"Asking For A Ride" é ótimo, mas mostra que o White Reaper pode fazer mais
Resenha - Asking For A Ride - White Reaper
Por Patrick Raffael Comparoni
Postado em 03 de fevereiro de 2024
Nota: 7
Se estiver escutando White Reaper pela primeira vez com o álbum "Asking For A Ride", a primeira faixa, homônima, dará a equivocada impressão de que se trata de uma banda de skate punk. Se, porém, escutar atentamente, sem precipitar conclusões, você perceberá que está conhecendo uma banda que não toca somente este ou aquele ramo associado ao punk rock melódico. Um notável apelo pop, vocais joviais e um empolgante solo de guitarra indicam que "Asking For A Ride" pode entregar mais do que a revelação parcial da faixa de abertura permite perceber.
Na sequência do álbum, "Bozo" e "Fog Machine", duas das três melhores faixas, exploram mais enfaticamente nuances reveladas em sua antecessora "Asking For A Ride". Uma sonoridade descolada, que transmite um frescor juvenil, marcada por um indie rock descompromissado, vai transportar você quase vinte anos atrás aos ingleses do The Kooks, com seu debut "Inside In/Inside Out".
Se, com o The Kooks, essa sonoridade gera um certo guilt pleasure ao qual você talvez não queira se entregar, sua baixa dosagem no som do White Reaper deixa as coisas mais interessantes do que o pontapé "Asking For A Ride". Caso, contudo, queira mais da sonoridade que só pôde ser percebida como ao espiar uma bela paisagem por uma porta entreaberta, você se encontrará fazendo um detour, ouvindo faixas como "Sofa Song" e "Ooh La", do The Kooks.
Vale a pena, porém, voltar a "Asking For A Ride" para descobrir o que mais o White Reaper oferece. Após notar a influência de Thin Lizzy em "Fog Machine", você encontrará "Getting Into Trouble W/ The Boss", que completa a melhor trinca do álbum. A faixa, desde os efeitos à lá disco que lhe dão início, tem um ar dos anos 1980 que oferece ecos do calibre de um The Police.
O restante do álbum ainda oferece algum divertimento. Os riffs mais "pesados" de "Funny Farm", por exemplo, ajudarão você a perceber que sua vaga familiaridade com os vocais de White Reaper talvez venha do emo rock do Emanuel. Se estiver se sentindo nostálgico, você talvez se encontre fazendo um segundo detour, ouvindo o álbum "Soundtrack To A Headrush", de 2005, apenas para se dar conta de que as semelhanças são muito sutis, talvez limitadas aos riffs de "Funny Farm" e aos vocais melódicos de ambas as bandas. Diferentemente de Emanuel, o White Reaper sequer ameaça se envolver com a mínima dose de screamo.
"Pink Slip" e "Pages" vão retomar aquela sonoridade que nos levou ao The Kooks. A primeira é a faixa que mais se aproxima de alcançar o mérito dos destaques "Bozo" e "Fog Machine", enquanto a segunda, com violões, é provavelmente a faixa que mais se assemelha, de fato, ao debut da banda inglesa. "Heaven Or Not", por sua vez, ecoa os anos 1980 mais uma vez no álbum do White Reaper.
Embora se trate de um álbum muito bom, o veredicto, infelizmente, é de que o White Reaper deixou para entregar todo o potencial que vislumbramos nas três melhores faixas de "Asking For A Ride" em um álbum no futuro.
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