RockHard-Valhalla: Músicos do Threat comentam "Greater Of Two Evils", do Anthrax
Postado em 16 de dezembro de 2007
Eliton Tomasi, Rodrigo Helfenstein, Vinicius Mariano, juntamente com Fábio Romero e Eduardo Garcia (THREAT) e Aldo D’Isep (produtor), comentam o álbum do Anthrax.
Participantes: Eliton Tomasi, Rodrigo Helfenstein, Vinicius Mariano
Convidados Especiais: Fábio Romero, Eduardo Garcia (THREAT) e Aldo D’Isep (produtor)
Faixa 1 – Deathrider
ET: O que vocês acharam da idéia de regravar esses clássicos?
FR: Acho legal você trazer as músicas com uma roupagem mais atual, mesmo porque fazem mais de 20 anos que muitas delas foram gravadas.
EG: Muita gente que não conheceu na época pode conhecer agora.
AD: Todas as bandas deveriam regravar o material antigo com os equipamentos de hoje.
FR: Um dos discos que eu mais curto é o Still Cyco do Suicidal Tendencies que é o primeiro disco da banda totalmente regravado, onde eles acrescentaram "War Inside My Head" e mais algumas músicas. Se eles não tivessem feito esse disco, seria outro Suicidal. Ele mudou o curso da banda.
AD: Os discos antigos estão à disposição pra quem quiser comprar, mas em termos de coletâneas, vale mais uma coletânea assim do que uma normal. Ainda mais que é outro vocal cantando músicas antigas.
ET: Os fãs do Anthrax são bem divididos: uns gostam da fase mais antiga e outros preferem a atual.
AD: Eu prefiro as músicas com o Belladonna, mas gosto do vocal do Bush.
ET: Eu prefiro a fase atual.
FR: Esse som ainda era da fase Neil Turbin. Você sente a diferença nos tons. Eu tenho esse vinil. O som era mais encorpado e aqui ficou mais moderno.
Faixa 2 – Metal Thrashing Mad
FR: Essa é sem comentários.
VM: Foi legal regravar as músicas do primeiro disco. Tem muita gente que acha que o Belladonna foi o primeiro vocalista do Anthrax, quando na verdade foi o Neil Turbin.
EG: Mesmo sendo músicas antigas, elas ficaram com uma roupagem atual.
FR: Essas músicas são o thrash Bay Area original, da época do Exodus, Testament e o Anthrax. Eles estão mostrando o que rolava na época pra molecada de hoje.
ET: E que também foram uma banda thrash.
EG: Do que era na fase antiga para o Sound Of The White Noise, eles deram uma boa mudada...
FR: No último, We’ve Come For You All, eles acertaram. Ele é bem misturado, mostrando o som antigo com o atual. Esse disco deve ter ficado um ano rodando no meu aparelho de som (risos).
AD: Depois do Stomp, esse é o único álbum que eu ainda estou ouvindo. O disco que eu mais gosto do Anthrax é o State Of Euphoria.
Faixa 3 – Caught In A Mosh
FR: Essa eu nem imagino como ficou a regravação.
ET: Nós fizemos uma entrevista com o Charlie Benante e ele disse que a idéia não era mudar as músicas.
AD: O que mudou foi o vocal e o equipamento.
EG: Eles gravaram de um jeito bem ao vivo.
FR: Mas essa música está bem diferente. Ela é tão perfeita no disco que eu não consigo vê-la de outra forma. Não é nem purismo, mas tem músicas que nem mesmo com toda a tecnologia e pegada de hoje, se consegue resgatar o vibe da época.
ET: O Anthrax da época do Sound...chegou a tocar até na MTV.
FR: Eu até estranhei porque teve o show e ninguém colocou tipo a "Only" na rádio. É um som antigo, mas continua legal. Podiam ter colocado a "Safe Home", que é um som que você poderia trabalhar para chamar a molecada no show. Se essas pessoas não conhecem, como vão aos shows? Tem que dar a isca pra eles. Eles mordem e absorvem todo o resto.
AD: O Anthrax para o público radical morreu. Praticamente foram eles que começaram com o new metal.
FR: Tem muita gente que fala isso com uma camiseta do Slayer e se esquece que o Kerry King aparece no clipe dos Beastie Boys, "No Sleep Till Brooklyn", tocando guitarra.
EG: Ele apareceu até no clipe do Sum 41!
FR: Tem uma entrevista com o Bush que eles perguntam sobre a mistura do hip hop com o metal. Mas eles apenas tocaram uma música com o Public Enemy. Hoje a gente vê o Linkin Park tocando com o Jay Z. Aí não dá! O Public Enemy é um som forte, outra praia do hip hop. O Bush não participou disso, mas ele disse que só o Anthrax conseguiu fazer essa mistura com perfeição.
Faixa 4 – A.I.R.
EG: Nessa só baixaram um pouco o tom das músicas pro Bush cantar. Não há muitas mudanças.
AD: Mas acho que ele nem deveria ter cantado igual mesmo. As músicas não são dele.
FR: Essa música e a "Madhouse" no show foram foda. Acho que nem o Belladonna vestido de índio ia mandar melhor.
ET: E o legal foi que eles ficaram muito tempo sem vir ao Brasil.
FR: Eu fui ao primeiro show deles no Brasil. Estava vazio!
AD: Era a estréia do John Bush. Eles vieram no lugar do Megadeth. Vieram ensaiar a banda aqui no Brasil.
EG: Encontrei uma galera da época que nem ouve mais metal e falei pros caras que nossa banda tinha aberto o show do Anthrax e eles não acreditaram. Acharam que eles nunca mais viriam para o Brasil. Faltou uma divulgação maior. Se o cara soubesse do show, teria ido com certeza.
FR: Tem cara que nem sabe mais que a banda existe. Nos EUA, a gravadora destruiu o trampo deles. O pessoal não acha os discos e não tem divulgação.
Faixa 5 – Among The Living
ET: O Anthrax já foi uma banda mainstream. Hoje voltou para o underground.
EG: Essas guitarras estão diferentes.
FR: Tem uma negada radical que critica aquela pegada pula-pula, mas dá uma ouvida na levada desse som.
AD: O Scott Ian detona no palco.
FR: Ele estava cansado no show.
EG: Mas fez aquela dançinha dele (risos). A versão que eles fizeram pra essa música não limitou tanto o vocal do Bush.
AD: Ficou uma versão um pouco mais "seca", sem muito efeito. Esses bumbos mostram bem a fase antiga. Ele apenas encorpava a música, não ficava tão na cara como as bandas usam hoje.
FR: Esse som eu prefiro a original. Ficou legal, mas se fosse escolher, eu escolheria a original.
Faixa 6 – Keep It In The Family
ET: Essa é do Persistence Of Time.
VM: O foda é que tanto o Neil Turbin quanto o Belladonna, depois que saíram do Anthrax, não vingaram.
ET: Achei sacanagem o lance da Sharon Osbourne falar pra tocarem com a formação clássica no Ozzfest.
EG: Isso é foda. Eu tenho uma banda com você, mas de repente eu te falo: "Dá um tempo que eu vou ganhar uma grana com pessoal antigo e depois a gente volta a conversar".
ET: Mas acho que isso não vai rolar. Senão vai ser muita sacanagem.
RH: Comentaram que o Bush ia sair da banda depois do show no Brasil.
ET: Acho que falaram isso por causa do lance do Ozzfest. Foi uma imposição da Sharon, dizendo que eles poderiam tocar no festival se fosse com a formação clássica.
FR: Eles não precisam do Ozzfest.
EG: O Bush está há anos fazendo vários CDs legais e vão fazer isso com ele?
FR: Eles têm que sobreviver. A Sharon fez uma proposta filha da puta, fez. Mas de repente, eles já estavam com a idéia de fazer isso antes de gravar esse disco ou de repente, de fazer algo com o Bush e o Belladonna juntos...
Faixa 7 – Indians
FR: Esse é clássico. Pode regravar com quem for que vai ficar linda.
EG: A música vem no maior pau e depois cai de novo.
AD: Também ficou igual a original. A voz do Bush é rasgada. É como se o Belladonna tivesse rouco (risos).
FR: Ouvindo assim você percebe que não é um disco pra ganhar dinheiro, mas pra mostrar o som antigo. Não tem muita distribuição dos plays antigos nas lojas.
ET: Só na Internet (risos).
FR: Isso é uma aula de base. Um guitarrista que pega um CD desse, não precisa mais estudar. É só ficar tirando as músicas pra aprender como é que faz bases.
AD: Pára a roda aí galera. Vocês vão quebrar todos os equipamentos do meu estúdio (risos).
VM: O Scott Ian é o guitarrista base que toda banda gostaria de ter.
Faixa 8 – Madhouse
RH: Mas tem também lance de grana nisso. Eles estavam meio sumidos e estão voltando com tudo agora e lançaram essa coletânea. Tem o lance legal de amor, mas tem também o lance da grana.
FR: Os EUA hoje é um negócio que vende tão rápido que era mais viável pra eles fazerem um disco moderninho que venderia mais. Se eles tivessem investido nisso ou mudado totalmente as músicas, pode ter certeza que eles venderiam muito mais.
ET: Música só por paixão não se faz mais.
FR: Nós ainda fazemos (risos gerais). Nós vamos fazendo as demos, melhorando a qualidade das músicas e quando pintar legal a gente lança um CD. Imagina se não tivéssemos gravado essa música há três anos atrás? Olha só como ela ficou hoje! É o mesmo lance do Anthrax. Veja como ficou esse som regravado.
RH: E se o Metallica regravasse as músicas com a sonoridade de hoje, vocês comprariam?
AD: Se fosse na linha do Black Album, até ia. O Metallica só vive de coisas antigas. No show, 70% são de músicas até o And Justice For All...
Faixa 9 – Panic
VM: Outra faixa do Fistful Of Metal.
FR: Esse vocal do Bush também ficou devendo para a versão original. O Neil Turbin cantava rasgadaço. Poderiam ter colocado o Turbin para cantar essa parte e o Bush entrava na ponte. Essa música perdeu o punch da original.
AD: Esse disco é o Kill Em’ All do Anthrax.
FR: No site oficial do Anthrax, tem links para todas as bandas e no Metallica está assim: Igual ao Anthrax, só que ricos (risos).
VM: Esses solos são nostálgicos.
RH: O thrash está voltando mesmo. Tem rolando muito show de thrash e muitas bandas estão aparecendo.
AD: É que não chegou na FM. Parou de tocar metal na FM e então volta a ter o movimento. Quando o Metallica explodiu, acabou o movimento.
Faixa 10 – I Am The Law
RH: Nos últimos anos, muitas bandas de thrash têm voltado.
FR: Mas não tem banda nova de thrash. Essas bandas hoje ouvem Kilswitch Engage, que é o thrash atual. Como é que se vai fazer o thrash? Ele já foi feito, não tem mais o que fazer.
VM: O thrash atual seria o que bandas como The Haunted ou o Shadows Fall fazem.
AD: Falam que o Machine Head é moderno. Mas quem ouviu o thrash dos anos 80, sabe que eles são o thrash antigo feito nos dias de hoje.
ET: Tipo o Shadows Fall mesmo. O instrumental é puro thrash metal, com um vocal mais moderno. Só por isso rola todo esse preconceito.
AD: Qualquer efeito na voz já é motivo.
FR: Mas quantos anos têm a galera dessas bandas? Muitos não passaram pelo que alguns de nós passaram. Tenho 34 anos... dez anos de banda fazem muita diferença. A sorte dessa galera de hoje, de 14 anos, é que eles não pegaram o grunge (risos).
AD: Mas tem coisa boa no grunge.
FR: Eu não sei. O grunge acabou com o hard rock. Eu gostava de Ratt, Wasp, mas eles acabaram com essas bandas.
Faixa 11 – Belly Of The Beast
RH: Faltou alguma música pra vocês?
AD: Pra mim faltou pelo menos umas duas.
FR: Pra mim ta legal assim.
RH: Se fosse pra votar na Internet vocês votariam nessas mesmas músicas?
EG: Acho que só faltou a "Got The Time".
Faixa 12 – N.F.L.
AD: A "Bring The Noise" também.
FR: Essa música rolaria legal.
VM: Faltou também a "Antisocial".
FR: O legal dessas coisas é que agora eu vou chegar em casa e pegar os LPs pra ver as músicas que esqueci (risos). Talvez ouça todos eles ainda (risos).
Faixa 13 – Be All, End All
AD: Outra banda que deveria regravar os clássicos é o Judas Priest.
FR: Mas com o Ripper, não com o Rob Halford.
ET: O Slayer também ficaria legal. O Hell Awaits tem um monte de som legal.
AD: A gravação do Hell Awaits é mais tosca do que do Show No Mercy.
FR: Mas o que estamos falando aqui é mais um lance de músico. Quem não liga muito pra essas coisas de gravação ouve esses discos e acham lindos.
EG: Quando você pega essa época, você pouco se importa com a qualidade. Você quer ouvir a música e boa. Mas eu não a peguei... como que você vai bater um disco como o Divine Intervention?
Faixa 14 – Gung-Ho
AD: Mudaram um pouco as músicas. Os solos estão 50% parecidos com os originais, mudaram um detalhe aqui, outro lá, mas ficou bem legal.
FR: E isso foi super válido.
EG: O legal do Anthrax é que mesmo com a entrada do John Bush, eles ainda fizeram hits. Pelo menos, manteve a qualidade.
AD: Vou sair daqui e vou comprar esse disco (risos).
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