Álbuns que mudaram a minha vida: Metallica, o disco que me fez gostar de heavy metal
Resenha - Metallica - Metallica
Por Mateus Ribeiro
Postado em 26 de julho de 2020
A vida do headbanger é repleta de momentos marcantes. O primeiro show, o primeiro disco e a primeira bebedeira são alguns desses dias memoráveis. Pensando um pouco sobre essas ocasiões, decidi começar a escrever uma pequena série, falando sobre os álbuns que mudaram a minha vida.
A série será baseada em relatos e experiências totalmente pessoais. O primeiro capítulo fala sobre a minha relação com o disco que me tornou fã dessa maravilha chamada heavy metal: "Metallica", também conhecido como "Black Album", ou o "CD Preto", como até hoje algumas pessoas se referem ao quinto disco de estúdio do METALLICA.
Sem mais papo furado, aperte o play e saiba como este humilde redator começou a sua humilde caminhada no mundo das guitarras distorcidas.
Antes de qualquer coisa, é preciso voltar bastante no tempo e resumir a minha historia. Desde a minha infância eu me lembro de ouvir música pesada por tabela, afinal de contas, meu irmão mais velho sempre estava ouvindo "rock pesado" com seus amigos em nossa casa. Eu não entendia muita coisa, mas gostava do que aquele bando de maloqueiros ouvia e achava legal aquelas camisetas com caveiras e todas aquelas satanagens. Confesso que de todos os nomes que eles falavam, um me chamava bastante a atenção: METALLICA.
O tempo foi passando e eu fui ouvindo um RAMONES aqui e ali, sem dar muita atenção. De vez em quando, lia umas revistas de música assim que meu irmão saía de casa para dar um trampo, pois ele não gostava muito que eu mexesse em seus discos e revistas. Aliás, se você estiver lendo, saiba que valeu a pena eu ter lido e ouvido a sua coleção na surdina.
Apesar de guardar tudo o que lia e escutava em minha cabeça, eu direcionava minha atenção para outras coisas e não poderia me considerar um metaleiro da pesada.
Até que as coisas mudaram em 1999. Meu saudoso pai havia comprado um mini system de qualidade duvidosa (mas de uma importância gigantesca em minha existência) para presentear uma das minhas irmãs. Em um domingo, pedi o rádio emprestado, com o intuito de fazer algo que passei a fazer por vários anos: gravar uma fita k-7. A minha irmã emprestou o "radinho" e lá fui eu, todo pimpão, ouvir.
Eu ouvia de tudo naquela época. Desde o tenebroso eurodance até as 10 mais de João Mineiro e Marciano. Então, qualquer estação de rádio faria a minha felicidade naquele domingo. Deixei o rádio ligado na mesma estação que já estava. Era uma rádio "pop-rock", que de vez em quando tocava uns rocks mais pesados.
De repente, começou um barulho de buzina e totalmente por acaso, apertei o REC para gravar a minha fitinha. Com o passar do tempo, aquela música saiu de uma buzina, passou para um dedilhado, caiu em um rapaz revoltado cantando, e este mesmo cara amansava a voz no refrão. E esse refrão se repetiu, passando por uma "parte instrumental longa" (que nada mais era do que o solo de guitarra). Quando a música já estava no final, eu pensei comigo mesmo: "Cacete, eu já ouvi isso, só não sei quando". Gostei muito de ouvir aquilo. Na verdade, fiquei apaixonado, enfeitiçado, de queixo caído.
Quem ouve rádio sabe que no final de um bloco, a pessoa responsável pela locução fala os nomes das músicas. Mas aquela música abriu o bloco e outra música começou na sequência. Eu poderia esperar para saber quem cantava. Mas decidi ouvir a música de novo para ver se lembrava quem era o responsável por aquilo. E ouvi de novo, de novo, acho que umas dez vezes seguidas. Eu só queria ouvir aquela música. Se o mundo tivesse acabado naquele domingo, eu morreria feliz.
Após muitas audições, decidi mostrar a música para a minha irmã e perguntar quem cantava. "É o Metallica, não é?", ela me respondeu. O meu coração quase parou. Eu ouvia METALLICA por tabela sem saber. Eu não sabia que aquele nome que eu ouvia desde criança poderia aparecer tão cedo em minha vida. E eu também não sabia que a partir dali, a minha vida mudaria para sempre.
Eu já sabia quem cantava. O próximo passo era descobrir o nome da música. Através de uma rápida pesquisa nas revistas e discos do meu irmão, descobri que a música era "The Unforgiven". E foi essa música que me apresentou ao mundo mágico do heavy metal.
Agora, além de saber o nome da música, eu sabia o nome da banda. Faltava outro grande passo: comprar o CD que tinha essa música. Por meio de informações privilegiadas adquiridas em alguma partida aleatória de futebol disputada na escola, alguém me disse que a música fazia parte do "CD Preto". Então, a minha missão de vida era comprar o tal "CD Preto".
Após muito esforço (do meu pai e da minha irmã), ganhei o álbum de presente, após passar dias procurando. Então, no final de 1999, a minha vida se dividia em ouvir Metallica, jogar futebol e me preocupar com a final do Campeonato Brasileiro de Futebol (que o Corinthians venceu, para minha alegria).
Eu confesso que fiquei chocado desde a primeira vez que ouvi os acordes de "Enter Sandman". Aquilo era muito chocante, pesado e divertido. O meu sonho inocente de ser headbanger estava começando a tomar forma. E foi ficando cada vez mais real conforme eu ouvia "Sad But True", "Of Wolf And Man" (que eu chamava de "Shei She"), "The Gof That Failed" e é claro, "Nothing Else Matters", afinal de contas, metaleiro também ama, né?
Nunca parei para contar, mas certamente, ouvi esse disco mais de 300 vezes na minha vida, já que passei mais de um ano ouvindo ele direto. Todo dia, chegava da escola, batia um rango e fazia lição de casa ouvindo "Metallica". Depois de jogar bola, ia ouvir "Metallica". Até mesmo um walkman eu descolei para ficar ouvindo a fitinha que havia gravado.
É claro que eu passei a ouvir MUITA coisa depois, mas se não fosse pelo "Black Album", sobretudo pela maravilhosa "The Unforgiven", eu jamais teria me apaixonado pelo METALLICA e pela música pesada. Se nunca tivesse ouvido esssa linda balada, talvez hoje estaria aqui no interior ouvindo sertanejo e triste pelo cancelamento da Festa do Peão. Por sorte, ouvi, me tornei fã de música pesada e não vejo boi sendo mal tratado (até porque de chifrudo sofrendo, já basta eu na vida).
E eu sou eternamente grato por todo mundo que apareceu nesta história: meu amado pai, meu irmão, minhas irmãs, o mini system 3 em 1 e a pessoa que colocou METALLICA pra rodar naquele domingo. Se não fosse por vocês, talvez hoje eu não estivesse escrevendo tudo isso. Ah, não poderia deixar de agradecer James Hetfield, Kirk Hammett, Lars Ulrich e Jason Newsted.
Em breve, o segundo capítulo da série "Álbuns que mudaram a minha vida". Um abraço e até a próxima!
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