O grande problema da música de Jimi Hendrix, segundo o lendário Buddy Guy
Por Gustavo Maiato
Postado em 12 de outubro de 2025
Antes de se tornar um dos guitarristas mais influentes da história do blues, Buddy Guy já tinha visto de perto a transformação do gênero nas ruas de Chicago. Hoje, aos 89 anos, o músico é uma das últimas lendas vivas de uma era em que o som era limpo, cru e direto - muito diferente do que surgiria nas mãos de um certo Jimi Hendrix. Em recente entrevista publicada pela Guitar, Guy recordou sua reação ao ouvir o lendário guitarrista pela primeira vez. A resposta? Surpresa - e um pouco de incômodo.

"Você vai rir, mas eu achava que ele tocava alto demais…", contou Buddy, lembrando-se da primeira vez em que ouviu Hendrix. Segundo ele, o volume era algo impensável para os padrões da época. "Quando os britânicos começaram a tocar, eles vinham com pilhas de amplificadores Marshall!", disse o bluesman, observando que a tendência do som alto logo dominaria os palcos do rock.


Buddy Guy e Jimi Hendrix
Naquele tempo, o cenário do blues ainda era marcado por simplicidade e discrição. "Quando comecei, Muddy Waters e os caras tinham duas caixinhas de som em cada canto do clube. Era um som limpo", explicou. A chegada de Hendrix e da invasão britânica mudou tudo - tanto em termos de timbre quanto de atitude.
Buddy contou que o tema do volume virou até piada entre ele e Hendrix, depois que os dois se tornaram amigos. "Quando eu ia vê-lo, dizia: 'Antes de entrar lá, você não vai ouvir nada!'", lembrou, rindo. "Aquele tipo de som simplesmente tomou conta de tudo."
O guitarrista refletiu ainda sobre como as mudanças tecnológicas transformaram a música naquele período. "O som limpo desapareceu porque, com os amplificadores, era uma briga de cachorro. Depois vieram os efeitos especiais - e o Jimi foi um dos maiores em tirar proveito disso. Muita gente passou a usar depois dele", afirmou.

Mesmo com as diferenças estilísticas, o respeito entre Buddy e a nova geração era mútuo. "Os grandes guitarristas britânicos, como Jeff Beck e Jimmy Page, olhavam pra mim e diziam: 'Cara, eu não sabia que dava pra tocar blues assim'", recordou. Com humildade típica, Buddy encerrou: "Eles diziam que eu tinha algo diferente. Eu respondia: 'Não fui eu que fiz, foi o Leo Fender. Eu só ligo o amplificador e toco'."

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