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Música: O Rock Nacional está morto?

Por Juliano Oliveira
Fonte: Juliano Oliveira
Postado em 10 de novembro de 2014

Uma das maiores paixões da minha vida é a música. Nela encontro conforto, reflexões, respostas e sempre é uma fundamental ferramenta para estimular meus pensamentos. Claro que ela tem sua função de entreter o ouvinte, mas essa deve ser uma das funções, não apenas a única. É assim pra mim e para muitas outras pessoas.

Eu diria que a função principal de uma obra artística é levar alguma mensagem que seja útil, que tenha um conteúdo, seja filosófico, concreto, abstrato ou qualquer tema que a sociedade possa aproveitar e absorver para si as qualidades contidas nessa obra.

Mas no mundo todo, a função principal da música é entretenimento, ela é usada para divertir e sua função de expressão artística foi distorcida com o tempo. Então, quero falar um pouco sobre meu ponto de vista sobre música, arte, sociedade e a cena rock brasileira.

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Apesar de outras funções da música, sua função principal é ser uma forma de arte, de expressar-se artisticamente.

Economicamente é indiscutível que música é a forma de arte que mais movimenta o mundo. E é essa infeliz característica econômica que torna um estilo musical vivo na sociedade.

A música clássica, por exemplo, que é um estilo musical extremamente complexo, não tem como função principal a de entretenimento, não é economicamente um estilo lucrativo e tem um público extremamente segmentado. Diria que música clássica é a essência da arte musical.

Já a black music, que é um movimento norte-americano, tem a função quase que apenas de entreter o ouvinte, de divertir-lo e é um estilo extremamente rentável. Porém, a arte nesse estilo fica em segundo plano, dando lugar ao apelo sensual, sexual ou romântico e sentimental. Podemos ver isso nos clipes e nas letras de seus maiores hits. Quero deixar claro que não estou fazendo nenhuma crítica direta ao estilo e nem dizendo que todo o estilo segue essa linha em todos os casos.

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Aqui no Brasil, percebemos esse mesmo tipo de movimento na música nos estilos mais lucrativos como o sertanejo moderno, no pagode, no axé e no funk carioca. Esses formam o perfil do estilo musical brasileiro e contemporâneo. Faça uma análise rápida, procure algum desses estilos que em suas letras, danças ou forma de expressão não seja um apelo a sensualidade, sexualidade, romantismo ou sentimentalismo.

Veja bem, eu não vejo problema nenhum cantar sobre o amor, sobre o chifre que 'ela' botou no intérprete da canção ou mesmo um estilo feito pra dançar, como o axé, mas será que é só isso que temos pra cantar nas canções brasileiras? Será que nenhum artista tem coisa melhor pra dizer do que ‘Tchê, tchêrere, tchê, tchê, Gustavo Lima e você’?

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Aqui no Brasil, não ouvimos mais nas rádios o samba de raiz como o ‘Fundo de Quintal’, não temos mais um grande malandro como ‘Bezerra da Silva’, não existe mais o sertanejo regional de um ‘Teixeirinha’, nem mesmo o já popular MPB de ‘Gilberto Gil’ dos anos 60 e nem o pop/rock nacional dos anos 80 de um ‘Engenheiros do Hawaii’.

Com todo respeito aos artistas da cena atual, esses estilos não tem mais representantes como os que já existiram no passado. Não por não serem bons no que fazem, mas por não serem mais estilos que representam a sociedade e seus desejos.

Não é apenas o Rock Nacional que morreu. A música brasileira em sua função principal, de expressão artística, bateu as botas, vestiu o paletó de madeira, foi pra terra dos pés juntos, ‘deu PT’ (se é que você me entende).

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Hoje música é para dançar, pra ‘curtir a night’, pra falar bobagem, pra dizer que beijo na boca é coisa do passado, que é do ‘lepo lepo’ que ela gosta, pra dizer que ela está com o 'loló' pegando fogo.

Você não encontra mais um ‘Buarque’ procurando palavras pra dizer que é contra o governo, você não vê mais um ‘Caetano’ cantando os absurdos desse país cheio de injustiças.

As escolas não estimulam os jovens, os jovens não se interessam pela escola, ‘o negócio agora é namorar pelado’. Não se engane, não é atoa que a educação no país está às traças, jogada aos mosquitos, repletos de hienas de foro privilegiado em volta da carne em decomposição que está a educação brasileira.

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O rock nacional, estilo de música que eu sou extremamente apaixonado, aqui no Brasil ainda tem alguns guerreiros (principalmente na cena underground) que travam uma batalha contra um oponente muito mais poderoso, a ignorância.

Dê uma pesquisada e vai ver que em todos os grandes movimentos sociais da história sempre estará ligada a um estilo musical característico desse movimento e o rock é um dos mais adequados quando lembramos da revolta do povo, da indignação social, do nojo que um povo tem de seu governo corrupto.

Não é por acaso que toda a mídia, que é bancada com os milhões gastos com publicidade do governo, está com o foco virado apenas para esse movimento do funk promiscuidade e orgia, do funk ostentação, do axé bahiano. Isso deixa o povo feliz, estimula o povo a fazer mais sexo e pensar menos nos problemas. Afinal, gostoso mesmo é ‘gozar’ a vida.

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Não se engane meu caro, o rock nacional morreu pois os governos perceberam que ele diz a verdade que está engasgada, ele faz a população pensar, ele informa, ele faz as pessoas menos ignorantes.

O Rock Nacional morreu para a sociedade, mas continua vivo no coração de quem tem esperança em ver um Brasil melhor, mais justo e menos corrupto.

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