A melhor banda brasileira de todos os tempos, segundo Nando Reis
Por Gustavo Maiato
Postado em 13 de agosto de 2025
Com sua camisa xadrez verde, calça caramelo, meias combinando, barba branca e o humor de sempre, Nando Reis apareceu em mais uma edição do seu quadro "N Músicas", no YouTube. O tema desta vez foi simples, mas profundo: canções brasileiras que inspiraram diretamente sua obra como compositor.
Nando Reis - Mais Novidades
Entre Caetano, Gil, Jorge Ben e Elizeth Cardoso, um nome reverberou com intensidade: Novos Baianos, a banda que, segundo Nando, é a melhor banda brasileira de todos os tempos. "Melhor é sempre uma bobagem, mas é o que mais me emociona, que mais acho admirável e que é muito pouco reconhecida como deveria", diz o ex-Titã, sem hesitar.

O trecho em que ele fala da banda surge a partir de sua escolha de uma música emblemática: "Samba da Minha Terra", composição de Dorival Caymmi, mas interpretada pelos Novos Baianos no clássico álbum "Novos Baianos F.C.", de 1973. Para Nando, essa versão representa um marco estético intransponível na música brasileira.
Nando Reis e Novos Baianos
Com paixão de fã e rigor de músico experiente, Nando destrincha o arranjo da canção. Fala do swing no violão de Moraes Moreira — aquele som que ele tenta reproduzir com a boca: "badigudabá, tidigubá". Para ele, a introdução do violão é uma costura emocional, uma matéria-prima que reverbera em suas próprias composições. E quando a banda entra com riff e solo de guitarra, tudo se transforma.

"É como é que se funde coisas que parecem tão distintas, né? Caymmi com violão de nylon, uma música brasileira, com a guitarra elétrica, com a força... Não é nada simples uma coisa dessas."
Nando vê essa fusão entre tradição e modernidade como o coração da genialidade dos Novos Baianos. O grupo conseguiu unir samba, rock, baião e futebol — sim, futebol — num amálgama sonoro e cultural sem precedentes.
Influências de Nando Reis
O vídeo é também um mergulho íntimo no universo criativo de Nando. Ao longo do episódio, ele analisa outras músicas que o influenciaram, como "Índia", de Caetano Veloso, na voz de Gal Costa, e "Back in Bahia", de Gilberto Gil. Fala sobre o lirismo prosaico de Caetano, o groove simples e eficiente de Gil, a densidade existencial de "As Rosas Eram Todas Amarelas", de Jorge Ben, e a ancestralidade visceral de "Barracão", na voz de Elizeth Cardoso.

Ao final do vídeo, Nando surpreende ao relacionar o clássico "Barracão", imortalizado por Elizeth, com sua própria composição "O Segundo Sol". A conexão entre as músicas não é estrutural nem óbvia, mas emocional. Ele define essa ligação como "a população de fungos sob a terra", uma rede de influências invisíveis, silenciosas e profundas. "A inspiração e a influência não são nada aparentes. Elas se dão que nem os fungos embaixo da terra, sabe? As raízes na floresta. Tem uma coisa ali, uma vida acontecendo lá embaixo que ninguém vê, e que é fundamental", conclui.

Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps