O álbum do Metallica que Lars Ulrich confessa que jamais faria de novo
Por Bruce William
Postado em 17 de maio de 2025
Depois da tragédia que tirou a vida do baixista Cliff Burton, em 1986, o Metallica precisava seguir em frente. James Hetfield quase encerrou a banda, mas decidiu continuar. Jason Newsted foi recrutado e entrou direto em estúdio com um grupo que acabava de lançar "Master of Puppets", um dos álbuns mais importantes do metal. A expectativa sobre o próximo passo era enorme — e o resultado foi algo inesperado.
Lançado em 1988, "...And Justice for All" trouxe um Metallica técnico, sombrio e cerebral. As músicas ficaram mais longas, mais complexas, mais frias. A faixa-título passa dos nove minutos. A abertura com "Blackened" já mostrava que nada ali seria simples. A banda parecia obcecada em provar domínio sobre seus instrumentos, em um disco onde peso e velocidade vinham acompanhados de estruturas quase progressivas.


O clima também mudou. As letras passaram a tratar de política, injustiça, guerra e censura. "One", a faixa mais marcante do disco, narra a angústia de um soldado mutilado em combate, num ambiente desolador. Foi o primeiro clipe da banda, com cenas do filme "Johnny Got His Gun". A imagem de uma Lady Justice sendo despedaçada na capa sintetizava bem o espírito do álbum: técnico, pesado e amargo.

Com esse pacote, o Metallica conquistou novos fãs, mas perdeu parte da espontaneidade dos discos anteriores. E isso não passou despercebido pelos próprios integrantes. Anos depois, Lars Ulrich falou sobre o que o álbum representou: "As músicas não podiam ficar mais longas, mais rápidas, mais autocentradas. O único objetivo era não errar ao tocar. Não dava mais para ser aquilo." Segundo ele, aquilo tudo virou um exercício mental, sem espaço para respirar.
A declaração foi dada no documentário Ultimate Albums, e ajuda a entender por que o "Black Album", lançado em seguida, foi tão diferente. A banda precisava se libertar daquela armadura. Lars admitiu que, se pudesse, não faria um disco como "...And Justice for All" de novo. Para ele, era o fim de uma linha.

Jason Newsted, por outro lado, vê o álbum de forma mais branda. Mesmo com o baixo praticamente inaudível — algo que o deixou furioso à época —, ele afirma que o disco capturou fielmente aquele momento da banda. "Não é perfeito, mas é perfeito", disse, citando que há discos que não precisam ser tecnicamente impecáveis para marcar época.

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