A primeira noite do Rock in Rio com AC/DC e Scorpions em 1985
Resenha - Rock In Rio (Rio de Janeiro, 15/01/1983)
Por Windson Alves Mello
Fonte: Showbizz e Disconnected
Postado em 26 de janeiro de 2010
Em 15 de janeiro de 1985 ocorreu o quinto dia de shows no Rock in Rio. No mesmo dia estava acontecendo a eleição civil entre Tancredo Neves e Paulo Maluf. Nesse dia, a maioria dos presentes desfilavam com bandeiras do Brasil pela Cidade do Rock e gritavam o nome de Tancredo sem parar. Os artistas nacionais do dia também não ficaram de fora dessa festa, como Kid Abelha e Os Aboboras Selvagens (assim era chamada a banda na época), Eduardo Dusek e o Barão Vermelho.
Para variar, os chamados "metaleiros" (fãs de heavy para a imprensa brasileira) voltam a chamar atenção da midia assim como aconteceu no primeiro dia do evento. Eles estavam lá para assistirem a primeira apresentação em território brasileiro das bandas Scorpions e AC/DC, além de terem trazido de volta para a Cidade do Rock as tão comentadas vaias para os artistas nacionais destiladas no primeiro dia. O grupo da vocalista Paula Toller abriu os trabalhos do dia subindo no palco carregando uma bandeira do Brasil e exaltando Tancredo Neves, além de terem enfretando as vaias (e dizem que até pedradas) e também o excesso de estrelismo do seu baterista na época, que decidiu iniciar um solo de bateria após a banda se despedir do publico. Ele foi retirado do palco sendo carregando pelos próprios integrantes.
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Eduardo Dusek também passou pela mesma saia justa no palco ao ser vaiado pelos headbangers. As vaias e as pedradas renderam no dia seguinte um protesto de Herbert Vianna contra o ato durante o show do seu Paralamas do Sucesso no festival, dizendo: "Em vez de jogar pedra, fiquem em casa aprendendo a tocar guitarra e quem sabe um dia vocês não taum aqui em cima?"
O Barão Vermelho foi aliviado das vaias do publico e fez um antológico show. O grupo liderado por Cazuza tava vivendo o melhor periodo da carreira através da boa vendagem do disco Maior Abandonado (1984). Referências à eleição não faltaram com bandeirinhas nos instrumentos, além do guitarrista Roberto Frejat ter se apresentado com uma calça verde e uma camisa amarela. Antes de entrar o solo de guitarra em "Pro Dia Nascer Feliz" (música que encerrou o show do Barão) Cazuza soltou uma das frases mais memoraveis do festival: "Que o dia nasça lindo pra todo mundo amanhã. Um Brasil novo e com a rapaziada esperta!". No final, o mesmo Cazuza se despediu com uma bandeira do Brasil enrolada no corpo e nos bastidores ele exaltou os headbangers com "Esses metaleiros são da pesada" em entrevista à jornalista Leila Cordeiro da TV Globo.
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Após a apresentação do Barão Vermelho, chega a vez da parte estrangeira do dia e o primeiro a subir no palco foi o Scorpions, que entrou através de um elevador que estava abaixo da bateria de Herman Rarebell (baterista do Scorpions na época) e abriram com "Coming Home". A banda alemã estava na turnê do disco "Love At First Sting" (1984) e que renderia o album duplo ao vivo "World Wide Live", editado em Junho de 85. Nesse dia, Klaus Meine pegou uma bandeira do Brasil e resolveu tremulá-la, levando a plateia ao delirio após a execução de "Make It Real". Outro grando momento do show foi quando a banda tocou um dos maiores sucessos da época, a balada "Still Loving You", que inclusive fez parte da trilha sonora da novela "Corpo a Corpo", exibido pela TV Globo durante a realização do festival. Também é bom lembrar que no mesmo show, Rudolf Schenker jogou sua Flying V pro alto e quando foi recebê-la, ela bateu na sua testa, fazendo-lhe um corte. Mas ele não parou de tocar.
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Depois do Scorpions, foi a vez dos australianos do AC/DC subirem no palco. O showman Angus Young apareceu no palco solando a sua Gibson SG, antes da banda abrir o show com "Guns For Hire". Pra ter a presença confirmada no Brasil, a banda disse que não abriria mão do sino de meia tonelada, que é marretado por Brian Johnson em Hells Bells. Medina trouxe o sino de navio e na hora de coloca-lo no palco, a estrutura do mesmo não agüentou e o cenógrafo do festival fez às escondidas um sino de gesso. A banda havia interrompido as gravações do album "Fly On The Wall", que seria lançado em 85 e eles haviam lançado no ano anterior o EP "74 Jailbreak". O shows dos dias 15 e 19 foram um resquício da turnê do disco "Flick of The Switch", lançado em 1983. O baterista na época era o Simon Wright.
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Tanto o Scorpions quanto o AC/DC voltariam à Cidade do Rock quatro dias depois para a verdadeiramente chamada "Noite do Metal", mas isso é uma outra história.
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