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Metallica: do sonho à realidade, a história de uma das maiores bandas de todos os tempos

Por Mateus Ribeiro
Postado em 21 de dezembro de 2023

Há cerca de 40 anos, um jovem rapaz ambicioso saiu da Dinamarca com destino à Califórnia, com o intuito de viver o famoso "sonho americano". O cidadão em questão é Lars Ulrich, que se encontrou com James Hetfield, um guitarrista/vocalista californiano. Essa dupla formou o Metallica.

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Foto: buurserstraat38 @ www.depositphotos.com
Foto: buurserstraat38 @ www.depositphotos.com

Caso você não saiba, o Metallica é um gigante do Heavy Metal que mudou para sempre a história do estilo. Fundado no início da década de 1980, o icônico grupo continua na ativa e arrasta multidões por onde passa.

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A banda que Lars e James criaram fez muitas pessoas entrarem de cabeça no mundo do Metal, caso deste redator que vos escreve. E se você deseja conhecer melhor a história dos caras, essa matéria vai te ajudar. Aperte o play e confira a trajetória do Metallica, um dos maiores fenômenos do Metal (e da indústria musical como um todo).

O início de tudo

A trajetória do Metallica começou do outro lado do Planeta Terra, mais precisamente na Dinamarca, um dia após o Natal de 1963. Foi nesse dia que nasceu Lars Ulrich, filho do tenista Torben Ulrich. Lars iria seguir os passos profissionais do pai, mas trocou as raquetes pelas baquetas algum tempo depois que ele e sua família se mudaram para Los Angeles (Califórnia, EUA).

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Foto: Brett Murray e Jeff Yeager
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"A música era a paixão, o tênis era o trabalho diário. Acabei jogando tênis todos os dias durante seis meses e provavelmente foi isso que me afastou [do esporte]. Então decidimos nos mudar para um subúrbio ao sul de Los Angeles chamado Newport Beach, que era horrível pra caralho. Eram camisas Lacoste rosa realmente ricas e conservadoras.

Quando eu estava lá há dois ou três meses, tudo desmoronou. A música se tornou abrangente e o tênis simplesmente foi embora. Eu só queria tocar em uma banda", disse Lars, em entrevista cedida à Classic Rock.

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O sonho de Lars se tornou realidade quando ele comunicou, através de um anúncio publicado no jornal The Recycler, que gostaria de montar uma banda. James Hetfield se interessou e entrou em contato com o baterista europeu.

Foto: ChinaImages @ www.depositphotos.com
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A escolha do nome

Metallica é um nome muito imponente, que foi ideia de Ron Quintana, amigo de Lars Ulrich. Ron estava pensando em alguns nomes para seu fanzine e considerou Metallica e MetalMania. Lars ouviu os nomes e "pegou emprestado" Metallica para a sua banda. Aparentemente, a escolha deu certo.

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A primeira formação séria do Metallica e a demo histórica

A primeira formação "séria" do Metallica contava com James Hetfield (guitarra/vocal), Dave Mustaine (guitarra), Ron McGovney (baixo) e Lars Ulrich (bateria). Influenciado por grandes nomes da New Wave Of British Heavy Metal, o quarteto entrou em estúdio e gravou a histórica demo "No Life 'Til Leather", primeiro registro do grupo e um dos trabalhos pioneiros do Thrash Metal, estilo caracterizado por composições velozes e agressivas.

Foto: Jeff Yager
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A demo, lançada em julho de 1982, apresenta músicas de "Kill 'Em All", debut do Metallica. "No Life 'Til Leather" chamou a atenção de um rapaz chamado Jon Zazula, proprietário da gravadora Megaforce Records, que ofereceu um contrato à banda.

As primeiras mudanças de formação

Antes de começar a gravar seu primeiro disco, o Metallica promoveu algumas mudanças. O baixista Ron McGovney saiu da banda no final de 1982 e foi substituído pelo talentoso Cliff Burton. O guitarrista Dave Mustaine, que tinha problemas com álcool e drogas, foi trocado por Kirk Hammett, oriundo de outro grande nome do Thrash Metal, o Exodus.

A demissão de Mustaine rendeu ao mundo outra grande banda de Metal, chamada Megadeth. O guitarrista/vocalista, expulso do Metallica por conta de seu comportamento, cruzou os Estados Unidos de ônibus e montou o que é o seu projeto de vida até os dias atuais.

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"Eu fui direto para o Megadeth, mas na época eu estava tentando digerir tudo o que havia acontecido. O que mais me incomodou foi que eu tinha todas as minhas músicas que deixei pra trás. Eu disse: ‘Não usem minhas músicas’. E é claro que eles usaram.

Eles usaram no primeiro disco, no segundo disco, há partes da minha música em uma música no terceiro disco. Todos os solos do primeiro disco são meus, exceto que eles são executados por Kirk Hammett. São parecidos, mas não são iguais", contou Mustaine, durante aparição no podcast The Joe Rogan Experience.

Enquanto foi integrante do Metallica, Mustaine participou do processo de composição de seis músicas, dentre as quais estão as clássicas "The Four Horsemen" e "The Call Of Ktulu".

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O histórico debut

Com Kirk Hammett nas guitarras, o Metallica começou a gravar o seu primeiro disco, que se chamaria "Metal Up Your Ass", título que foi vetado. Cliff Burton não gostou da proibição e da sua indignação surgiu o termo "Kill 'Em All".

"Foi Cliff [Burton, baixista] quem nomeou o álbum. Originalmente deveríamos chamar o álbum de ‘Metal Up Your Ass’", contou Kirk, em entrevista cedida à Jaan Uhelszki, publicada pela Far Out Magazine.

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"Recebemos um telefonema de nosso empresário nos dizendo que metade das gravadoras não venderia o álbum se fosse chamado daquela forma, porque o nome era obsceno. Cliff disse: ‘Sabe de uma coisa? Que se f*da esses filhos da p***, cara, essas pessoas da gravadora. Devemos simplesmente matar todos eles’. Alguém, não me lembro quem, disse: ‘É isso! É assim que devemos chamar o álbum’", complementou o guitarrista.

"Kill 'Em All" foi lançado dia 25 de julho de 2023 e apresentou ao mundo uma coletânea de músicas extremamente rápidas e pesadas. "Hit The Lights", "The Four Horsemen", "Jump In The Fire", "Whiplash" e "Seek And Destroy" mostraram que o Metallica tinha muito potencial.

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O debut do Metallica se tornou um clássico absoluto do Thrash Metal, que continua muito influente 40 anos após o seu lançamento.

Foto: buurserstraat38 @ www.depositphotos.com
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"Ride The Lightning" e a evolução do Metallica

O mundo mal havia se recuperado do tumulto causado por "Kill 'Em All" quando o Metallica lançou seu segundo disco, "Ride The Lightning". O segundo trabalho de estúdio do grupo, cujo nome é uma gíria utilizada para se referir à execução na cadeira elétrica, é outra obra-prima.

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Do início ao fim, "Ride The Lightning" é uma aula de Thrash Metal. A velocidade e o peso ganharam a companhia da melodia, como pode ser ouvido na instrumental "The Call Of Ktulu" e na linda "Fade To Black", primeira balada da carreira do Metallica, que fala sobre um tema delicado. James Hetfield contou detalhes sobre a música em uma entrevista concedida à Guitar World.

"Essa música foi um grande passo para nós. Foi praticamente a nossa primeira balada, então, foi um desafio e sabíamos que iria assustar as pessoas (...). Eu estava bastante deprimido na época, porque nosso equipamento tinha acabado de ser roubado e fomos expulsos da casa do nosso empresário (...). É uma música sobre suicídio, e recebemos muitas críticas por isso, [como se] as crianças estivessem se matando por causa da música. Mas também recebemos centenas e centenas de cartas de crianças nos dizendo como se relacionavam com a música e que [‘Fade To Black’] fez com que se sentissem melhor."

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"Todo mundo parecia ter sido pego de surpresa pelo fato de termos feito isso [‘Fade To Black’]. Surpreendemos a todos menos a nós mesmos. Você pode ouvir que a New Wave Of British Heavy Metal [NWOBHM] inspirou o primeiro disco. Mas se você recuar mais do que isso, chegará a ‘Child In Time’ do Deep Purple e ‘Beyond The Realms Of Death’ do Judas Priest, até mesmo ‘Stairway To Heaven’ [Led Zeppelin] – aquelas músicas grandes, melancólicas e épicas. Esse tipo de música sempre esteve em segundo plano para nós, sabíamos em nossos corações que fazia parte do som do Metallica, mas simplesmente não tínhamos habilidade ou sutileza para lidar com isso no ‘Kill 'Em All’. Quando Cliff e Kirk entraram a bordo, sentimos que tínhamos a capacidade de seguir esse caminho", discorre Lars, em bate-papo com Dave Everley, colaborador da revista Metal Hammer.

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A obra-prima dos mestres do Metal

Em 1986, o Metallica atingiu o ápice com seu terceiro trabalho de estúdio, o magnífico "Master Of Puppets". Técnico, rápido e repleto de peso, o álbum é um perfeito resumo do que o Thrash Metal representa.

"Master Of Puppets" é composto por oito canções que ou atingem ou beiram a perfeição. A faixa-título, as caóticas "Damage Inc." e "Battery", além da inesquecível "Welcome Home (Sanitarium)" são belos exemplos da maturidade musical que o Metallica atingiu com seu terceiro registro.

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Apesar de ser uma banda com meia década de existência, o Metallica teve a chance de abrir shows de ninguém menos que Ozzy Osbourne durante a tour de divulgação de "Master Of Puppets". E o Madman se impressionou com James e sua turma, como ele mesmo contou em matéria publicada pela Metal Hammer.

Enquanto estávamos em turnê, eu via James andando por aí, como se ele quisesse perguntar alguma coisa. Eventualmente, ele se aproximou e perguntou: ‘Queremos tocar Paranoid com você’, e nós dissemos ‘Claro!’. Então, eles mostraram que eram grandes fãs do Sabbath. Cliff [Burton, baixista] tinha um sorriso enorme no rosto o tempo todo

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Absolutamente [eles seriam grandes], você poderia dizer isso apenas [pela forma] como a multidão reagia todas as noites. Mas você sabe, eles são uma ótima banda, eu lembro que tudo realmente decolou quando eles lançaram o ‘Black Album’, especialmente com ‘Enter Sandman’ (...). É um daqueles álbuns que veio na hora e no lugar certo, então, decolou. Se soubéssemos exatamente o que era necessário para fazer um álbum sair assim, todos faríamos, mas eles acertaram perfeitamente e fizeram um álbum absolutamente obrigatório", disse o Príncipe das Trevas.

O Metallica parecia uma força imparável, porém, o destino pregou uma peça dolorosa em James e seus amigos.

A trágica morte de Cliff Burton

Considerado um dos grandes baixistas da história do Metal, Cliff Burton faleceu no dia 27 de setembro de 1986, em um acidente com o ônibus da banda. Cliff, que tinha 24 anos de idade, morreu após o ônibus capotar e cair em cima de seu corpo. O terrível acidente aconteceu enquanto o grupo viajava pela Suécia.

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"Ouvi todos gritando, exceto Cliff, e pensei: ‘Meu Deus, algo está errado’. Eu me virei e vi as pernas de Cliff saindo debaixo do ônibus. Depois disso, fiquei tão chocado que nem consigo me lembrar das três ou quatro horas seguintes. Lembro que às quatro da manhã ouvi James na rua, bêbado. Ele estava gritando: ‘Cliff! Onde está você?’ Eu comecei a chorar", contou Kirk Hammett, em uma das cenas do documentário "Behind The Music", veiculado pelo canal VH1.

Sangue novo e o recomeço

Os integrantes do Metallica ficaram abatidos com a morte de Cliff, porém, a banda seguiu a sua caminhada. Jason Newsted, ex-membro da banda de Thrash Metal Flotsam And Jetsam, foi escolhido como o novo baixista. O novato foi apresentado aos fãs através de "The $ 5,98 E.P. - Garage Days Re-Revisited", um EP com alguns covers.

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Justiça para todos, menos para o novo baixista

Foto: Divulgação
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"...And Justice For All", quarto disco do Metallica, foi lançado em uma misteriosa data do segundo semestre de 1988. O play apresenta uma sonoridade complexa e intrincada. As músicas ficaram longas, tanto que a faixa mais curta de "...And Justice For All" ("Dyers Eve") tem 5 minutos e 13 segundos.

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Como consegui viver de Rock e Heavy Metal

Os destaques de "...And Justice For All" ficam com a explosiva "Blackened", a gigantesca "One" (que rendeu o primeiro clipe da história do Metallica), a faixa-título e "Harvester Of Sorrow". O ponto negativo do disco é o som quase inaudível do baixo de Jason Newsted, o que deixou o baixista descontente.

"Eu estava furioso! Você está brincando comigo? Eu estava pronto [para ir] para a garganta [provavelmente de quem mixou o álbum] cara! Não, eu estava maluco porque realmente pensei que me saí bem. E eu pensei que tinha tocado como deveria.

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Eles mixaram como deveria ser mixado: tem o baixo e tem a guitarra de volta. Mas Lars não queria isso porque bagunçava sua bateria de alguma forma, então quando ele enviou a demo para a porra da Combat Records e onde quer que seja, [sua instrução foi] 'Abaixe o baixo antes mesmo de ouvir isso'. Antes mesmo de começar, basta abaixar o baixo. Desde o início. Antes mesmo de começar. É o que ele tem feito toda a sua maldita vida, então por que seria diferente quando se tratava de ‘...And Justice For All’? Eles fizeram ‘Kill 'Em All’ desse jeito, eles fizeram ‘Ride The Lightning’ desse jeito, eles fizeram ‘Master Of Puppets’ desse jeito, todos eles", esbravejou Jason, quando participou do podcast da Metal Hammer.

Mesmo com o baixo quase apagado, "...And Justice For All" é um ótimo trabalho, que merece ser ouvido com atenção.

O sucesso e o afastamento do Thrash Metal

Com menos de 10 anos de carreira, o Metallica havia se consolidado como a maior força do Thrash Metal. Mas o grupo queria mais e decidiu mudar a sua rota musical no início da década de 1990. O grupo recrutou o produtor Bob Rock e começou a gravar um disco que mudou para sempre a trajetória de James Hetfield, Kirk Hammett, Jason Newsted e Lars Ulrich.

"Metallica", quinto disco do grupo homônimo, é diferente de "...And Justice For All" e de tudo que os quatro cavaleiros haviam lançado até agosto de 1991. O Thrash Metal violento e as composições longas ficaram para trás. Em seu quinto registro, o Metallica apostou em músicas mais diretas e acessíveis, o que resultou em hits colossais do calibre de "Enter Sandman", "The Unforgiven", "Sad But True" e "Nothing Else Matters".

A proposta adotada pelo Metallica em seu disco autointitulado (também conhecido como "Black Album") atraiu novos fãs, mas afastou os seguidores mais radicais, que não curtiram o fato da banda ter se distanciado da porradaria. Seja lá como for, o trabalho vendeu dezenas de milhões de cópias e fez o Metallica furar a bolha do Metal.

Foto: Ross Halfin
Foto: Ross Halfin

O acidente que quase tirou a vida de James Hetfield

O estrondoso sucesso atingido por "Black Album" fez o Metallica se apresentar em vários lugares do Planeta Terra. E durante uma das apresentações da Wherever We May Roam Tour, o guitarrista/vocalista James Hetfield quase morreu após ser atingido por labaredas que faziam parte do sistema de pirotecnia.

O episódio acima relatado aconteceu no dia 8 de agosto de 1992, em um show realizado no Canadá (mais precisamente, em Montreal).

"Aquele acidente nos uniu até um ponto que eu acho que nunca teria acontecido a menos que um incidente como esse tivesse acontecido... James foi fodidamente heroico, cara. Direto, ele foi heroico. Você sabe como uma pequena queimadura do bule dói? Esse [acidente] foi com o braço inteiro dele. É realmente um momento que de alguma forma salvou e reabasteceu nossa banda", contou Jason, em uma entrevista com Steffan Chirazi, editor da So What! (revista do fã-clube da banda).

Felizmente, James Hetfield se recuperou. O frontman chegou a fazer alguns shows em que ocupou apenas a função de vocalista, enquanto John Marshall, do Metal Church, dividiu as guitarras com Hammett.

"Load" e "Reload": dos álbuns controversos

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O Metallica passou anos excursionando para divulgar "Black Album". O seu sucessor foi lançado apenas em 1996 e fez bastante barulho. Intitulado "Load", o disco passa muito longe do Thrash Metal robusto dos primeiros trabalhos e flerta com o Rock Alternativo.

"Load" não é um disco ruim, mas não se trata de um trabalho voltado ao Thrash Metal (nem de longe). "Until It Sleeps", "Ain't My Bitch", "King Nothing" e "The Outlaw Torn" são alguns dos destaques do play. Há até espaço para uma música quase Country, a melancólica "Mama Said".

Um ano depois de "Load", o Metallica lançou "Reload", que como o nome sugere, é uma espécie de parte II do sexto disco do conjunto. Embora não seja exatamente uma tragédia, "Reload" é um dos trabalhos mais fracos da carreira da banda. "The Memory Remains", a segunda parte da clássica "The Unforgiven" e a frenética "Fuel" são os principais destaques de um registro que não é descartável, mas também não chega a ser memorável.

Covers e orquestra sinfônica: o fim da década de 1990

Em 1998, o Metallica resolveu homenagear as suas influências com um disco de covers. Lançado em novembro de 1998, "Garage Inc." apresenta versões interessantes de músicas originalmente gravadas por bandas como Motörhead, Lynyrd Skynyrd, Mercyful Fate, Discharge, Queen, Misfits e Diamond Head.

"S&M" foi lançado em 1999. O interessante trabalho, gravado junto à Orquestra Sinfônica de San Francisco, traz releituras muito legais de vários clássicos do conjunto, como "The Call Of Ktulu", "Master Of Puppets", "One", "Enter Sandman", "Fuel" e "Nothing Else Matters".

"Garage Inc." e "S&M" fizeram com que o Metallica encerrasse os anos 1990 de forma digna.

O fim da era Jason Newsted

O Século XXI começou de forma agitada para o Metallica. Jason Newsted, que estava no grupo desde 1986, anunciou a sua saída no dia 17 de janeiro de 2001. O músico contou à Metal Hammer que o desrespeito o afastou de James, Lars e Kirk.

"O que me afastou do Metallica é o que eu chamo de 'desrespeito perpétuo’. Não importa o quanto eu trabalhava, ainda havia desrespeito. Não o trote que recebi nos primeiros seis meses de carreira, mas o desrespeito geral que recebi, o descaso.

Eles nunca conseguiram lidar com a dor deles quando Cliff morreu. Esse tipo de merda se manifesta na mente dos jovens, na mente dos jovens milionários. Mentes de milionários mimados, e eu me incluo nisso... seria difícil entender isso. Então, foi muito mais uma coisa pessoal. Eu precisava descansar; eles se recusaram a me dar tempo para descansar; Eu tive que sair para descansar", finalizou Newsted.

Rehab, turbulência e um disco horroroso

A saída de Jason foi apenas o início de um período conturbado para o time capitaneado por Lars e James. O frontman do Metallica passou por um tempo na reabilitação, para cuidar de seus problemas relacionados ao alcoolismo.

Depois que James saiu da reabilitação, o Metallica passou a trabalhar em seu próximo disco de estúdio, com Bob Rock no baixo. Então, em junho de 2003 foi lançado "St. Anger", a pior obra do Metallica.

Gravado em um ambiente tenso, "St. Anger" flerta com o pavoroso New Metal e mostra um Metallica pouco inspirado. Além das composições sem sal, o disco ficou marcado pelo horrível som da bateria de Lars Ulrich. "St. Anger" é um fiasco, que não tem solos de guitarra e agrada apenas aos seguidores mais fanáticos dos caras.

Novo baixista e período de descanso

Robert Trujillo, baixista que tocou no Suicidal Tendencies e na banda de Ozzy Osbourne, se juntou ao Metallica em 2003. Com Robert no baixo, o Metallica fez muitos shows em 2004 e reservou o ano seguinte para carregar as suas baterias. O sucessor de "St. Anger começou a ser preparado em 2006.

"Death Magnetic", um disco interessante

"Death Magnetic" viu a luz do dia em setembro de 2008. O disco é infinitamente melhor que "St. Anger" e se não é um clássico do Thrash Metal, ao menos é mais audível que seu antecessor. Segundo nota publicada no site oficial do Metallica, "Death Magnetic" representou "a fusão perfeita do passado inicial do Metallica e seu futuro cada vez mais experimental".

"The Day That Never Comes", "That Was Just Your Life" e "The Unforgiven III" são alguns dos bons momentos de "Death Magnetic". Ah, e os solos de guitarra voltaram a dar as caras.

Rock And Roll Hall Of Fame

James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett, Jason Newsted, Robert Trujillo e Cliff Burton foram introduzidos ao Rock And Roll Hall Of Fame em 2009. Mais uma conquista inesquecível para uma banda colossal.

Big Four, parceria com ícone da música e novo disco

Os anos 2010 foram movimentados para o Metallica. O grupo se uniu aos icônicos Megadeth, Slayer e Anthrax e o quarteto, intitulado "Big Four do Thrash Metal", fez shows inesquecíveis.

Em 2011, o Metallica inovou mais uma vez e se uniu ao cantor e compositor Lou Reed. O quinteto gravou o disco "Lulu", que é um trabalho curioso.

"Eu posso ser um cara do heavy metal, mas Lou Reed e David Bowie fizeram toneladas de ótimas músicas que foram uma grande inspiração para mim ao longo da minha vida. É difícil para mim ouvir ‘Lulu’, porque isso me traz de volta àquela época - pensar em trabalhar com Lou e absorver sua vibração. Tornou-se um álbum muito emocionante para mim, e tenho medo de ouvi-lo", disse o guitarrista Kirk Hammett à NME.

Mais um recorde: shows em todos os continentes

O extenso histórico de recordes alcançados pelo Metallica ganhou outra marca no dia 8 de dezembro de 2013. O grupo se apresentou na Antártida e se tornou o primeiro nome da música que tocou em todos os continentes da bola gigantesca que conhecemos como Planeta Terra.

O décimo disco

Após mais um período marcado por muitos shows, os integrantes do Metallica entraram no estúdio e começaram a trabalhar no décimo disco de inéditas do grupo. "Hardwired…To Self-Destruct" foi lançado em 2016 e seguiu a linha adotada em "Death Magnetic". De acordo com nota que aparece no site oficial do Metallica, o álbum alcançou o topo das paradas em 57 países e foi o terceiro maior álbum de 2016 nos EUA, atrás apenas de Drake e Beyoncé.

Mesmo que não seja um dos trabalhos mais brilhantes assinados pelo Metallica, o álbum número 10 apresenta bons momentos, como "Hardwired", "Moth Into Flame" e "Now That We're Dead".

Outra reabilitação e a pandemia

O vocalista do Metallica voltou para a reabilitação no final de 2019, o que fez o Metallica cancelar shows na Oceania. Posteriormente, a pandemia de Covid-19 afetou a indústria do entretenimento e impossibilitou a realização de shows.

Felizmente, James saiu da reabilitação e voltou a trabalhar com seus parceiros. O grupo chegou a gravar uma versão acústica de "Blackened" durante o período de isolamento.

72 estações e outra turnê gigante

Novembro de 2022. O mundo da música pesada foi pego de surpresa com o anúncio de um novo disco do Metallica. Intitulado "72 Seasons", o álbum foi anunciado no mesmo dia que a banda divulgou a turnê mundial "M72".

O título de "72 Seasons" é uma ideia de James Hetfield, que explicou o conceito por trás do nome de seu "filho caçula".

"72 estações. Os primeiros 18 anos de nossas vidas que formam nosso verdadeiro ou falso eu. O conceito de que nossos pais nos disseram 'quem somos'. Uma possível classificação ao redor que tipo de personalidade somos. Acho que a parte mais interessante disso é o estudo contínuo dessas crenças centrais e como isso afeta nossa percepção do mundo hoje. Grande parte de nossa experiência adulta é uma reencenação ou reação a essas experiências de infância. Prisioneiros de infância ou nos libertando dos laços que carregamos."

O que esperar do Metallica no futuro?

Com 40 anos de carreira, é difícil imaginar que o Metallica continue na ativa por mais tempo, certo? Bem, depende. Para Lars Ulrich, a banda ainda tem muita lenha para queimar.

"Acho que mentalmente poderíamos fazer isso por mais 20 anos. É mais sobre os ombros, os pescoços, as gargantas, os dedos e os pulsos - a fisicalidade disso - se conseguimos simplesmente permanecer saudáveis. Isso é meio que um jogo de dados", afirmou o obstinado batera.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre o Metallica, é hora de conferir algumas curiosidades interessantes sobre o grupo.

Quantos discos o Metallica lançou?

A discografia do Metallica conta com 13 álbuns, incluindo "Lulu" e "Garage Inc."

Quais músicos passaram pelo Metallica?

A lista de músicos que integraram o Metallica é relativamente curta. Além de James Hetfield, Kirk Hammett, Robert Trujillo e Lars Ulrich, Dave Mustaine (guitarra),Cliff Burton (baixo), Ron McGovney (baixo), Brad Parker (guitarra) e Lloyd Grant (guitarra) fizeram parte do quarteto.

Discos em cinco décadas diferentes

Ao longo de sua brilhante carreira, o Metallica lançou discos em cinco décadas diferentes: 1980, 1990, 2000, 2010 e 2020.

Qual música o Metallica mais tocou ao vivo?

Faixa que dá nome ao terceiro disco do Metallica, "Master Of Puppets" é a canção que mais foi tocada por James e sua trupe. Segundo dados publicados no site Setlist.fm, a música citada fez parte do repertório de mais de 1700 shows do conjunto.

Qual a música mais longa do Metallica?

Com 11 minutos e 10 segundos de duração, "Inamorata" é a música mais longa do Metallica.

É isso, pessoal. Espero que vocês tenham gostado. Um abraço e até a próxima!

Anton Corbijn
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Sobre Mateus Ribeiro

Fã de Ramones, In Flames e Soilwork. Ouve (quase) tudo, desde rock clássico até black metal.
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