O que Bruce Dickinson diz sobre as músicas de "Senjutsu", do Iron Maiden
Por Igor Miranda
Postado em 06 de setembro de 2021
O vocalista Bruce Dickinson fez comentários aprofundados sobre praticamente todas as músicas de "Senjutsu", novo álbum do Iron Maiden, em entrevista à Apple Music. As falas do cantor foram traduzidas pelo Whiplash.Net.
Apenas duas das 10 faixas do disco não foram abordadas por Dickinson na ocasião: "The Time Machine" e "Death of the Celts". Sobre esta última, porém, ele já havia falado em entrevista anterior à Forbes.
Antes de abordar as músicas separadamente, Bruce Dickinson comentou à Apple Music a respeito do álbum em si. O cantor brincou que a banda já havia "roubado" culturas de alguns países por meio de seu mascote, Eddie, no passado - então, pareceu uma opção natural fazer alusão ao Japão em "Senjutsu", tanto no título quanto nas ilustrações do personagem na capa e no encarte do disco.
"Já tivemos um Eddie maia, um Eddie de ficção científica, um Eddie monstro especial, um Eddie egípcio, um Eddie múmia. Já tivemos até um Eddie com espada de samurai no EP 'Maiden Japan' (1981), mas isso foi há muito tempo. A banda sempre foi muito popular no Japão, que é um lugar bem exótico com uma história de samurais bem rica. Mas a maioria das canções não tem relação com isso ou entre si", afirmou.
Veja, a seguir, os comentários de Bruce Dickinson sobre quase todas as músicas de "Senjutsu".
"Senjutsu", a música
Bruce Dickinson: "Essa começa com algumas batidas sinistras do que se destina a soar como aqueles grandes tambores taiko japoneses. Então Nicko (McBrain, baterista) chega com essa batida que não são como os Keystone Cops, porque acho que chegamos ao ponto em que nos sentimos confiantes o suficiente para sermos dramáticos sem ter pressa. E essa faixa tem drama por toda parte. Para mim, ela constrói e constrói e constrói. Há uma fuga vocal no meio, com ecos indo além, e, em seguida, outra linha vocal. Ela se dissolve lindamente nesta linha vocal realmente magistral conforme você chega na última metade da melodia. Tem um refrão? Não. Existem milhões de refrães diferentes, todos amarrados juntos. Na maior parte, o vocal é feito em uma harmonia de duas partes. É uma das minhas faixas favoritas e será uma ótima maneira de abrir um repertório ao vivo".
"Stratego"
Bruce Dickinson: "Stratego é um jogo de tabuleiro. Eu nunca joguei, mas é parecido com o xadrez. Eu estava pesquisando um pouco e descobri que o Stratego era baseado em um jogo de tabuleiro francês do século 19. Esse jogo era baseado em algo chamado xadrez militar. O xadrez militar japonês, por sua vez, é um jogo chamado shogi. Os personagens são basicamente pedras planas com caligrafia japonesa, cada uma denotando um guerreiro de alguma descrição. Você tem um lado preto e um lado branco, mas é inteiramente possível que os personagens mudem de lado. Não só isso, mas também podem se transformar em um personagem diferente. É um jogo de estratégia e tática, mas também de traição e intriga".
"The Writing on the Wall"
Bruce Dickinson: "Essa música tem basicamente duas partes e a introdução define o cenário. Quando ouvi pela primeira vez, pensei: 'isto aqui é um pouco (como um filme do diretor Quentin) Tarantino, é um pouco deserto'. Via um cenário Mad Max se abrindo. Eu acho que (o guitarrista) Adrian (Smith) já tinha o título e um ótimo riff, então trabalhamos o corpo da música em torno disso. Achei que era um ótimo título para o que está acontecendo no mundo agora. Há muitas coisas surgindo em nosso espelho retrovisor - elas podem estar mais perto do que parecem. Há muitas escolhas que as pessoas precisam fazer sobre em que tipo de mundo querem viver. Eu compus a música sem tentar fazer qualquer tipo de pregação, mas para dizer: 'você não pode enterrar sua cabeça na areia, essas coisas vão te morder se você não fizer algo sobre isso'".
"Lost in a Lost World"
Bruce Dickinson: "No início, você acreditaria que acidentalmente entrou em um álbum do Moody Blues ou no Pink Floyd fazendo algo por volta de 1973, com os vocais em camadas e coisas assim. Nunca fizemos nada tão explicitamente detalhado como isso antes. Mas não dura muito até que algum demônio saia e acerte você na cabeça com uma marreta e a faixa comece. E então ela te leva em uma jornada para um mundo fantástico que deixou de existir".
"Days of Future Past"
Bruce Dickinson: "Essa faixa é o mais perto que você vai chegar das eras de 'Piece of Mind' (1983) ou 'Powerslave' (1984). Quatro minutos, riff superenergético, grande refrão do tipo hino, grandes vocais - tudo isso. Riff incrível de Adrian e basicamente nenhum solo de guitarra. A letra é uma reimaginação da história em quadrinhos 'Constantine', particularmente a versão cinematográfica com Keanu Reeves. É uma configuração interessante, porque sempre existe a suposição de que Deus é o mocinho. Mas nesse cenário, Deus parece ser um narcisista manipulador. Ele é quase como um psicopata: 'vou fazer todas essas coisas horríveis com você, e você apenas tem que me amar'. Como isso funciona? É isso que a música pede".
"Darkest Hour"
Bruce Dickinson: "'Darkest Hour' não se refere apenas ao filme sobre Winston Churchill - é também sobre ele como pessoa. Muitas pessoas criticam Churchill porque ele cometeu muitos erros e fez coisas que as pessoas não aprovavam. Era quase certo que ele era um alcoólatra de verdade, mas um alcoólatra funcional. Ele disse coisas horríveis sobre as mulheres. Ele fez todas essas coisas pelas quais seria apropriadamente condenado. Mas a parte pela qual as pessoas perdoam tudo isso - certamente eu perdoo - é que ele enfrentou os nazistas e disse: 'não, eles são bárbaros; mesmo que as probabilidades estejam contra nós, nós, como nação, vamos resistir'. Metade de seu gabinete e governo teria ficado do lado dos nazistas e feito um acordo. Mas ele inspirou a nação a fazer a coisa certa".
"The Parchment"
Bruce Dickinson: "Você realmente tem que ter cuidado com esta aqui se você é uma dessas pessoas que gosta de tanques de isolamento e vai colocá-la nos fones de ouvido. É uma procissão, de verdade. O fim dela soa como o imperador voltando, o filho pródigo voltando para casa após uma longa jornada. Mas toda a seção intermediária é absolutamente hipnótica. É uma faixa monstruosa, mas a partir de camada sobre camada sobre camada de diferentes repetições. Se você parar pra entendê-la, é realmente complexo. Acho que Steve se trancou por dias para pensar nisso. Tivemos que aprendê-la em etapas porque era a única maneira possível".
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Bruce Dickinson: "Steve é ??uma pessoa pouco convencional. Ele não é uma pessoa extrovertida - exceto no palco, quando ele enlouquece com um baixo. Mas acho que ele sente muitas coisas profundamente sobre o mundo em que está. A banda Blur tinha um álbum chamado 'Modern Life Is Rubbish' ('A vida moderna é um lixo', em tradução livre) e acho que Steve concordaria com esse sentimento e diria: 'Que tipo de mundo estamos criando? Talvez eu deva apenas dormir. E então, se eu passar para a próxima vida, talvez eu volte e tudo ficará melhor - porque este lugar é o inferno na terra'. Não acho que ele esteja recomendando acelerar sua passagem para o outro mundo, porque nós temos uma turnê a fazer. Mas ele está genuinamente preocupado com as coisas".
Bônus: "Death of the Celts" (mas em outra entrevista, à Forbes)
Bruce Dickinson: "Não sei o que rola com homens de saia, mas Steve tem uma fixação nisso (risos). 'Death of the Celts' é uma música de Steve Harris, ele gosta muito de escrever músicas sobre pessoas que são meio que identidades tribais ameaçadas. Ele já fez isso antes com algumas músicas sobre os nativos americanos e coisas assim. Acho que ele sente algum tipo de afinidade com grupos cujas identidades estão ameaçadas - e que preferem morrer do que mudar quando estão nesse tipo de situação".
[an error occurred while processing this directive]Iron Maiden - O álbum "Senjutsu"
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