Dream Theater: saldo final mais que positivo no Rio
Resenha - Dream Theater (Citibank Hall, Rio de Janeiro, 20/03/2010)
Por Victor Cezar
Em 23/03/10
Apesar da "desconcentração concentrada" que tem ocorrido com os shows em território nacional, os estadunidenses do Dream Theater marcaram presença novamente no Rio de Janeiro. O excelente Citibank Hall foi responsável por abrigá-los pela terceira vez consecutiva. Mesmo que os últimos álbuns da banda sejam responsáveis por opiniões bem diversificadas, cerca de 5 mil fãs - que durante a tarde já davam sinais de que encheriam as dependências do local - compareceram no sábado - em parte embalados pelo maior sucesso de "Black Clouds & Silver Linings" em relação ao seu antecessor, "Systematic Chaos".
Se os conterrâneos do Bigelf, apadrinhados por Portnoy, não empolgaram tanto - principalmente por ainda serem desconhecidos e fazerem um estilo musical consideravelmente diferente da atração principal -, definitivamente foram aprovados pela maioria. O grupo é bem competente, fazendo um som mais calcado nos anos 70, com destaque para o vocalista/tecladista, Damon Fox, comunicativo e simpático (conquistou a platéia ao chamá-la de "melhor do Brasil, incluindo São Paulo").
Após a execução nos PAs de músicas da banda em versão de cordas e dos franceses Pipo & Elo (um casal que toca canções do DT de maneira acústica), com "As I Am" e "Pull Me Under" cantadas em uníssono - foi realmente de arrepiar! -, a banda finalmente apareceu. Como já é tradicional na tour, abriram com "A Nightmare To Remember", sendo que até o próprio James LaBrie deu um sorriso de felicidade ao ouvi-la na boca do povo.
Todo show do quinteto gera expectativas acerca do set list. A seqüência The Mirror/Lie, do Awake, definiu como ele seria, de certa forma. Para os mais antenados, a semelhança com Curitiba era inevitável. A reação geral foi um misto de espanto e uma alegria incontrolável. Muitos gritos e pessoas emocionadas. Tal reação prosseguiu em "A Rite of Passage", também da bolacha mais recente, uma das mais aplaudidas da noite.
Outra polêmica é a Pista Premium (também chamada de VIP, dependendo da ocasião). O setor tornou-se uma constante em apresentações de rock e metal e privilegia exclusivamente os fãs mais afortunados. Por conta disso, a bipolaridade "pista x camarote" agora é "comum x VIP", . Contudo, ao contrário de outras vezes na mesma casa de espetáculos - como, por exemplo, no Heaven & Hell e no Oasis -, a divisão foi mais tumultuada e menos organizada. Ao fim, felizmente, tudo deu certo.
Um solo de teclado do competente e tecnicamente impecável Jordan Rudess (e seu alter-ego no telão) deu lugar a Sacrificed Sons, já executada em 2005, com direito a imagens relacionadas aos atentados de 11/9. Um belo momento, que foi emendado com a calma "Solitary Shell", mais um "repeteco" para quem acompanhou a antepenúltima passagem deles.
O ponto alto foi, definitivamente, "In the Name of God". Altamente ovacionada, pessoas já exaustas cantavam a plenos pulmões e até mesmo lacrimejavam. "Take the Time", esquecida em solo carioca, finalmente foi tocada, com direito a citações ao Rush (enquanto LaBrie sentava perto da bateria do Portnoy, esperando os outros terminarem).
"The Count of Tuscany", como de costume (o mesmo ocorreu em POA, Curitiba e São Paulo), foi a responsável por encerrar a noite. Desnecessário citar o quanto a composição foi aclamada, principalmente com a sua parte mais calma, emocionando muitos marmanjos que lá estavam.
O saldo final da noite foi mais do que positivo. A performance, no geral, foi soberba. Desnecessário citar a qualidade individual de cada um dos integrantes. O palco, embora inferior ao de 2008, tornou-se secundário perante uma apresentação tão bem feita por parte dos músicos e fãs - sim, o público fluminense esteve presente em um bom número, agitando de um jeito poucas vezes visto, um exemplo total. Que venha a próxima vez!