O baixista lendário que Paul McCartney nunca quis ser; correr por correr envelhece rápido
Por Bruce William
Postado em 17 de outubro de 2025
Nos primeiros anos dos Beatles, o baixo não tinha dono fixo. Passou por Stuart Sutcliffe, por John Lennon e acabou nas mãos de Paul McCartney mais por necessidade do que por destino. No meio do paredão de guitarras, vozes e bateria, ele escolheu um caminho pouco óbvio: fazer o baixo cantar.
Em vez de empurrar a música só no pulso, Paul desenhava linhas que conversavam com a melodia principal, criavam contracantos e guiavam a harmonia. É o baixo que "fala" em "Something", o balanço que dá cor a "Dear Prudence", a marcha que sustenta "Come Together". Para ele, o instrumento não era coadjuvante, fazia parte da arquitetura.
Paul McCartney - Mais Novidades

Essa visão o afastou do rótulo do "baixista velocista". Quando perguntado sobre abordagens mais agressivas - como a de John Entwistle no The Who - McCartney não dourou a pílula: "Sempre achei que era como o baixo sendo usado como guitarra solo. Não acho que faça um som tão agradável quanto o de uma guitarra solo. É coisa de quem quer correr. Eu nunca fui um desses."
A crítica não era birra; era estética. Para Paul, correr por correr envelhece rápido. Ele cravou o credo que explica metade do seu catálogo: "Uma coisa é ser rápido, mas isso passa rápido. Acho que prefiro ser melódico. Prefiro ter conteúdo a ter só velocidade." A prioridade, portanto, era ideia, canção, narrativa, o baixo como fio condutor, não como holofote.
Esse "conteúdo" aparece no jeito como ele preenche espaços sem sobrecarregar. Onde muitos enchem de notas para "mostrar serviço", Paul usa silêncio, deslocamento rítmico e escolha de notas para dar sensação de avanço. O resultado engana: parece simples, mas é o tipo de simplicidade que só funciona porque está pensada.
Curiosamente, o desconforto de McCartney com o virtuosismo vazio nunca impediu que ele fosse estudado por gerações de baixistas. A ironia é boa: ao recusar a competição de velocidade, ele acabou definindo um padrão difícil de copiar, o baixo melódico que serve à música e, por isso mesmo, fica na cabeça.
No fim, quando diz que "prefere ter conteúdo", Paul está contando sua própria história. Nos Beatles, em carreira solo ou nos Wings, o baixo virou assinatura sem precisar gritar. Em tempos de corrida para ver quem toca mais notas por segundo, McCartney lembra o óbvio que o rock às vezes esquece: ideia ganha de velocidade no longo prazo.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Internautas protestam contra preços de ingressos para show do AC/DC no Brasil
Slash dá a sua versão para o que causou o "racha" entre ele e Axl Rose nos anos noventa
A banda que não ficou gigante porque era "inglesa demais", segundo Regis Tadeu
O "detalhe" da COP30 que fez Paul McCartney escrever carta criticando o evento no Brasil
A música do Yes que Mike Portnoy precisou aprender e foi seu maior desafio
O melhor baterista de todos os tempos, segundo o lendário Jeff Beck
Pistas a distâncias diferentes e com mesmo preço no show do AC/DC? Entenda
Journey anuncia "Final Frontier", sua turnê de despedida
Jon busca inspiração no Metallica para shows de reunião do Bon Jovi
Meet & Greet com Dave Mustaine, que custa mais que um salário mínimo, está esgotado
Quando Lemmy destruiu uma mesa de som de 2 milhões de dólares com um cheeseburguer
Tuomas Holopainen explica o real (e sombrio) significado de "Nemo", clássico do Nightwish
Megadeth confirma show extra no Chile e praticamente mata esperança de nova data no Brasil
Gene Simmons repete que nunca bebeu mas tem suas fraquezas; "Eu amo bolo"

Flea explica o que faz de Paul McCartney o maior baixista do rock
A linha de baixo que prova a genialidade de Paul McCartney - mas George Harrison não queria
O compositor que Paul McCartney admite jamais conseguir igualar: "Eu o invejo"
Paul McCartney morreu mesmo em 1966? O próprio - ou seu sósia - responde
A aptidão que une Frejat, Paul McCartney e Mick Jagger, segundo Humberto Barros
Documentário de Paul McCartney, "Man on the Run" estreia no streaming em breve
A melhor música de "Let It Be", segundo John Lennon; "ela se sustenta até sem melodia"
Como pintor Picasso fez Oprah brigar com Paul McCartney por causa de Kanye West
Os quatro álbuns mais terríveis lançados pelos integrantes dos Beatles nos anos 70
A canção dos Beatles tão ruim que Paul McCartney acha que "nunca deveria ser ouvida"
A opinião de John Lennon e Paul McCartney sobre os Sex Pistols


