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Mesa Redonda: Seção estréia discutindo álbum do In Flames

Postado em 29 de abril de 2006

Eliton Tomasi, Rodrigo Helfenstein, Vinicius Mariano, Amyr Cantusio Jr, Marcos Franke e Alessandro Fogaça discutem o CD "Soundtrack To Your Escape" do In Flames.

In Flames - Mais Novidades

Participantes:

Eliton Tomasi, Rodrigo Helfenstein, Vinicius Mariano, Amyr Cantusio Jr, Marcos Franke e Alessandro Fogaça.


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Faixa 1 – F(r)iend

RH: A primeira coisa que me chama a atenção nessa música é o vocal bem agressivo.

ET: Até o instrumental está bem agressivo.

MF: Esse álbum segue a mesma linha do Reroute To Remain.

RH: Eu acho que está mais agressivo. O vocal principalmente.

MF: Eles fizeram essa música para mandar, bom, vocês sabem pra onde, o pessoal que anda pegando no pé deles dizendo que a banda se vendeu.

ET: Mas será que isso foi algo natural ou intencional?

MF: Totalmente intencional.

ET: Então qual o propósito?

MF: Comercial, eu acho.

ET: Vejo como falta de honestidade uma banda fazer uma música pesada só pra mostrar que continua com a mesma proposta.

MF: Mas isso é porrada do começo ao fim. É a melhor música do álbum, disparado.

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Faixa 2 – The Quiet Place

MF: Essa música é o carro chefe do álbum. Ouçam como ela já soa diferente da primeira. Eles disseram que quando tocaram essa música ao vivo, todo mundo curtiu. Mas ela ainda me parece estranha pela entrada do vocal meio "rappeado".

VM: Apesar de não ter curtido, acho que é válido dentro da proposta da banda que é próxima ao new metal.

RH: Eu acho que isso aí não tem nada há ver com new metal.

VM: Eu quis dizer que essa música se parece com o new metal pelo fato dela soar atual. Você ouve e já faz uma ligação de que é um som moderno.

AF: Já estão até divulgando a banda como "modern metal".

ET: "Modern metal" é uma boa classificação para o In Flames.

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Faixa 3 – Dead Alone

AF: Esse começo é meio Korn.

RH: Não tem nada de Korn nisso. A levada é totalmente diferente. O new metal é mais funkeado, mais rap, nada há ver com isso.

ACJ: Não falei nada antes porque algumas pessoas acham que sou implicante, mas essa banda lembra sim esses outros grupos mais novos que tocam nas rádios.

ET: Eu acho que lembra alguma coisa, mas você não pode classificar esse som como new metal. Tem alguma coisa que lembra porque o som é "urbano", e essas bandas mais mainstream, querendo ou não, fazem um som pesado.

ACJ: Essa harmonia menor que estão rolando não é sinistra, mas é melancólica. Reflete um pouco o que a música quer retratar com esse nome.

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AF: O som não tem muita progressão. Bate e pára (imitando o som do baixo).

VM: Nessa comparação, acho que lembra mais o Coal Chamber do que Korn.

ET: Sabe por que lembra? Porque a proposta do In Flames é fazer metal com um acento moderno. Korn e Slipknot fazem um puta som pesado. Se não é metal, é o que então?

AF: Mas acho que não pode fazer uma ligação tão direta assim.

VM: Bom, nesse assunto, eu tenho a mesma opinião de um grande amigo meu: Korn, só o Flakes, da Kellogs (risos gerais).


Faixa 4 – Touch Of Red

ET: Essa música resgatou um pouco da pancadaria da primeira faixa.

RH: Vi comentários de pessoas que diziam que este álbum estava menos pesado que o Reroute To Remain, mas eu percebi exatamente o contrário.

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ET: Quem começou essa onda do death metal melódico foi o Carcass com o Heartwork. Foi ali que o pessoal começou a envolver melodia com o death metal.

VM: Também não podemos esquecer do Dismember.

ET: Mas acho que foi com o sucesso do Heartwork que a coisa pegou mesmo. Os caras mudaram tudo! Todas essas bandas tipo Soilwork, Darkane, Arch Enemy, In Flames e até o Dark Tranquillity são totalmente influenciadas pelo Carcass.

MF: Por falar no Dark Tranquillity, foi o vocalista deles que fez a capa desse disco. Fez algo simples, mas que impressiona.

ET: A capa é legal, mas não me impressionou. Ficou muito simples.

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Faixa 5 – Like You Better Dead

ET: Até agora, realmente o disco se mostra bem pesado.

AF: Mas é muita massa sonora! Os primeiros são pesados, mas tem uma quebrada. Aqui é tudo muito reto.

VM: Muito efeito do que qualquer outra coisa. Todos os instrumentos estão "lá em cima" e dão essa impressão de peso.

RH: Eu já acho que os primeiros é que tinham essa massa sonora.

ACJ: Falta mais variação. Pelo menos nos primeiros tinha algo até mais de folk. Hoje isso sumiu.

ET: Isso é importante citar. No começo, a banda até tinha uma base mais melódica com pouco de folk. Agora o som é totalmente diferente.

AF: Sendo mais moderno ou não, ainda é melhor do que essas bandas americanas fazem (risos).

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MF: É que os americanos fazem tudo igual. E o In Flames está fazendo sucesso nos Estados Unidos. Na Europa, eles estão estourando agora.

ET: Lá eles já são uma febre há tempos. Atualmente são vistos como uma das melhores bandas de metal.

ACJ: Tem um monte de banda que faz um som muito melhor e não tem o mesmo sucesso. Engraçado, não?

RH: Mas vocês acham que eles não têm mérito quanto ao sucesso?

ET: Na realidade, não estamos querendo dizer que a banda não merece pelo tipo de som que faz, apenas que já há outras bandas que tem um histórico maior, mas não tem a mesma popularidade.


Faixa 6 – My Sweet Shadow

VM: O In Flames é uma banda muito enjoativa. Parece aqueles doces bem açucarados que na primeira mordida você acha sensacional, na segunda, já desce "meia-boca" e na terceira, você já não agüenta mais.

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ET: Eu prefiro o Soilwork. Tem muito mais variação.

RH: O Soilwork é maçante, muito mais reto do que o In Flames e ainda por cima não tem pegada.

ET: Eu já sinto isso ouvindo o In Flames.

RH: Pra mim agrada o som do In Flames. Eu gosto de chegar em casa e ouvir o som dos caras. Eu assimilo legal, sei qual música está rolando, consigo sacar esse diferencial.

VM: Pra quem ouviu o Heartwork (Carcass) isso parece ser brincadeira. Não tem comparação. O trampo que o Carcass fez no Heartwork está anos luz à frente.

ET: Nem o próprio Michael Amott conseguiu fazer algo parecido no Arch Enemy.

RH: Eu não consigo assimilar tanto assim o Heartwork.

ET: Só a "Heartwork" (música) já vale pelo CD inteiro. Pode juntar todos os álbuns do In Flames que não se compara com ela. É um marco na história do Metal. Naquela época, não se imaginava o death metal com tantas doses de melodia.

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ACJ: Ainda não consigo entender a proposta do In Flames. No ponto de vista musical, parece um serrote cortando uma mesa constantemente (imitando o som). O grande problema dessa banda é que eles não conseguem atingir um clima. Faltou algo, talvez, num sentido mais emocional.

RH: A grande diferença quanto a assimilação é que vocês possuem uma origem no heavy metal e a minha vem do punk. Vocês preferem as bandas que tem mais características dentro do metal, com um som mais trabalhado. Eu já prefiro algo mais simples e direto.


Faixa 7 – Evil In A Closet

ACJ: Essa música parece que tem um pouco desse aspecto emocional que acabamos de falar.

MF: Acho que agora vai ser a hora que todos vão dormir na mesa (risos).

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ACJ: Já mudou completamente do som que vínhamos ouvindo.

ET: Isso é super importante num disco pra mim. Pegar um disco que do começo ao fim é tudo igual não é tão interessante.

RH: Se eles se "venderam", como dizem, fizeram a coisa certa e por bem.

ET: Acho que não tem essa de se vender. É ignorância achar que a banda se vendeu por querer mudar a proposta.

RH: Pra mim isso também não tem nada há ver.

ET: Música é arte. A arte é livre, as pessoas têm que fazer o que elas quiserem. A verdadeira arte tem que sair da alma, não pode ficar presa. Se o cara não tem mais tesão em fazer aquilo que está fazendo, tem que se sentir livre para mudar, não pode ficar preso só porque é metal.

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Faixa 8 – In Search For I

RH: O In Flames é uma banda que está se tornando uma febre no metal, mas ainda assim, não é uma banda mainstream. Você não vê os clipes dos caras rolando na MTV nem aqui e nem lá fora.

ET: Isso porque a banda tem o estigma se ser uma banda de heavy metal.

RH: É difícil uma banda vindo do metal estourar assim no mainstream.

AF: Tem os clássicos como Iron Maiden, Sabbath, Metallica...

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VM: Das novas, acho que só o Evanescence. Mas sabemos que para isso rolar, são necessárias "outra$ coisa$". Talvez se o In Flames fosse de uma gravadora "major" já tivesse estourado.


Faixa 9 – Borders And Shading

ACJ: Isso aqui é uma batida de estaca e as guitarras parecem um serrote constante. Duro de ouvir. Não tem música! São dois acordes serrando o tempo inteiro (imitando o som). Cadê o clima?

ET: Agora esse lance do título, trilha sonora para sua fuga... Fuga do quê? Dos problemas do cotidiano? Nesse caso, prefiro ouvir algo mais calmo. O som é muito caótico.

RH: Eu acho o contrário. Ouvindo um tipo de som desses você coloca tudo pra fora. Eu acho legal ouvir coisas pesadas pra dar essa aliviada. Pra se esgoelar mesmo.

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Faixa 10 – Superhero Of The Computer Rage

VM: A bateria não sai disso. Dá impressão que o cara gravou a mesma pegada para todas as faixas.

ACJ: Essa batera é só uma caixa e um bumbo constante (imitando o som). A coisa mais chula que existe na história do rock.

RH: Eu prefiro muito mais algo assim do que algo totalmente sofisticado.

AF: Já estamos quase no final do disco. Foi difícil achar algo que a banda tenha feito de evolutivo nesse decorrer.

RH: A bateria é repetitiva, mas totalmente dentro da proposta da música. Pra esse som que eles estão fazendo, a bateria tinha que ser assim.

AF (interrompendo): Eles lançaram, basicamente, um CD por ano...

ET: Acho que esse tipo de coisa faz você perder um pouco a expectativa sobre o novo disco. Acho legal ter um intervalo de uns dois anos entres os cd’s. Nesse intervalo curto não tem como esperar algo diferente.

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ACJ: Acho que isso não tem muito a ver. O Genesis lançou duas obras estupendas do rock progressivo (Selling England By The Pound e o duplo The Lambs Lies Down On The Broadway) no mesmo ano.

ET: Sim, mas o Genesis é o Genesis (risos).


Faixa 11 – Dial 595-Escape

ACJ: Basta ter criatividade. Se o cara tem competência para fazer dois discos num ano, tem que fazer mesmo.

VM: Mas é isso que pega. Você percebe que falta um pouco de criatividade de um disco para outro.

ACJ: Mas tem milhares de casos do rock que isso não se aplica. O que rola é que tem banda que não tem bagagem estrutural para fazer um disco por ano. Aí complica fazer dois discos no mesmo ano.

VM: Quando o Iced Earth lançou aquele álbum triplo, comentamos por aqui na redação que apesar de legal, a banda ainda não tinha uma bagagem necessária para lançar um disco nesse formato.

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ET: Foi algo pretensioso mesmo. Agora no caso do Shaman, que muita gente disse a mesma coisa, eu discordo. Os caras têm bagagem e não faltam boas músicas. Agora, tem gravadora que também faz esse tipo de jogada para manter o nome da banda na boca do povo. Teria ocorrido o mesmo com o In Flames?

RH: Acho que no caso do In Flames é mais empolgação do artista. Eles estão fazendo sucesso então continuam a lançar discos. Eles têm mesmo que aproveitar o pique, a onda do sucesso. Se você fica fora do mercado muito tempo, roda.


Faixa 12 – Bottled

MF: As músicas desses discos são bastante pessoais. O título do disco é uma coisa da vida dele (Anders Friden). É algo relativo ao passado dele que ele está tentando escapar.

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ACJ: Bom, mas isso não muda a minha opinião. Não gostei de nenhuma música do disco.

ET: Bom, pelo menos os fãs não podem reclamar do peso. Este disco está bem mais pesado do que o anterior.

RH: Ao vivo essas músicas devem soar bem pesadas.

VM: Acho que ao vivo as músicas podem soar meio emboladas.

MF: Eu perguntei para o Anders se eles consideravam o In Flames como uma banda de estúdio ou uma banda de palco e ele respondeu que eles eram uma banda de palco.

ET: Isso toda banda fala.

ACJ: Para lançar quase um disco por ano, não me parece que eles gostam tanto de palco assim.

VM: Ao vivo fica ainda mais difícil de assimilar as músicas.

RH: Eu acho que é uma banda de palco. Essas músicas ao vivo devem fazer os caras se matarem na pista. Eu, por exemplo, iria me matar num show desses (risos).

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MF: Gostei desse disco. Principalmente das músicas "Evil In A Closet", "F(r)iend" e "The Quiet Place".

RH: Pra mim essas músicas também são as melhores.

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