O frontman de fenômeno do rock nacional dos anos 2000 que era lindo, mas queria ser feio
Por Gustavo Maiato
Postado em 12 de julho de 2025
Nos anos 2000, o LS Jack despontou como um dos maiores fenômenos do pop rock brasileiro. Com baladas românticas em alta rotação nas rádios e videoclipes em destaque na MTV, a banda conquistou fãs por todo o país — mas, segundo o empresário e produtor musical Marcelo Braga, o sucesso não foi exatamente simples para todos os envolvidos.


Em entrevista ao podcast Corredor 5, Marcelão Yahoo, que empresariou o grupo ao lado de Zé Henrique, revelou uma curiosa contradição do vocalista Marcus Menna: "Ele era bonito pra caramba, mas queria ser sujo, roqueiro. Queria ser feio", contou, aos risos. "Aquela galera que quer tocar mal, fazer aquele som podrão. Mas não dava: o cara era um galã, cantava bem, presença absurda no palco."
Durante a conversa, o produtor relembrou o processo de criação de "Carla", um dos maiores sucessos do grupo. A música, segundo ele, quase foi gravada por Luísa Possi. "Estávamos no elevador do estúdio Mega, e o Marquinho (Menna) comentou que tinha feito uma música pra Luísa. Ele cantou: ‘Eu te amei’. Eu e o Zé dissemos na hora: ‘Você não vai dar isso pra Luísa, não!’", contou Marcelão.

O refrão ainda não existia, mas nasceu ali mesmo, improvisado no elevador. "Zé perguntou: ‘Qual o nome da sua namorada?’ — que depois virou esposa dele. ‘Carla’. Pronto. Botamos ali o nome, arredondamos e virou o que virou", lembra. Apesar de não terem crédito oficial na autoria, ele diz que a música foi finalizada em conjunto com os produtores.
"Carla" levou o álbum Vibe à marca de disco de platina e consolidou o LS Jack como banda de destaque naquele momento, numa cena que disputava espaço com nomes como Detonautas, CPM 22 e Charlie Brown Jr.
Segundo Marcelão, o início da banda foi modesto, mas promissor. Descoberta pelo próprio produtor e Zé Henrique, o LS Jack gravou suas primeiras demos ainda antes de assinar contrato. "Sacamos que tinha muito talento ali. Marquinho era um baita compositor e frontman. A gente entrou com a produção musical, mas também com a gestão empresarial. Fizemos os três primeiros discos e também cuidávamos da carreira." Os três primeiros anos foram de batalha. "Empatava, empatava, empatava. Vivia-se, mas não dava lucro. Só com o Vibe a coisa virou de verdade", disse.

A banda também teve suas divergências internas, especialmente sobre o direcionamento musical. "Marquinho não queria que ‘Carla’ fosse o primeiro single. Achava comercial demais. Tinha essa preocupação artística, sabe? Ele queria lançar outra antes, tipo ‘Talvez’. Mas ‘Carla’ foi pé na porta", contou Marcelão.
Com o sucesso consolidado, o grupo passou a trabalhar com outros produtores, como Rick Bonadio e Marcelo Sussekind. Ainda assim, o acidente sofrido por Menna em 2004 interrompeu a trajetória da banda num de seus momentos mais promissores.
Vinte anos depois, a figura de Marcus Menna ainda é lembrada como um símbolo daquela geração. "Ele era o cara que queria soar como uma banda suja de garagem, mas entregava uma performance impecável. Bonito, carismático, bom de palco. E tinha um coração de ouro", concluiu Marcelão.

Confira a entrevista completa abaixo.

Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps