O álbum do Metallica que Lars Ulrich achou "duro demais" até para os padrões da banda
Por Bruce William
Postado em 12 de julho de 2025
Quando o Metallica começou, a ideia era simples: fazer músicas rápidas, pesadas e que empolgassem tanto no estúdio quanto no palco. Canções como "Seek and Destroy" e "Whiplash" não apenas exigiam habilidade, mas tinham um groove natural, que dava prazer de tocar. Mas algo se perdeu pelo caminho após a morte de Cliff Burton. E, segundo Lars Ulrich, isso ficou evidente em um dos álbuns mais celebrados da banda.
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Lançado em 1988, "... And Justice for All" marcou a estreia de Jason Newsted no baixo e trouxe algumas das composições mais longas e complexas do Metallica. Mas por trás do virtuosismo técnico, havia um problema de fluidez. Ulrich revelou que a forma como o disco foi gravado prejudicou a espontaneidade das músicas. "Era sempre sobre não errar. No passado, tudo era sobre gravar a batida perfeita. Éramos só eu e James, ele tocava só para me acompanhar. A gente gravava em pedaços separados, então tudo acabou ficando meio travado".
Além da execução meticulosa, a própria mixagem - que praticamente apagou o baixo de Newsted - contribuiu para o som árido e seco do disco. Ainda que faixas como "One" e "Dyers Eve" se destaquem até hoje, boa parte do material passou a soar travado com o tempo. Para Lars, o álbum tinha mais rigidez do que energia.

A guinada veio com o "Black Album" (1991). Ao desacelerar e simplificar os arranjos, o Metallica encontrou uma nova forma de soar pesado. "Sad But True", por exemplo, teve seu riff principal desacelerado até atingir uma densidade comparável ao Led Zeppelin. A nova abordagem permitiu que o peso das músicas fosse sentido no corpo, e não apenas admirado pela técnica.
Essa mudança também refletiu na forma como Lars passou a encarar a bateria. Antes obcecado por nomes como Neil Peart e Ian Paice, ele começou a admirar bateristas mais diretos, como Charlie Watts e Phil Rudd. "Foi com 'Enter Sandman' que comecei a perceber o valor da simplicidade", comentou em entrevistas resgatada pela Far Out. A técnica passou a servir à canção, e não o contrário.

A decisão de mudar o rumo da banda não agradou a todos. Muitos fãs acusaram o Metallica de se vender ao mainstream. Mas, segundo Ulrich, o problema já existia antes disso. "... And Justice for All" foi o disco que forçou a banda a reconhecer seus limites: não dava mais para seguir com composições que pareciam tarefas a serem cumpridas em vez de músicas vivas. E foi dessa crise que surgiu uma nova fase, que é mais acessível e também mais coesa.
No fim das contas, o "disco travado demais" acabou sendo o ponto de ruptura. Para o Metallica evoluir, era preciso desapegar do excesso de complexidade. E talvez essa tenha sido uma das decisões mais difíceis e ao mesmo tempo mais acertadas da carreira da banda.

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