Sepultura: "Roots", ambivalente na forma, polivalente no conteúdo
Resenha - Roots - Sepultura
Por Ricardo Cunha
Postado em 24 de novembro de 2017
Ao idealizar o disco Roots, os caras do Sepultura imergiram no universo dos nossos ancestrais mais diretos, os índios. A proposta era resgatar às origens brasileiras mediante a experiência dos nossos ascendentes, através de um processo de sociabilização que ocorreu na tribo dos Xavantes, localizada no estado do Mato Grosso/BRA.
Tomando esta, como a principal etapa do projeto, o processo criacional do disco na aldeia consistiu de uma breve, mas produtiva interação entre indígenas e músicos, que compartilharam durante três dias, de alguns costumes e ritos da tribo.
Nesse contexto, a incorporação dos elementos percussivo-tribais pela banda, constituiu-se de um processo para além da dinâmica musical. Realizaram uma fusão dos elementos peculiares do estilo Heavy Metal com os sons da terra, resultando numa estética imanente de sons e de imagens.
Roots é um disco experimental. Lookaway, com Mike Patton (Faith No More), é um bom exemplo disto. Mas não é experimental apenas na engenharia do estúdio. Permeado de uma atmosfera sombria e orgânica, as imagens produzidas pelos sons engendram na mente um ambiente que remete a uma existência selvagem, onde a natureza reivindica a supremacia pela terra.
Roots também é conceitual. Suas letras privilegiam os aspectos da cultura do Brasil. Num apanhado geral, pode-se dizer que Roots Blood Roots proclama, num misto de angústia e alegria, o orgulho pelo "dom" de se reconhecer brasileiro; Endangered Species trata da espécie humana como refém de si mesma, e mais do que isto, como uma espécie ameaçada de extinção; Dictatorshit brada contra o golpe de 1964 e da ditadura instalada, que torturou e matou em nome da uma falsa liberdade; Ambush é um manifesto em defesa da Amazônia.
Contrapondo-se ao lado pesado do disco, tem-se dois momentos de suavidade e - porque não dizer - de delicadeza: as instrumentais Jasco, que evoca sentimentos que podem significar uma pausa na destruição das florestas, e, Itsári, que mostra os anfitriões em primeiro plano, contribuindo para um momento de expressiva musicalidade.
Roots, em sua totalidade, é uma miscelânea de sons, cores e formas que levam aos sentimentos mais diversos. Ambivalente na forma, polivalente no conteúdo. Uma obra que, sem dúvida, ressignificou o Heavy Metal enquanto gênero musical, dentro de um projeto de expressão artística universal, no qual a música continua a nos convidar à reflexão sobre a condição humana e sua relação com a natureza.
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