Como um cover levou Ritchie Blackmore a sair do Deep Purple e formar o Rainbow
Por André Garcia
Postado em 12 de abril de 2022
O Deep Purple não era de seguir uma mesma direção por muito tempo. Fundado em 1968 pelo guitarrista Ritchie Blackmore, começou com um som mais psicodélico, mas sem uma proposta definida. O que mudou com a chegada de Ian Gillan e Roger Glover, com quem a banda se tornou mundialmente conhecida como um dos maiores percussores do heavy metal, com clássicos como "In Rock" (1970) e "Machine Head" (1972).
Em 1973, Ian e Roger deram lugar a David Coverdale e Glenn Hughes, com quem a banda se reinventou sem perder a qualidade lançando "Burn" (1974). E, quando parecia que as coisas estavam no caminho certo, "Stormbringer" (1974) trouxe mais mudança.
Mudança essa que aconteceu, conforme publicado pela Ultimate Classic Rock, mais especificamente em 7 de abril de 1975 — o dia em que Ritchie Blackmore pegou a todos de surpresa (inclusive seus companheiros) ao deixar o Deep Purple.
A máquina de moer músicos
Para entender a saída do fundador da banda, é preciso entender que ela desde o começo da década emendava gravações e turnês. Rotina aquela que, com o grande sucesso atingido a partir de "Machine Head", se tornou massacrante. Tanto que o principal motivo da saída de Ian Gillan e Roger Glover havia sido justamente a exaustão.
Em 1975, os integrantes estavam acabados de tanto compor, gravar e viajar, o que também desgastou ainda mais a relação entre eles. Além da convivência forçada noite e dia, as tensões eram agravadas por doses cada vez maiores de drogas e vaidade. Blackmore, além de farto desses conflitos internos, estava ainda artisticamente frustrado e musicalmente insatisfeito com o Deep Purple.
Em "Stormbringer" Coverdale e Hughes acrescentaram suas influências pessoais, como soul music e funk, à sonoridade da banda, o que desagradou ao guitarrista, mais purista. Para piorar, durante as gravações ele quis gravar "Black Sheep of the Family", do Quatermass, mas a banda se recusou.
Se sentindo sem espaço em sua própria banda, ele chegou à conclusão de que precisava de novos ares. Assim, aproveitando uma pausa na turnê americana, Ritchie Blackmore gravou "Black Sheep of the Family" com Ronnie James Dio e sua banda, o Elf. No estúdio a química fluiu tão bem que eles decidiram gravar outra e outra… até terem aquilo que seria o disco de estreia do Rainbow.
Quando a massacrante rotina do Deep Purple foi retomada, já era claro para o guitarrista que não era ali que ele queria estar. Assim, após o fatídico show do dia 7 de abril em Paris, Blackmore chegou ao limite com aquela situação e finalmente deixou a banda. Pouco depois foi anunciada oficialmente a formação do Rainbow, bem como o lançamento de seu debut, que parecia ter saído do nada.
O Deep Purple seguiu em frente com Tommy Bolin como novo guitarrista, e com ele chegou a lançar "Come and Taste the Band", se separando pouco depois. Com o Rainbow, Ritchie Blackmore seguiu até 1984, quando reuniu o Deep Purple com a clássica formação de "Machine Head", que produziu "Perfect Strangers" (1984).
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