Dropkick Murphys: O álbum mais interessante em quinze anos
Resenha - Going Out in Style - Dropkick Murphys
Por Paulo Finatto Jr.
Postado em 30 de maio de 2011
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Por mais que possuísse uma carreira consistente no underground norte-americano, o DROPKICK MURPHYS só conquistou um verdadeiro reconhecimento após a música "I’m Shipping Up to Boston" ser incluída na trilha sonora do filme "Os Infiltrados" (2006). Os anos passaram e o grupo consolidou de modo extremamente positivo o seu rock/hardcore que inclui influências da música folk irlandesa. O resultado da experiência e da visibilidade adquirida é o recente "Going Out in Style", certamente o álbum mais interessante dos caras em quinze anos de estrada.

Embora possua uma sonoridade extremamente complexa, a banda de Quincy (Massachusetts) sempre conseguiu criar uma atmosfera densa e dinâmica ao mesmo tempo, sem nenhum deslize aparente. No entanto, a qualidade do repertório de "Going Out in Style" é, sem sobra de dúvidas, mais encorpado e rico se comparado com os seus dois antecessores – os elogiados e satisfatórios "The Warrior’s Code" (2005) e "The Meanest of Times" (2007). Nessa nova empreitada, Al Barr (vocal), James Lynch (guitarra), Tin Brennan (guitarra), Ken Casey (baixo), Jeff DaRosa (teclado), Josh Wallece (bagpipe e outros instrumentos irlandeses) e Matt Kelly (bateria) construíram – pela primeira vez – músicas diversificadas que conseguem explorar diferentes tendências melódicas. Como não poderia ser diferente, a música folk irlandesa contorna as faixas de "Going Out in Style" de modo único e incomparável. Os norte-americanos certamente deixam o rótulo de underground para se firmarem como um dos nomes mais imponentes do rock pós-moderno.
De modo oposto ao que mostraram em seus primeiros discos, os músicos do DROPKICK MURPHYS atingiram aqui a maturidade da mistura do folk com o rock – sobretudo de características mais. Em praticamente cada um dos quarenta e cinco minutos de "Going Out in Style" o que se sobressai são melodias empolgantes e uma performance irreparável do cantor Al Barr. O hardcore do grupo – que às vezes chega a soar cru e extremo – não direcionada a sonoridade do DROPKICK MURPHYS a caminhos impopulares. De modo muito claro, o resultado da criatividade da banda de Massachusetts atingiu aqui o seu ápice. As faixas de "Going Out in Style" falam por si só.
Em um primeiro momento, os coros de "Hang ‘Em High" podem passar a impressão de que a banda norte-americana mais faz barulho do que uma música de qualidade. No entanto, os riffs iniciais e os instrumentos irlandeses (leia-se o famigerado bagpipe) destoam a faixa do que poderia ser rotulado como ineficiente. De certo modo, a abertura de "Going Out in Style" só não pode ser apontada como um dos melhores momentos do álbum porque precede coisas ainda mais interessantes. Com um pouco mais de velocidade se comparada com a anterior, "Going Out in Style" desponta entre aquelas músicas que os fãs provavelmente um dia irão citar como suas favoritas do DROPKICK MURPHYS. Da mesma forma, "The Hardest Mile" é outra que deve agradar de imediato. As melodias empolgantes e o alto astral do rock n’ roll são evidentes do início ao fim dessa faixa.
Para quebrar a intensidade quase que extrema que contornou o início do disco, a cadenciada "Cruel" é a prova da diversidade sonora (e qualificada) de "Going Out in Style". As referências da música folk irlandesa – que o DROPKICK MURPHYS não abandona em um momento sequer – funcionam satisfatoriamente bem com composições que seguem por um caminho mais técnico. De volta ao rock enérgico e vibrante do começo, "Memorial Day" assume uma terceira faceta possível dentro do repertório da banda. Na ausência do mesmo peso e da mesma agressividade das suas antecessoras, essa música se desdobra em características mais íntimas do indie rock.
Outra balada – intitulada "Broken Hymns" – se sobressai ao que o disco possui de mais comum, como a faixa "Climbing a Chair to Bed", um pouco quadrada (se comparada às demais). Do mesmo modo, "Deeds Not Words" não é capaz de se aproximar a "Take ‘Em Down", provavelmente outro hit do álbum. O rock/hardcore do DROPKICK MURPHYS, que pode parecer um pouco controverso aos desacostumados com propostas mais agressivas e alternativas, não decepciona com as faixas mais folk de Al Barr & Cia. Da mesma forma, "1953" (que estranhamente possui uma áurea gospel) vai atender a expectativa dos fãs sedentos por mais músicas mais cadenciadas e – consequentemente – menos agressivas. Por fim, "The Irish Rover" retoma a maioria das referências da primeira metade de "Going Out to Style". No entanto, a música não aposta na agressividade característica de "Hang ‘Em High" (por exemplo) como referência.
Não há dúvidas de que o DROPKICK MURPHYS vai conquistar um espaço ainda mais privilegiado no mundo da música após a (provável) repercussão internacional e positiva de "Going Out in Style". A banda, que já pode ser considerada um dos nomes mais competentes e imprevisíveis (no bom sentido da palavra) do rock atual, mostrou ainda muito fôlego para seguir adiante – e na crista do gênero. O repertório denso e dinâmico de "Going Out in Style" claramente deixa uma boa ideia no ar. Para muitos, está na hora do DROPKICK MURPHYS desembarcar no nosso país para uma turnê. O grupo comprovou aqui que fãs e background – que possui um novo disco para isso.
Track-list:
01. Hang ‘Em High
02. Going Out in Style
03. The Hardest Mile
04. Cruel
05. Memorial Day
06. Climbing a Chair to Bed
07. Broken Hymns
08. Deeds Not Words
09. Take ‘Em Down
10. Sunday Hardcore Matinee
11. 1953
12. Peg O’ My Heart
13. The Irish Rover
Outras resenhas de Going Out in Style - Dropkick Murphys
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



AC/DC anuncia show extra no Chile e encerra adição de datas na América do Sul
O hit do Nirvana sobre Whitesnake, Guns N' Roses, Aerosmith e Led Zeppelin
A opinião de Rafael Bittencourt sobre bandas que ficam se apoiando no "Angraverso"
Internautas protestam contra preços de ingressos para show do AC/DC no Brasil
Cinco músicas totalmente excelentes lançadas em 2025
Os 25 melhores álbuns do metal britânico, segundo o RYM
O álbum que rachou o Deep Purple: "O Jon gostou da ideia, mas o Ritchie não"
30 clássicos do rock lançados no século XX que superaram 1 bilhão de plays no Spotify
O veterano que contraiu tuberculose na Malásia e gerou clássico do Iron Maiden
O guitarrista que é o melhor da história e supera Jimi Hendrix, segundo Steve Vai
A música que encerrou todos os shows que o AC/DC fez no Brasil
A música do Queen que Freddie Mercury só tocava no "piano errado"
Os três melhores guitarristas base de todos os tempos, segundo Dave Mustaine
West Ham une forças ao Iron Maiden e lança camiseta comemorativa
A sugestão de Cazuza que Leoni driblou para tornar "Exagerado" maior hit de sua carreira
O trio norte-americano que Jimmy Page aprecia; "É disso que se trata o Rock 'N' Roll"
O hino que Ronnie James Dio considerava a música perfeita de Rock clássico


Trio punk feminino Agravo estreia muito bem em seu EP "Persona Non Grata"
Svnth - Uma viagem diametral por extremos musicais e seus intermédios
Em "Chosen", Glenn Hughes anota outro bom disco no currículo e dá aula de hard rock
Ànv (Eluveitie) - Entre a tradição celta e o metal moderno
Scorpions - A humanidade em contagem regressiva
Sgt. Peppers: O mais importante disco da história?



