Ensinei Jason Newsted a tocar baixo como deve ser feito, diz ex-produtor do Metallica
Por Bruce William
Postado em 03 de agosto de 2025
Durante sua participação no episódio 105 do podcast The Metallica Report, o produtor Bob Rock relembrou os bastidores da criação de "Load" (1996) e "Reload" (1997), álbuns que marcaram uma virada estética e sonora na trajetória do Metallica. Rock, que já havia produzido o "Black Album" (1991), contou como incentivou mudanças técnicas e estruturais na banda, e assumiu parte da responsabilidade pela guinada que desagradou parte dos fãs.
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Uma das revelações mais curiosas envolve Jason Newsted, então baixista da banda. "Jason não tocava baixo como um baixista. Ele só dobrava as guitarras. Eu ensinei pra ele: 'Cara, seja um baixista de verdade'. Então há momentos nos discos em que ele para de seguir o riff e passa a tocar com a bateria", explicou, conforme transcrição feita pelo Blabbermouth. Segundo Rock, isso só foi possível porque passou a gravar a banda ao vivo no estúdio, e não de forma mecânica como nos tempos de Flemming Rasmussen.
A nova abordagem adotada fez diferença já no "Black Album", mas ganhou força mesmo em "Load" e "Reload". Com duas guitarras gravando bases (Hetfield e Hammett), arranjos menos presos ao thrash metal, e influências externas cada vez mais evidentes, o som do Metallica se transformou. "Eles começaram a olhar pra outras bandas: Aerosmith, Rolling Stones, Guns N' Roses. A ideia de dois guitarristas influenciou o processo. E eles queriam experimentar", disse.

O processo, no entanto, não foi fácil. Rock lembrou que a banda chegou a gravar 26 faixas e, após um ano, Hetfield tinha vocais prontos para apenas três músicas. Como o cronograma não andava e os integrantes estavam prestes a ter filhos, decidiram se mudar para Nova York. "Foi lá que tudo mudou. Eles começaram a ouvir Lynyrd Skynyrd, por exemplo. E isso entrou no som deles. Mas é isso que uma banda faz", argumentou.
Em outro trecho, ele diz ainda: "Eu não sigo as regras do metal, o que provavelmente está errado, e me desculpem por isso. Porque, na verdade, minha relação com o Metallica é que eu sou um cara das músicas, então o que importa é como você as apresenta. Tipo, eu ainda ouço pra caralho o 'Led Zeppelin I', e fico pensando: 'Não existe nada melhor que isso.' E isso nem é verdade, mas são as músicas e o jeito como eles tocam. Então, quando o Metallica mudou, eu não fui contra. Eu não fui o cara que disse: 'Temos que copiar o Black Album.' Fiquei feliz por não estarmos copiando o 'Black Album', porque você não consegue fazer o 'Black Album' de novo".

Segundo o produtor, "Load" e 'Reload' têm diferenças sonoras marcantes. "'Reload' é mais agressivo. 'Load' é mais limpo. Mas ninguém se importa com isso, só eu mesmo", brincou. Apesar da resistência de parte do público, Rock defende os dois discos. "'Load' é um grande álbum. Meus filhos gostam mais de Load do que de 'Reload'. Mas quando você ouve 'Fuel', você entende que 'Reload' soa mais como o Metallica. Eu até gostaria de remixar 'Load', mas sei que isso nunca vai acontecer", concluiu.

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