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Red Hot Chili Peppers: O pior trabalho da banda?

Resenha - Getaway - Red Hot Chili Peppers

Por Eduardo Quagliato
Postado em 12 de julho de 2016

Nota: 3 starstarstar

Há alguns meses, quando fui escrever uma resenha sobre o então novo disco do Iron Maiden ("The Book of Souls", leia no link abaixo), fui surpreendido com um ótimo trabalho, de uma das minhas três bandas favoritas, e da qual eu já não esperava muita coisa.

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Agora, com "The Getaway", novo álbum dos Red Hot Chili Peppers (outra banda que está no meu "Top 3" – a faltante é o Metallica), a situação foi, de certa forma, inversa: eu tinha esperança de escutar algo melhor que o último registro de estúdio (o apenas regular "I'm With You", de 2011), pois o guitarrista Josh Klinghoffer já não é um novato e eu achava que, naturalmente, a banda estaria mais entrosada e evoluída. Além disso, pensei que a mudança de produtor – a primeira desde 1991! – talvez pudesse injetar um novo gás no quarteto, que já conta com três cinquentões (Anthony Kiedis, Flea e Chad Smith)...
Porém, é com pesar que, depois de ter ouvido o disco três vezes e feito minhas anotações, chego à seguinte conclusão: este é um dos piores discos do RHCP. Talvez, o pior.

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Quando soltaram a primeira música, "Dark Necessities", algumas semanas antes do lançamento do álbum, eu pensei: "Nada grandioso, mas não é uma música ruim... E até que tem um refrão legalzinho!". Apesar disso, logo de cara, duas coisas negativas me chamaram a atenção: uma, a bateria bastante "tímida" (presto muita atenção nesse instrumento, pois sou baterista e Chad Smith é uma das minhas maiores influências); a outra, aquela sensação que já permeava todo o "I'm With You": a banda não parece ter um guitarrista, e sim apenas um cara que faz "barulhinhos" com o instrumento...
"Mas calma, é só a primeira música! O resto do disco pode ser diferente"... SÓ QUE NÃO.
Esse primeiro single é, justamente, o que há de melhor no álbum inteiro. Aliás: o que há de menos pior nele.
"The Getaway" não parece um disco do RHCP, que sempre foi uma banda bastante competente e que mesmo em lançamentos não tão inspirados, nunca deixou de apresentar ao menos algumas boas músicas. Mas o novo álbum é sonolento, desanimado, repetitivo... E é muito evidente que o rock and roll passou longe daqui, pois o que temos é uma produção – pasmem – pop/indie/eletrônica (!!).

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O estranhamento já começa na faixa-título. Trata-se de um popzinho bem água-com-açúcar, marcado integralmente com uma percussão eletrônica que mescla uma batidinha de "beat box" (!) a uma bateria quase imperceptível. E lá está Josh Klinghoffer fazendo as únicas coisas que parece saber fazer: tocar uma guitarra que se resume a "barulhinhos", sem peso e sem presença, e fazer backing vocals que soam como uma garotinha pré-adolescente cantando. Péssimo início, ainda mais pra uma banda que já teve músicas de abertura como "The Power of Equality", "Around The World", "By The Way" e "Dani California".
A segunda faixa é "Dark Necessities", na qual se destacam, além das características já mencionadas, os famosos slaps de Flea e a levada no piano, que ficou interessante. Música mediana-para-boa, mas constatar que esse é o ponto mais "alto" do disco é, no mínimo, decepcionante…
"We Turn Red" tem até um quê do RHCP antigo, por causa do riff funkeado e da bateria quebrada que lembram, de longe, algo do "Blood Sugar Sex Magik" (mas com um ritmo mais cadenciado). No entanto, o refrão acústico é um repentino anticlímax, que acaba comprometendo a música.
A banda sempre foi muito boa em produzir boas baladas (vide "Under The Bridge", "Otherside", "Desecration Smile" e tantas outras), e a intenção com a lentinha "The Longest Wave" certamente era essa. Porém, não passa de mais uma composição pouco inspirada e com uma bateria preguiçosa, que poderia ser tocada sem dificuldades por qualquer criança de três anos de idade.
"Goodbye Angels" também começa lenta, mas depois cresce e no fim muda totalmente, com uma barulheira que até chama um pouco a atenção, marcada por fortes slaps de Flea e a guitarra com timbres esquisitos do igualmente esquisitão Josh.
"Sick Love" conta com Elton John no piano e tem aquela levada "malandra" nas seis cordas, característica das épocas de John Frusciante na banda – me lembrou um pouco a guitarra de "Trouble In The Pub", uma música não lançada da era "Californication". Entretanto, é mais uma que peca pelo refrão insosso.
"Go Robot": essa bateriazinha eletrônica já tá ficando insuportável! Sem falar que, das seis músicas até aqui, já deve ser a quarta ou a quinta que tem sons de "palminhas" ao fundo. Além disso, o que também já não é nenhuma novidade: guitarra quase inexistente e, para preencher o vácuo sonoro, diversos efeitos eletrônicos. Haja saco!
A sequência vem com "Feasting On The Flowers", outra musiquinha com vários dos "inhas" que já estão manjados: levinha, com uma batidinha sem graça e os típicos barulhinhos de Josh. É, tá ficando feio…
"Detroit" e "This Ticonderoga" dão uma levantada nas coisas, pois têm alguns elementos do RHCP antigo (sobretudo a guitarra) e são as mais pesadas do disco - o que não quer dizer que são, necessariamente, pesadas, nem que são músicas realmente legais. A última, ainda, peca com mais um refrão chato à base de piano.
"Encore" mete o pé no freio de novo, com melodias tristes e atmosféricas. A música até desperta um certo grau de interesse, mas ao mesmo tempo irrita porque não tem bateria, mas tem adivinhe o que? As onipresentes PALMINHAS!!
O disco vai chegando ao fim com "The Hunter", MAIS UMA – acredite se quiser! – faixa lenta, com piano, notas tímidas de guitarra e quase sem bateria... Já deu, né?!
A última, "Dreams Of A Samurai", é a música mais longa do disco. Meio confusa, com uma introdução atmosférica, piano (instrumento que, como se vê, se tornou mais presente que a guitarra no som da banda), e depois algumas partes barulhentas. É a ÚNICA faixa onde Chad Smith aparece um pouquinho mais, com alguns ritmos quebrados e viradas em sua bateria.

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E acabou. Não digo que foi um martírio, porque é claro que existe coisa muito, muito pior por aí. Mas que "The Getaway" é uma chatice, isso é – sobretudo para um fã que curte RHCP desde moleque (fim dos anos 90, no meu caso) e conhece bem a imensa obra da banda.
Falar que John Frusciante é insubstituível é chover no molhado. O cara era, sim, um gênio, e quem, como eu, teve o privilégio de vê-lo ao vivo com o RHCP, sabe muito bem a falta que o guitarrista faz. Com a sua saída, coube à banda a dura missão de encontrar alguém à altura do posto, mas infelizmente, em vez de buscar com cuidado um músico que ao menos tivesse personalidade suficiente para fazer-se notar, o RHCP optou por facilitar e efetivou Josh Klinghoffer, que já os acompanhava como músico de apoio nos shows da turnê do "Stadium Arcadium" e era amigo de Frusciante.
E, como dito anteriormente, em vez de procurar evoluir e se entrosar melhor no som da banda em seu segundo trabalho com ela, o guitarrista seguiu com seus simples "barulhinhos" no instrumento, sem feeling nenhum, e com seus backing vocals igualmente irritantes, sendo um mero coadjuvante – mesma posição à qual, vergonhosamente, Chad Smith foi reduzido. A propósito, me pergunto como este, um dos melhores bateristas do mundo e membro do RHCP há tanto tempo, se prestou a um papel tão apagado, sendo quase substituído por uma reles bateria eletrônica de mesa...
Até mesmo a espinha dorsal da banda, formada por seus dois membros fundadores, parece estar cansada em "The Getaway". Anthony Kiedis arriscou pouco, cantando na maior parte em mono tom e escrevendo letras fracas e repetitivas sobre o término de seu relacionamento com uma mulher mais de 30 anos mais nova; Flea, um dos grandes gênios do baixo e o músico que leva a banda nas costas (principalmente desde que John Frusciante saiu), chama a atenção em muito menos momentos do que o habitual.
O produtor Danger Mouse veio para terminar a caca. Em entrevistas, foi revelado que quando o RHCP o chamou, já havia músicas escritas suficientes para o novo disco. No entanto, ele quis que a banda voltasse à estaca zero e compusesse faixas novas sob a sua batuta, vindo, inclusive, a assinar a coautoria de algumas delas. Porém, o resultado foi esse que está aí, me levando a pensar duas coisas: primeiro, será que o disco "esquecido" não era melhor? Segundo, como em time que está ganhando não se mexe, não seria melhor manter o bom e velho Rick Rubin na produção?
Há na internet algumas resenhas positivas para o álbum. Acredito que pode ser, sim, que tenha gente que venha a curti-lo, já que tem gosto pra tudo. Mas, sinceramente, suspeito da imparcialidade daquelas que estão rasgando elogios a "The Getaway", pois para uma banda com o currículo do RHCP, é inegável que este é um trabalho muito inferior à média. Afinal, "salta aos ouvidos" como não há nele nenhuma música com cara de hit e/ou candidata a clássico, e tudo aquilo que sempre caracterizou bem o som do quarteto californiano (músicas alegres, belas baladas, baixo alucinante, melodias marcantes, letras sacanas, solos cheios de feeling, etc.) parece ser coisa do passado.

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1. "The Getaway" 4:10
2. "Dark Necessities" 5:02
3. "We Turn Red" 3:20
4. "The Longest Wave" 3:32
5. "Goodbye Angels" 4:29
6. "Sick Love" 3:41
7. "Go Robot" 4:24
8. "Feasting on the Flowers" 3:23
9. "Detroit" 3:47
10. "This Ticonderoga" 3:35
11. "Encore" 4:15
12. "The Hunter" 4:00
13. "Dreams of a Samurai" 6:09

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