que também também saíram na triagem final, assim como bandas importantes que não estão diretamente representadas por membros na lista, como The Jet Blacks, A Bolha, O Peso, Terreno Baldio, Patrulha do Espaço, Golpe de Estado, Dr. Sin, Smack, Krisiun, Torture Squad, Tihuana, Garage Fuzz, entre tantas outras que marcaram época e ajudaram a construir os alicerces - ou abalar as estruturas - do rock nacional.
Esta talvez não seja uma lista definitiva, mas com certeza não está muito longe do que seria essa tal lista, pois é uma tentativa honesta de reconhecer quem realmente deixou sua marca na história do rock brasileiro, com 31 nomes escolhidos a dedo - alusão ao dia 13 de julho, quando é comemorado o dia do rock no Brasil. Independente de apoiar ou não a data, ou até mesmo de achar que não passa de uma bobeira, não há como não considerar a importância simbólica que ela ganhou ao longo dos anos como um ponto de encontro para celebrar o gênero, relembrar trajetórias marcantes e reacender debates que o rock - com todos os seus ruídos e contradições - nunca teve medo de provocar.

Celly Campello
Considerada a pioneira do rock no Brasil, estourou no final dos anos 1950 com músicas como "Estúpido Cupido". Certamente a artista mais "light" de todos aqui presentes, mas não se engane: ela possui um papel fundamental na história do gênero no país, seria uma falta de respeito muito grande não tê-la aqui nessa lista.

Roberto Carlos
Alguns reclamarão que muitos ficaram de fora por não seguir uma carreira consistente dentro do rock. Mas RC é um caso à parte; antes de se tornar sinônimo de música romântica, foi um dos grandes nomes da Jovem Guarda e ajudou a popularizar o rock entre os jovens brasileiros dos anos 1960. A fase roqueira durou pouco, é verdade, mas foi intensa o suficiente para consolidar a base de tudo que viria depois. Sem ele, a história teria outro rumo.


Erasmo Carlos
Figura central da Jovem Guarda e parceiro de Roberto Carlos em dezenas de composições, Erasmo foi mais longe dentro do rock do que muita gente lembra. Manteve o espírito rebelde em discos como "Carlos, Erasmo..." e nunca deixou de flertar com guitarras, distorção e liberdade criativa. Se o Roberto foi o rosto e está aqui, Erasmo foi a alma roqueira do movimento, e não pode ficar de fora.


Rita Lee
Muito antes de ser reconhecida como a "rainha do rock brasileiro", Rita já estava rompendo padrões com os Mutantes - a única banda a ter todos seus integrantes aqui na lista, tamanha sua importância. Misturou psicodelia, ironia, transgressão e senso pop como ninguém. Em carreira solo, levou o rock para o grande público com hits que marcaram gerações, sem jamais perder a irreverência e o espírito contestador.


Arnaldo Baptista
Multi-instrumentista, compositor e mente inquieta dos Mutantes, foi o responsável por empurrar os limites do rock psicodélico brasileiro. Misturou Beatles, música erudita, sintetizadores e delírio criativo em (poucos) discos que continuam desafiando qualquer classificação. Seu legado é tão denso quanto seu talento, e ainda ecoa em muita coisa feita até hoje.
Sérgio Dias
Guitarrista dos Mutantes, foi o responsável por levar o som da banda a terrenos cada vez mais ousados e técnicos, especialmente após a saída de Rita. Abusou de timbres, distorções e improvisos com uma abordagem que unia psicodelia, progressivo e virtuosismo. Sustentou o nome Mutantes por décadas, mesmo que com altos e baixos, mas sem nunca abandonar a guitarra e o rock'n'roll.

Lanny Gordin
Provavelmente o músico mais desconhecido de toda a lista, o que não desmerece em nada sua importância. Lanny foi o guitarrista dos discos mais ousados da Tropicália e do pós-tropicália, gravando com Caetano, Gil, Gal, Mutantes e muitos outros. Introduziu distorções, efeitos e improvisos vindos do jazz e do psicodelismo com uma naturalidade que ainda hoje impressiona. Seu som era muito mais à frente do que o país estava pronto para ouvir. Um dos gênios mais subestimados do nosso país.
Raul Seixas
Figura única e imprescindível na história do rock brasileiro, misturou baião, rock'n'roll, ocultismo, ironia e filosofia de boteco como ninguém. Criou um universo próprio, onde Elvis encontrava Aleister Crowley e Lampião. Ídolo cultuado, rebelde até o fim, suas letras atravessam gerações e continuam sendo redescobertas como se tivessem sido escritas ontem. Quanto mais o tempo passa, mais percebemos o quão genial ele era.


Sérgio Hinds
Guitarrista e membro central do O Terço, banda que ajudou a consolidar o rock progressivo no Brasil nos anos 70. Com influências de Yes, Genesis e do som setentista em geral, construiu arranjos elaborados e atmosféricos que resistem ao tempo. Manteve o nome da banda vivo por décadas, mesmo com formações variadas.
Luiz Carlini
Guitarrista do Tutti Frutti e dono de um dos solos mais emblemáticos do rock brasileiro, em "Ovelha Negra". Foi peça-chave ao lado de Rita Lee na construção de um som mais pesado e direto nos anos 70. Também tocou com diversos artistas e bandas, mantendo sempre a guitarra como centro da sua identidade musical. É referência obrigatória quando se fala em guitarra no Brasil.

Oswaldo Vecchione
Baixista, vocalista e líder do Made in Brazil, banda que atravessou décadas sem jamais abrir mão da pegada crua e direta do rock de garagem. Oswaldo segurou as pontas enquanto tudo mudava à sua volta, mantendo vivo o espírito das ruas, dos bares e da contracultura. É sinônimo de resistência no rock nacional.
Manito
Embora o Som Nosso de Cada Dia tenha sido fundado e liderado por Pedro Baldanza - outra grande personalidade do nosso rock - foi Manito quem acabou ficando mais famoso, tanto pelo passado com Os Incríveis quanto pela sua habilidade como multi-instrumentista. No SNCD, mostrou um lado progressivo e ousado, tocando teclados e sax com sofisticação. Transitava com naturalidade entre o rock, o jazz e a psicodelia, deixando sua marca onde quer que passasse.

Pepeu Gomes
Um dos maiores guitarristas da história da música brasileira, Pepeu uniu a sofisticação técnica do jazz-rock com a malemolência da música brasileira sem nunca deixar de lado a energia do rock. Nos Novos Baianos, ajudou a criar um dos sons mais originais que o país já ouviu. Em carreira solo, mostrou que conseguia ser ao mesmo tempo virtuoso, popular e inventivo. Suas performances ao vivo e discos dos anos 80 são lições de musicalidade e liberdade artística. Quando disse que "tinha orgulho de ser brega", estava na verdade dizendo que não aceitava rótulo nenhum.
Lobão
Começou como baterista do Vímana, mas foi na carreira solo que realmente cravou seu nome no rock brasileiro. Misturou peso, crítica social, poesia urbana e caos, tudo com personalidade e voz própria. Ídolo incômodo, nunca se esquivou de polêmicas nem tentou agradar ninguém. Seus discos dos anos 80 e 90 são repletos de ideias ousadas, melodias marcantes e letras afiadas. Um dos raros casos em que o personagem é tão barulhento quanto a música - ou até mais, talvez. E isso não é um defeito.


Marcelo Nova
Líder do Camisa de Vênus, sacudiu os anos 80 com letras ácidas, críticas e cheias de ironia. Levou o rock direto e cru para o mainstream sem abrir mão do deboche nem da sujeira. A parceria com Raul Seixas no final da década selou um capítulo importante da história do gênero no Brasil. Seguiu em carreira solo com a mesma postura combativa, sem medo de cutucar feridas, nem de incomodar. É um sobrevivente que nunca pediu licença.

Renato Russo
Líder da Legião Urbana e responsável por algumas das letras mais marcantes da história do rock brasileiro. Dono de uma sensibilidade rara e de um senso de urgência quase profético, costurou poesia, política, angústia existencial e romantismo sem nunca soar artificial. Ídolo de gerações, criou canções que continuam servindo de espelho e consolo para milhões de pessoas. Foi mais do que um cantor ou compositor, foi uma voz que ainda ressoa alto, mesmo décadas depois de ter se calado.


Herbert Vianna
Guitarrista, vocalista e compositor dos Paralamas do Sucesso, Herbert sempre soube equilibrar potência e melodia, rock e brasilidade. Ao lado de Bi Ribeiro e João Barone, ajudou a criar um som com identidade própria, misturando reggae, pop, ska e guitarras afiadas. Suas letras transitam entre o pessoal e o político com naturalidade. Após o acidente que o deixou paraplégico, seguiu compondo, tocando e mostrando que força também é sinônimo de resistência artística.
Branco Mello
Neste espaço ele representa o Titãs como um todo, uma das bandas mais importantes da história do rock brasileiro, que não poderia ficar de fora da lista mas, ao mesmo tempo, não teria como colocar todos seus integrantes aqui. Entre tantos de destaque que passaram pelo grupo, a escolha recaiu sobre Branco por um motivo simples: ele está lá desde o começo, segurou todas as fases, nunca saiu e ajudou a construir a identidade da banda tanto no som quanto na atitude. Enquanto nomes como Arnaldo Antunes e Nando Reis seguiram trajetórias próprias fora do grupo e são mais conhecidos, foi Branco quem manteve a chama acesa até hoje. Pode não ser o mais midiático, mas é o mais constante dentro do grupo, e por isso ele foi o escolhido.

Roger Moreira
Líder do Ultraje a Rigor, levou para o grande público um rock debochado, direto e cheio de crítica social. Com letras sarcásticas e refrões grudentos, ajudou a abrir espaço para um tipo de rock mais irreverente nos anos 80. "Nós Vamos Invadir Sua Praia" é até hoje um dos discos mais emblemáticos da época. Roger pode ser considerado por muitos como um personagem polêmico fora do palco, mas como letrista e frontman, não há como negar que ele cravou seu lugar na história do rock nacional.
Edgard Scandurra
Guitarrista e compositor do Ira!, foi responsável por alguns dos riffs mais marcantes do rock brasileiro dos anos 80. Com uma pegada agressiva e um senso melódico preciso, ajudou a dar ao Ira! sua identidade sonora única. Também participou de outros projetos paralelos e colaborações importantes, sempre mantendo o espírito roqueiro pulsando alto. Discreto fora dos holofotes, mas gigante quando empunha uma guitarra.

Cazuza
Poeta visceral, vocalista do Barão Vermelho e depois artista solo de enorme impacto, Cazuza viveu e cantou com intensidade tudo o que acreditava. Suas letras misturam amor, rebeldia, fragilidade e crítica social com uma franqueza que ainda hoje incomoda e encanta. Foi um dos primeiros a transformar a dor em arte sem filtros, e pagou o preço por isso. Ícone de uma geração, deixou uma obra que continua urgente, viva e profundamente humana.


Frejat
Parceiro de Cazuza no início do Barão Vermelho e líder da banda após sua saída, Frejat sempre foi o esteio musical do grupo. Guitarrista sólido, compositor talentoso e dono de uma voz marcante, também seguiu em carreira solo com foco no blues, rock e baladas. Tem aquele perfil que muitos consideram o estereótipo do artista roqueiro: cabelo, guitarra, atitude e consistência. Pode não ser explosivo como seu antigo parceiro, mas sua trajetória é firme, respeitável e cheia de grandes canções.
Humberto Gessinger
Compositor, vocalista, baixista e guitarrista, tudo isso ao mesmo tempo e com uma identidade única. Liderou os Engenheiros do Hawaii com letras que transitavam entre filosofia, política e confissões pessoais, sempre embaladas por arranjos bem construídos e melodias marcantes. Nunca teve medo de parecer intelectual demais ou pop demais. Fez o que quis, do jeito que quis, e criou um estilo inconfundível que rendeu discos e canções que seguem sendo redescobertos geração após geração.

João Gordo
Vocalista do Ratos de Porão, foi (e ainda é) a cara do punk e do hardcore no Brasil. Com voz rasgada, presença de palco avassaladora e atitude que nunca foi decorativa, Gordo representou o grito sujo das ruas, dos porões e das contraculturas. Misturou punk com metal, se enfiou na televisão sem deixar de ser ele mesmo e seguiu sendo uma figura contestadora e barulhenta, no melhor sentido possível. Um dos raros casos em que a postura e o som estão perfeitamente alinhados.
Max Cavalera
Fundador do Sepultura, Soulfly e Cavalera Conspiracy, Max foi o responsável por transformar o metal brasileiro em exportação de primeira linha. Com timbre inconfundível, postura agressiva e composições que misturam brutalidade com crítica social, ele levou o som pesado do Brasil para os palcos do mundo. Mesmo fora do Sepultura, continuou fazendo música intensa e relevante. Não há como negar: ele é o maior nome do metal brasileiro no exterior, e seu nome faz parte do gênero em nível mundial.


Andreas Kisser
Entrou no Sepultura no disco "Schizophrenia" e rapidamente se tornou peça-chave na evolução musical da banda. Com ele, o som ficou mais técnico, mais ousado e mais global. Seguiu segurando a guitarra e o nome do grupo mesmo após a saída dos irmãos Cavalera, mantendo a banda ativa e respeitada até hoje. Um dos guitarristas mais consistentes e versáteis do metal nacional.
Andre Matos
Vocalista de voz inconfundível e técnica refinada, foi o nome por trás do sucesso internacional do Angra nos anos 90. Antes disso, já havia deixado sua marca no Viper, e depois seguiria no Shaman e em carreira solo. Com influências que iam da música erudita ao metal melódico, Andre ajudou a criar um som sofisticado e acessível ao mesmo tempo. Era culto, preciso e intenso, e sua ausência ainda é sentida em toda uma geração de fãs e músicos, que se referem a ele com respeito e reverência como "Maestro".

Rafael Bittencourt
Fundador, guitarrista e principal compositor do Angra, foi o responsável por manter a banda viva e criativa ao longo de décadas. Mesmo com trocas de formação e mudanças no cenário musical, Rafael segurou as rédeas com consistência, sensibilidade e foco. Pode não ser o mais famoso ou o mais habilidoso músico que passou pela banda, mas é o pilar que manteve o Angra de pé até hoje, e isso é motivo mais que suficiente para justificar sua presença nesta lista.
Chico Science
Líder do movimento manguebeat, Chico Science reinventou a música do Recife ao misturar maracatu, rock, rap e crítica social com uma força criativa que parecia não ter limites. Com a Nação Zumbi, criou uma sonoridade única e profundamente enraizada na cultura do passado, mas ao mesmo tempo moderna e universal, apontando para a cultura do futuro. Faleceu jovem, mas deixou um legado enorme, que continua inspirando músicos muito além das fronteiras do rock. Sua trajetória foi como a passagem de um cometa que deixou um rastro de originalidade, atitude e visão artística além da curva.
Pitty
Surgiu no começo dos anos 2000 como uma das poucas vozes femininas no rock nacional a conquistar o grande público com peso, atitude e conteúdo. Misturou influências do grunge, do hard rock e da música brasileira em letras diretas, viscerais e bem construídas. Ganhou respeito tanto do público quanto da crítica e se manteve relevante ao longo dos anos com consistência artística. Em um cenário dominado por bandas masculinas, mostrou que presença e força não têm gênero.
Chorão
Fundador, letrista e vocalista do Charlie Brown Jr., foi a voz de uma geração que cresceu entre o skate, a quebrada e o rock alternativo. Misturou rap, hardcore, reggae e emoção crua em letras que falavam direto com quem se sentia à margem. Chorão não era só atitude, era sentimento, angústia, revolta e amor no mesmo verso. Viveu no limite e deixou um rastro de autenticidade que ainda reverbera em todo artista que tenta ser verdadeiro. Amado por muitos, criticado por outros tantos, ou seja: polêmico e controvertido como todo roqueiro de verdade que se preza, possivelmente o nome mais que perfeito para encerrar uma lista como essa.
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