O clássico do Floyd que Roger Waters temia que David Gilmour tivesse roubado de outra pessoa
Por Bruce William
Postado em 12 de julho de 2025
O clima não era dos melhores quando o Pink Floyd entrou nos estúdios da Abbey Road no começo de 1975. Depois do sucesso estrondoso do "Dark Side of the Moon", lançado dois anos antes, a banda se sentia esgotada, desconectada e pressionada. Roger Waters resumia o novo projeto como "trabalhar com pessoas que você sabe que não estão mais ali", enquanto Nick Mason dizia que "realmente gostaria de não estar ali". Era o início do fim, e o disco que nascia sob esse clima tenso seria "Wish You Were Here."
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Apesar das turbulências internas, o álbum renderia um dos momentos mais espontâneos e belos da história do grupo. Tudo começou quando David Gilmour, sem grandes pretensões, pegou seu violão de 12 cordas e começou a dedilhar uma sequência de acordes no controle da sala três da Abbey Road. O riff que surgia ali acabou chamando a atenção de Waters, que reagiu com um misto de admiração e desconfiança.
"Eu tinha o terrível hábito de tocar trechos de músicas de outras pessoas que eram boas", admitiu Gilmour, anos depois, em entrevista para divulgar a edição Immersion do disco resgatada pela Classic Rock. "E acho que o Roger ficou um pouco nervoso ao perguntar o que era aquilo, com medo de que fosse de alguém."

Ainda assim, o embrião virou obsessão. Gilmour passou a trabalhar no riff, que seria o coração da faixa-título do disco. A ideia da banda foi recriar a experiência de alguém sintonizando uma rádio, passando por estações - incluindo um trecho da Quarta Sinfonia de Tchaikovsky - até parar naquela melodia distante, que logo seria acompanhada por um violão mais presente. A intenção, segundo Gilmour, era dar a impressão de que um garoto ouvia o violão no rádio e começava a tocar junto em seu quarto. "Por isso ele não deveria soar muito limpo, e não soou mesmo", explicou o guitarrista. "Cada vez que ouço a gravação original, penso: 'Meu Deus, eu devia ter feito isso um pouco melhor'."

O arranjo chegou a contar com a participação do violinista de jazz Stéphane Grappelli, mas seu solo foi praticamente apagado da versão final (alguns dizem que ele ainda é audível no fim da faixa). O que permaneceu foi a letra melancólica de Waters, com versos como "Somos apenas duas almas perdidas nadando num aquário, ano após ano", que muitos interpretaram como um reflexo de seu casamento desmoronando, mas que, na verdade, era uma homenagem a Syd Barrett.
Muitos anos mais tarde, antes de tocarem "Wish You Were Here" no Hyde Park, no show de reunião no Live 8 em 2005, Waters falou ao microfone: "Estamos fazendo isso por todos que não estão aqui. E, em especial, claro, por Syd." Ali não restou nenhuma dúvida: o riff suspeito, a letra nostálgica e a dor não resolvida estavam todos direcionados ao amigo que se perdeu cedo demais.

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