Vuur e Delain: quando o progressivo encontra o sinfônico
Resenha - Vuur e Delain (Tropical Butantã, São Paulo, 17/05/2019)
Por Diego Camara
Postado em 22 de maio de 2019
Vuur e Delain não tem muita coisa em comum, a não ser a presença de duas gerações diferentes de vocalistas holandesas. Charlotte Wessels e Anneke van Giersbergen são as figuras essenciais de ambos os grupos, conhecidas pelo alto carisma e a grande capacidade técnica, elas tem uma legião de fãs que as acompanham e são expoentes de sucesso em suas épocas. As bandas, porém, divergem muito, deixando o show de ambas, unidas, como um chamado para a diversidade: um encontro do metal progressivo, de origem forte europeia, com o sinfônico emocional que vem do Delain. Confira abaixo os principais detalhes do show, com as fotos de Fernando Yokota.
DELAIN
A banda entrou no palco com 10 minutos de atraso do horário combinado, mas desde o início a apresentação foi um arraso. A banda já saiu com uma grande explosão com "Go Away", marca registrada de abertura de shows da banda desde o lançamento de "April Rain". O som estava alto e potente, e a voz de Wessels soava incrivelmente bem. É até um pouco surpreendente, dado o fato dos problemas de som baixo já bem conhecidos do Tropical. Talvez o baixo público – dado o fato de que as duas bandas estariam boas para um Carioca Club, mas com um público pequeno para o tamanho do Tropical – tenha auxiliado em dispersar melhor o som pelo ambiente.
"Masters of Destiny", em seguida, foi outro estouro. A banda caprichou nos elementos musicais, que remetem muito a música original: usaram a força das guitarras, e também os belos voice overs que ajudam a construir o cenário da música. "Suckerpunch" e "Get the Devil out of Me" foram extremamente bem recepcionadas pelos fãs, que estouraram em festa nessas músicas, cantando junto com Wessels em plenos pulmões durante toda a canção.
Na parte final do show, após o jam, a banda voltou com tudo para completar a apresentação. O som era ótimo, e a presença de palco fazia valer o ingresso dos fãs do Delain. "Mother Machine" viu a banda fazer como se fosse terminar a apresentação, agradecendo o público com bastante emoção, mas ainda assim continuando a apresentação.
O show, um pouco enrolado ao que parecia, teve um final incrível com as músicas "Don’t Let Go", com muita participação do público. Os destaques vão para o sucesso "We are the Others", que realmente ficou na cabeça do público e é quase que um hino do Delain a diversidade da cena metal, e "The Gathering", que sempre bate carteira em todos os espetáculos do Delain.
O setlist curto da banda fez com que um grande número de músicas ficasse de fora, e os mais punidos foram claramente as músicas antigas que não retém unanimidade. A banda se foca, cada vez mais, nos seus sucessos recentes, que os auxiliaram a subir no patamar do gênero nos últimos anos. O destaque negativo ficou pela falta da guitarrista Merel Bechtold, que realmente faz muita falta na composição da banda, pois tanto musicalmente quanto na presença de palco ela é responsável por alguns dos melhores momentos do show.
Delain Setlist:
1. Go Away
2. Masters of Destiny
3. The Glory and the Scum
4. Suckerpunch
5. Get the Devil Out of Me
6. Hands of Gold
7. Sing to Me
8. Timo & Joey Jam
9. Pristine
10. Mother Machine
11. Don't Let Go
12. We Are the Others
13. Hunter's Moon
14. The Gathering
VUUR
Pouco após os meados das 22h, o Vuur subiu ao palco para sua apresentação. Quase como um supergrupo do sinfônico progressivo holandês alternativo, a banda criada em 2016 reúne alguns músicos bastante importantes na cena do país. A banda é forte e muito consistente, e isso fica claro deste o início do show: apesar de Anneke ser a estrela do quinteto, e ser o motivo pelo qual a maioria das pessoas ali foram para ver a apresentação da banda, é muito claro que a construção musical e a força da banda depende de um conjunto bem azeitado.
A banda começa muito forte com "Rotterdam". O som da banda é um progressivo técnico bastante firme nas guitarras, em um som pesado de invejável. Apesar do volume baixo, já esperado do Tropical – claramente é um tipo de som que precisa do volume lá em cima para funcionar melhor – a apresentação é bastante digna. O Vuur flui muito bem nos elementos pesados, especialmente com o uso das guitarras e do vocal de Anneke, em um misto que parece unir o estilo progressivo de Arjen Lucassen com os projetos insanos do canadense Devin Townsend.
Estes elementos ficam muito claros especialmente quando comparamos a própria apresentação do Vuur com a música "Fallout". Anneke foi tão contagiada por Townsend quanto outros músicos, como o mago das guitarras Steve Vai. Os riffs fortes do Vuur, as introduções cheias, o uso do muro de som: influências fortes do estilo mais pesado de Townsend. Nas partes mais calmas, o som arrastado e o uso dos teclados também responde bem ao estilo do canadense.
O The Gathering, outra raridade, também apareceu no show: primeiro com "On Most Surfaces", com muito uso do som de piano e os vocais duplicados de Anneke em uma bela rendição musical. E depois no fim, com o sucesso "Strange Machines". Anneke também paga tributo ao Gentle Storm, com a apresentação de "The Storm", épica e muito bem recebida pelo público.
Anneke pode ser realmente a líder e a marca da banda, já que o Vuur parece quase que uma coletânea de ideias e estilos que confluem na própria totalidade da carreira da vocalista holandesa, mas o conjunto artístico supera muito a individualidade, tirando da banda aquela ideia de cover de luxo, ou de artista de aluguel. Uma grata surpresa.
Vuur Setlist:
1. Time - Rotterdam
2. On Most Surfaces (Inuït) (música do Gathering)
3. My Champion - Berlin
4. The Storm (música do Gentle Storm)
5. Days Go By - London
6. The Martyr and the Saint - Beirut
7. Freedom - Rio
8. Fallout (música de Devin Townsend Project)
9. Your Glorious Light Will Shine - Helsinki
10. Reunite! - Paris
11. Strange Machines (música do Gathering)
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