Max, Andreas, Fernanda e Prika falam sobre Lemmy; "Esse cara fuma 40 cigarros de uma vez?!"
Por Bruce William
Postado em 28 de dezembro de 2025
A Metal Hammer pediu para músicos de várias bandas escolherem músicas do Motörhead e explicarem o motivo. Nós recortamos só quatro depoimentos de músicos brasileiros: Max Cavalera, Andreas Kisser, Fernanda Lira e Prika Amaral. O resto está no texto original.
Max Cavalera (ex-Sepultura/Soulfly) puxou "Dancing On Your Grave" e lembrou o impacto de comprar "Iron Fist" e "Ace Of Spades" em Belo Horizonte: "Eu comprei 'Iron Fist' e 'Ace Of Spades' numa loja de discos em Belo Horizonte. Lembro de mostrar pra minha mãe, e ela ficou assustada: 'Esses caras parecem perigosos.' Eles pareciam mesmo gente com quem você não queria arrumar briga. Mas 'Another Perfect Day' é um disco extremamente subestimado - é um dos melhores do Motörhead. A entrada do Brian Robertson, do Thin Lizzy, levou melodias pro Motörhead que não existiam antes. Tem várias melodias muito boas no disco inteiro - 'Shine', 'Back At The Funny Farm', 'Marching To War' e 'Dancing On Your Grave', que tem uma ótima introdução de guitarra. 'Dancing On Your Grave' também tem a palavra de onde eu tirei o nome Sepultura. Eu era um moleque traduzindo as letras com meu dicionário, e a palavra 'grave' é 'sepultura' em português."

Prossegue Max: "A primeira vez que eu encontrei o Lemmy foi num bar em Londres. Eu estava enchendo ele, dizendo: 'Eu sou do Brasil! Sou muito fã!' Ele só queria beber e jogar nos caça-níqueis. Uma hora ele se cansou e jogou o copo inteiro de uísque na minha cabeça. Pra mim, aquilo foi a melhor coisa do mundo - na minha cabeça torta, foi como se eu tivesse sido batizado pelo Lemmy. Tem gente que é batizada no rio Jordão por um padre; eu fui batizado pelo Lemmy num pub. Anos depois eu li uma entrevista dele, e ele disse que gostava de mim porque eu era um filho da puta arrogante como ele. Aquilo foi uma das coisas mais legais."
Andreas Kisser (Sepultura) escolheu "Orgasmatron" e disse que a música virou quase "território Sepultura" no Brasil: "'Orgasmatron' é muito importante pra gente, e a gente ainda toca [ao vivo] porque é o nosso melhor cover. Quase virou nossa música; muita gente no Brasil que nunca ouviu Motörhead acha que é uma música original do Sepultura porque a gente toca tanto! O Lemmy sempre foi muito respeitoso, a gente tocou 'Orgasmatron' junto muitas vezes - nós com eles, ele subindo com a gente - e a gente ainda tocou 'Overkill' com eles no Brasil, no Rock in Rio.
Andreas comenta ainda: "Estar no palco com o Motörhead... UAU! A gente estava no Brasil e o Motörhead ia tocar num ginásio grande, com um som horrível. O Motörhead tocou duas músicas e parou, o Lemmy saiu e voltou, arrastou o promotor pro palco e disse: 'Agora esse cara vai explicar pra vocês por que a gente não vai tocar mais nenhuma música.' O cara ficou tipo: 'Ah! Desculpa, pessoal, tivemos uns problemas, vamos remarcar o show pra daqui a três dias, num lugar melhor!' E aí foi isso: fizeram em outro lugar alguns dias depois, soou bem melhor, e eles tocaram 'Orgasmatron' com uma luz verde de baixo do rosto do Lemmy. Foi muito forte. Eu estava lá com o Max, o Iggor e o Paulo [Jr.], todo mundo junto, e aquilo resumiu a força daquele show. Então, quando a Roadrunner pediu pra gente fazer umas faixas-bônus do 'Arise', a gente decidiu fazer 'Orgasmatron' porque a gente ainda estava muito impactado pela música."
Fernanda Lira (Crypta) foi de "Sacrifice" e conectou Motörhead com Mikkey Dee e uma lembrança bem pé-no-chão de camarim: "Eu sou muito fã do King Diamond, então eu sou muito fã do Mikkey Dee, e acho que 'Sacrifice' é uma mistura perfeita do estilo do Motörhead com o estilo do Mikkey Dee. A primeira vez que eu ouvi, eu não acreditava que era Motörhead; é mais sombria, meio hipnótica, porque a mesma melodia e a mesma linha de bateria se repetem na maior parte da música. Uma amiga minha era amiga do Lemmy. Anos atrás - tipo, 2008 - ela me levou ao camarim dele. Quando eu conheci o Lemmy, eu não conseguia falar, mas ele foi a pessoa mais gentil do mundo. Foi uma das primeiras vezes que eu tinha entrado no camarim de uma banda grande, e tinha um monte de Kinder Ovo. Eu amo, mas aqui no Brasil é caro, e eu fiquei só olhando aquela pilha quando ele disse: 'Ei, você pode pegar um.' Ele estava falando com a minha amiga, mas ele percebeu. Foi uma besteira!"
E a Prika Amaral (Nervosa), falando de "Stay Clean", foi na veia do que muita gente sente quando escuta Lemmy pela primeira vez - e amarrou isso com a experiência de ver a banda ao vivo: "Eu sou doida por música dos anos 70 e eu adoro a vibe de 'Stay Clean'. Quando eu ouvi pela primeira vez eu não tinha ideia do que a letra queria dizer - eu não falava inglês na época - mas eu gostei tanto que, na primeira vez que eu ouvi a voz dele, foi tipo: 'Esse cara fuma 40 cigarros de uma vez?!' Eu sempre tive punk nas veias e, quando eu ouvi Motörhead, foi tipo: 'Ok, não é punk, mas também não é heavy metal.' É tudo junto! Eu só consegui ver eles uma vez - acho que foi em São Paulo em 2009 - e foi a melhor experiência da minha vida. Eu só lembro de como era absurdamente alto, como se o baixo estivesse me abraçando e a bateria estivesse fazendo meu coração tremer."
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