O ídolo do rock já falecido que certamente tocaria na despedida do Black Sabbath
Por Bruce William
Postado em 12 de julho de 2025
Kurt Cobain jamais sonhou em ser um líder de banda nos moldes clássicos. Ele queria viver a música intensamente, mas sem adotar o figurino do astro de rock. "Eu queria estar lá atrás, mas ser uma estrela do rock ao mesmo tempo", explicou certa vez em entrevista que sintetiza o dilema que o acompanharia até o fim.
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Desde a adolescência, a música foi sua forma de sobrevivência emocional. Enquanto seus colegas vibravam com letras de conquista e ostentação, ele se conectava com melodias que refletiam dor, inquietação e deslocamento. A fama veio como um fardo, não como um desejo realizado. Chegou a declarar que não gostava do Led Zeppelin por considerar suas letras "vulgares e degradantes", o que deixa claro que seu foco estava em outra frequência.
Foi nesse caminho meio tortuoso que um dia ele descobriu algumas músicas do Black Sabbath. Não as mais conhecidas, e sim as mais pesadas, que não tocavam no rádio de Aberdeen. "Eu me tornei fã de rock naquele exato momento", disse Cobain. "Um fã de um rock mais pesado." A experiência mudou seu modo de compor: menos preocupação com perfeição, mais entrega crua, instintiva, baseada na emoção e na textura do som.

A influência do Sabbath foi tão marcante quanto a dos Beatles. Com os Fab Four, ele aprendeu sobre ritmo e simplicidade com força melódica. Com o Sabbath, sobre como transformar densidade e angústia em arte barulhenta. Não à toa, usou uma imagem provocadora para definir sua banda: "Acho que soamos como The Knack e Bay City Rollers sendo molestados pelo Black Flag e pelo Black Sabbath."
Essas referências não eram apenas estéticas. Eram parte de sua identidade musical, da maneira como via o mundo e traduzia isso em música. Cobain nunca tentou soar original, ele se preocupava mais em soar verdadeiro. E isso incluía carregar consigo os ruídos e as sombras herdadas de Iommi e companhia, ainda que filtradas por sua própria sensibilidade ferida.

Por tudo isso, não seria exagero imaginar Cobain presente na despedida do Sabbath, se ainda estivesse entre nós. Mesmo que não subisse ao palco com eles, teria assistido de perto, com reverência. E se fosse convidado, certamente aceitaria sem hesitar - talvez em silêncio, talvez de cabeça baixa, mas com a certeza de que ali estava uma parte essencial daquilo que o moldou.

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