O disco amaldiçoado do Judas Priest que hoje soa mais moderno do que nunca
Por Bruce William
Postado em 16 de junho de 2025
Em meados dos anos oitenta, o Judas Priest estava no topo do mundo. Depois de lançar álbuns pesados que se tornaram marcos do metal britânico, Rob Halford e sua turma chegaram a um ponto em que repetir a fórmula parecia pouco desafiador. Foi nesse espírito que nasceu "Turbo", o disco que muitos fãs consideram a ovelha negra da discografia da banda.
Para entender a confusão, basta lembrar que na época a MTV mandava na indústria e obrigava até os gigantes a modernizar imagem e som. Inspirados por nomes como Billy Idol e ZZ Top, o Priest aceitou testar a nova guitarra-sintetizador da Roland, e com isso colocou teclados e timbres eletrônicos onde antes só reinava metal cru. O resultado? Uma virada pop-metal que dividiu o público e ainda custou algumas amizades com os fãs mais puristas.


Por trás dos bastidores, a gravação foi ainda mais caótica, relembra a Metal Hammer. Halford, afundado em álcool e drogas, chegou a gravar trechos completamente fora de si. O paraíso fiscal nas Bahamas, onde começaram as sessões, virou palco de festas, bares e sessões interrompidas por gin tônicas do produtor Tom Allom. No meio disso tudo, Rob admitiu anos depois: "Eu estava fora de mim, precisava de ajuda".

Mesmo com todo esse caos, "Turbo" pariu clássicos como "Turbo Lover", "Locked In" e "Parental Guidance" - essa última uma resposta bem-humorada à censura moralista da PMRC, que já tinha listado o Priest como ameaça à juventude. E mesmo levando críticas duras da imprensa na época, o disco vendeu bem, impulsionado por rádios americanas e clipes exibidos até cansar na MTV.
Com o tempo, o que parecia um desvio do metal tradicional ganhou respeito. O que antes soava estranho, hoje faz sentido como um disco ousado, que antecipou o flerte do metal com elementos pop e eletrônicos. Ian Hill, baixista da banda, resume: "Foi um grande experimento. Não sabíamos qual seria a reação, mas sabíamos que era honesto".

Hoje, basta o Priest tocar qualquer faixa de Turbo ao vivo para ver o público abraçando de volta aquele som tão amaldiçoado em 1986. Se naquela época o disco parecia um pecado, hoje é mais um tijolo na lenda de uma banda que nunca teve medo de mudar, e que, de quebra, continua soando moderna.
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