O grande problema das bandas do Rio de Janeiro, segundo funcionário do Circo Voador
Por Gustavo Maiato
Postado em 07 de agosto de 2025
Em uma cidade com história musical riquíssima, o rock carioca ainda enfrenta obstáculos antigos. A falta de espaços dedicados a shows e uma certa acomodação por parte de bandas e artistas seguem como entraves para o crescimento da cena. Mas algumas exceções mostram que o caminho ainda existe — basta coragem para trilhá-lo.

Lencinho Smith, produtor e parte da equipe administrativa do Circo Voador, é testemunha privilegiada da história da música no Rio de Janeiro. Com 21 anos de atuação na casa — e quase o dobro de vivência no cenário cultural da cidade — ele já viu de tudo. De bandas nascentes a lendas consolidadas, o Circo é ponto de encontro entre o novo e o consagrado.
"Desde os anos 80, o Circo sempre teve um propósito: revelar o novo e reverenciar os mestres e as mestras da música", diz em entrevista ao Corredor 5. "É o espaço onde se juntava Kid Abelha com Jards Macalé, Camisa de Vênus com artistas pop. Uma mistura improvável, mas que sempre funcionou." Segundo Lencinho, é justamente essa abertura ao risco que falta a muitas bandas atuais.
Para ele, o maior problema do rock no Rio não é apenas a escassez de casas de show — embora esse também pese. "A gente tem um déficit de lugares pra tocar, sim. Mas também tem uma falta de coragem e atitude de muitos artistas. Muita banda reclama de espaço, mas não quer atravessar a cidade pra tocar numa ocupação ou numa lona cultural", afirma.
Ele fala com propriedade. Além do trabalho no Circo, está envolvido com o Kingston, um espaço cultural na Lagoa, e projetos de ocupação no Méier. Ambos funcionam à margem do circuito comercial, mas cumprem papel essencial na formação de público. "Não é uma casa de show, é uma ocupação. Mas é importante pra nossa cultura", destaca.
Ao citar exemplos que fizeram diferente, Lencinho relembra o Planet Hemp. "Vi esses caras tocarem em tudo quanto é buraco. No Garage, na Eco, na Uerj... Eles jogaram todas as peças pro negócio acontecer", lembra. Outro nome que ele exalta é o Forfun. "Eles já lotaram o Qualistage, mas começaram nas lonas. Voltavam sempre pro subúrbio. Faziam a manutenção do público. Isso é o que segura uma banda."
Essa estratégia, de manter os pés no chão e circular por todos os territórios da cidade, é o que diferencia as bandas que sobrevivem das que desaparecem. "Quando o público vê que a banda voltou ao bairro dele, mesmo depois de fazer sucesso, ele se sente parte da história. Isso fideliza", resume.
Apesar das dificuldades, Lencinho acredita que ainda há fôlego na cena. "O Rio é gigante. Tem gente fazendo coisa boa em Bangu, em Realengo, em Campo Grande. Mas falta conexão. E, principalmente, falta presença."
Hoje, iniciativas como as que ele comanda tentam preencher esse vazio. O Kingston, por exemplo, é um bar com programação musical intensa. "Não é só um espaço, é uma rede. A gente tenta puxar quem tá fazendo, quem quer botar a cara."
O conselho de Lencinho para quem está começando no rock carioca é direto: "Vai pra rua. Não espera convite. Não espera estrutura. Se não tem lugar, cria. Se não tem público, forma." E ele encerra com uma máxima que, no Circo Voador, virou filosofia: "O novo não nasce na zona de conforto. Ele precisa de palco, mas também de risco. E, principalmente, de atitude."
Confira a entrevista completa abaixo.
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