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Aerosmith: novo álbum, velha receita!

Resenha - Music From Another Dimension! - Aerosmith

Por Ronie John
Postado em 12 de novembro de 2012

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

Após um hiato de mais de dez anos sem lançar um disco autoral, o Aerosmith ressurge com seu novo trabalho, "Music From Another Dimension!", com 15 faixas que claramente refletem os 40 anos de carreira da banda, passeando entre o hard-rock cru dos anos setenta e as baladas açucaradas dos noventa.

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Uma semana antes do lançamento oficial (06 de novembro), com um pouquinho de boa vontade, já era possível de se encontrar o álbum para download na integra, sendo que diversas faixas já estavam na web disponibilizadas pela própria banda.
"Luv XXX" abre o trabalho em grande estilo. Kramer introduz na bateria e Joe e Brad enchem nossos ouvidos com um riff estonteante e confuso, que quando ouvido em um bom fone te arranca um belo sorriso do rosto. A voz de Steven surge com o que talvez seja uma referência aos Beatles, quando canta "Hello" introduzindo a primeira parte da música, e "Good Bye" no início da segunda parte. Talvez isso fique mais notável ao constatarmos que Julian Lennon (sim, filho do próprio), participa nos vocais de apoio nesta.

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"Oh Yeah" talvez seja um dos tiros mais certeiros do quinteto de Boston neste trabalho. Um rock simples, com vocais que quase não exige esforço de Mr.Tyler, muito bem complementados com vocais femininos como os Stones costumam utilizar com maestria.

"Bealtiful" tem uma pegada interessante. Com riffs e levada características do grupo, com uma guitarra base interessante sob a voz estridente de Tyler que exibe seu swing característico. Enquanto rock, lembra a era Get a Grip, e quando chega no refrão quase que de balada, a levada poderia ser caracterizada como um resquício evoluído de Just Push Play.

"Tell Me" é a primeira das seis baladas do álbum. Na minha opinião a mais fraca e que menos acrescentou ao disco. Quando a ouvi pela primeira vez acreditei que havia ocorrido algum problema com o download que cortou o início da música, pois o vocal entra de supetão junto ao violão, fazendo com que seu cérebro leve alguns segundos pra entender o que está acontecendo. Refrão arrastado e sofrível que dá lugar à um bom arranjo instrumental em seguida, ao meu ver o ponto mais interessante da música.

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"Out Go The Lights" foi uma grata surpresa aos fãs mais minuciosos que já conheciam esta que era um b-side do álbum Permanent Vacation, anteriormente denominada como Gylt Kilt. Com um groove irresistível, ao melhor estilo Aerosmith, a faixa de mais de sete minutos contém uma levada funk woogie-boogie com vocais femininos que deram um toque muito acertivo à música, que após quase cinco minutos se encerra e ressurge com uma Jam acompanhada dos vocais, que causam uma vontade de que a música não acabe logo. Talvez o único aspecto negativo, ao meu ver, seja o refrão, ao meu ver pouco elaborado e utiliza estranhamente do mesmo riff que introduz a próxima faixa, Legendary Child.

"Legendary Child" primeiro single do álbum, outra outtake reaproveitada, esta uma b-side do Get a Grip. Uma boa faixa, com uma introdução fraca, mas que após uma pausa dá espaço para um riff afiado de Perry que precede uma levada interessante instrumentalmente, com um vocal semi-rouco de Tyler que mais tarde desemboca em um refrão mediano, mas que por si já é melhor que qualquer trecho de qualquer faixa de Just Push Play, último álbum autoral da banda, que ficou inevitavelmente marcado como um ponto de referência de tudo o que não gostaríamos em um novo disco do Aerosmith.

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"What Could Have Been Love", se assumirmos que o Aerosmith não é a mesma banda da década de setenta, e que sim, contém uma vasta coleção de baladas bem sucedidas que emplacaram listas e mais listas de "Love Songs" e "Top Hits" nos últimos vinte anos, poderemos então ver com bons olhos para o segundo single do álbum. Uma balada que tenta seguir a velha receita da trilogia Get a Grip (Cryin, Crazy e Amazing), com boas linhas melódicas, refrão que gruda em sua mente por dias e solos que tocam o coração dos apaixonados. Nesta proposta, ponto positivo pra banda.

"Street Jesus" ao ser ouvida pela primeira vez faz teu folego oscilar. Talvez pelo fato de não se esperar em pleno século 21 uma surpresa tão grata aos fãs mais cavernosos, que tem consigo a opinião de que nada se compara ao bom e velho Aerosmith do início da década de 70. É como se a banda tivesse jogado em um liquidificador clássicos como Toys In The Attic, Sweet Emotion e a rude Rats In The Cellar, com uma pitada do espírito experiente de uma banda que completa 40 anos de carreira. O resultado foi um coquetel da melhor exequência que os bad boys de Boston poderiam oferecer. É tão crua e poderosa que se houvesse sido composta para os primeiro álbuns, ao meu ver, seria hoje sem dúvidas um grande clássico.

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"Can't Stoping Loving You", a terceira balada do álbum talvez tenha sido meticulosamente calculada como uma tentativa de atingir um novo público e expandir as vendas em outros ares musicais. Talvez não seja uma má balada, mas talvez ficaria muito melhor no lendário projeto solo que Steven diz ainda pretender fazer. Se inicia com uma introdução um tanto quanto broxante após a paulada na orelha da faixa anterior e se arrasta com um pop-rock semi-country não convincente. Tem a primeira parte com os vocais principais de Tyler e backing vocais de Carrie Underwood e na segunda os papéis se invertem. Seria um ótimo tema para abertura do seriado adolescente Glee.

"Lover Alot" é o segundo cruzado no estômago. Com uma linha de baixo e bateria tão pesada quanto entrosada, remete em alguns momentos a "S.O.S (too bad)", seca e sem firulas, enquanto as guitarras deslizam riffs cheios de efeito que seguem a linha Nine Lives.

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"We All Fall Down" trata-se da segunda parceria com a cantora e compositora Diana Warren (autora de I don't want to miss a thing, megahit de 1998 tema do filme "Armageddon"). Mais uma balada, com uma letra que beira a livros de auto-ajuda, perfeita para copiar no caderno de sua namoradinha do colégio.
"Freedom Fighter" é o tipo de canção que sempre criei expectativas de encontrar a cada lançamento solo de Joe Perry, e que sempre me decepcionei . Desta vez sua participação acrescentou na qualidade do álbum Um rock bluseiro empolgante com um vocal na medida e solos característicos. Conta com a participação de Jonny Depp nos backing vocais. Sonzaço.

"Closer" é a balada mais densa do álbum. Escrita por Joey Kramer, ao meu ver se saiu melhor que seu parceiro de cozinha Tom Hamilton, que compôs Tell Me. Uma canção razoável, mas colabora com a sensação de excesso de baladas no disco .
"Something" é a segunda faixa de Joe Perry no trabalho. Menos roqueira que Freedom Fighter, segue a linha blues, mas sem surpreender desta vez. Bem ao estilo das canções que Perry compôs paralelamente nos últimos anos, conta com Steven nas baquetas.

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"Another Last Goodbye" fecha o álbum com um show particular de Tyler. Com uma introdução que logo te fazem lembrar a clássica Dream On, e se resume em basicamente voz e piano. Embora possa ser classificada como mais uma balada, esta está em um patamar paralelo por seu jeito old style. Equívoco de quem a critica por seu encargo de fechar o álbum, pois duas jóias raras da história da banda tiveram baladas como last track(ao estilo da época, claro), You See Me Crying em Toys in The Attic, e Home Tonight no lendário Rocks. Claro, não quero ser apedrejado pela comparação, o que ilustrei aqui, para que fique claro, foi o gênero, não o grau.

Ao fim do "track 15", a mesma voz de filme de ficção que introduziu o álbum dizendo controlar suas emoções, encerra te devolvendo sua percepção da realidade. "Music From Another Dimension!" é no geral um bom disco. Mescla as diversas facetas da banda e em diversos momentos surpreende. Talvez tenha pecado na quantidade de baladas, mas não há como negar este lado do Aerosmith. Enquanto há banda, há Steven Tyler. Enquanto há Steven Tyler, haverão sempre baladas. E enquanto há Steven Tyler no Aerosmith criando baladas e nos agraciando com novas jóias do rock and roll, está tudo certo.

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Dada a baixa expectativa que gerei para o álbum nos últimos anos, diante de tantos conflitos e tão poucos sinais criativos, dou nota 8 ao trabalho. Se fosse por considerar apenas o disco de uma maneira individual, sem analizar o contexto, talvez a nota cairia um pouquinho. Mas deixemos como está!

Line-up:
Steven Tyler – Vocais
Joe Perry – Guitarra
Brad Whitford – Guitarra
Tom Hamilton – Baixo
Joey Kramer – Bateria

Tracklist:
1. LUV XXX
2. Oh Yeah
3. Beautiful
4. Tell Me
5. Out Go the Lights
6. Legendary Child
7. What Could Have Been Love
8. Street Jesus
9. Can't Stop Loving You
10. Lover Alot
11. We All Fall Down
12. Freedom Fighter
13. Closer
14. Something
15. Another Last Goodbye

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