O intelectual francês que liga Eloy Casagrande do Slipknot a Humberto Gessinger
Por Gustavo Maiato
Postado em 29 de maio de 2024
O youtuber e especialista em rock nacional Julio Ettore publicou no seu Instagram um fato curioso que liga Eloy Casagrande, baterista do Slipknot, com Humberto Gessinger, ex-vocalista e baixista do Engenheiros do Hawaii.
"O que o baterista Eloy Casagrande - metralhadora de viradas e batidas, dono das baquetas do grupo americano de Nu Metal circense SLIPKNOT - tem a ver com Humberto Gessinger - admirador do rock progressivo econômico e detonador (quando mais novo) de qualquer forma de espetacularização nos palcos?
"Nada!"- bradarão, apressados, os fãs de ambos. Apaixonados como só os fãs de metal e dos Engenheiros do Hawaii podem ser.
(E do Los Hermanos)
Eis que o andreense de 33 anos contou em entrevista recente ao UOL que sim, há uma conexão Slipknot-Engenheiros do Hawaii muito interessante. E ela reside em nada menos que a máscara do baterista.
Segundo Eloy, a ideia original era que sua máscara tivesse desenhos apenas abaixo dos olhos - o que deixou ela um pouco esquisita, pois a testa parecia grande demais. Alguém sugeriu um círculo. Eloy foi mais radical: "por que a gente não coloca uma marca de tiro?"
A ideia tem referencial teórico existencialista francês: Albert Camus. Eloy contou que, ao ler Camus, teve contato com ideias como o absurdismo e o niilismo.
E disparou: ‘você ter um tiro é como se... eu estou com um tiro na minha testa, eu já estou morto. Nada mais pode me afetar. Você pode falar bem de mim, você pode falar mal de mim... (...) o artista nunca pode depender tanto da provação do público. A gente faz música porque a gente gosta, porque a gente quer fazer música.’
O mesmo Camus (filósofo francês falecido em 1960) inspirou diversas letras de Gessinger nos anos 80, sobretudo no clássico disco "A Revolta dos Dândis", de 1987. Inclusive a ideia do disco parte do filósofo - de seus conceitos de dândis e do "homem revoltado" (que eram os próprios Engenheiros em relação ao rock nacional dominante).
O legal é que as duas coisas conversam. Camus escreveu que a vida era absurda por não ter sentido, todo o sentido era criado por nós. E que, ao aceitar isto, deveríamos nos revoltar contra a falta de sentido do universo.
Que doidera, né? Mas, resumindo, a máscara de Eloy vem do mesmo cara que inspirou um clássico dos Engenheiros".
Eloy Casagrande no Slipknot
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