Sepultura: O mais premiado lançamento da banda
Resenha - Roots - Sepultura
Por Bruno Faustino
Postado em 26 de julho de 2016
Nota: 7
Após o lançamento do debut 'Morbid Visions' (1986), que trazia uma mescla de Thrash Metal e Death Metal, eis que os mineiros do Sepultura não decepcionaram e lançaram a 'Trinca de Ases' de sua carreira, apresentando a sequência 'Schizoprenia' (1987), 'Beneath the Remains' (1989) e 'Arise' (1991), este último, proporcionando que o grupo tupiniquim ganhasse seus primeiros prêmios internacionais. Dentre eles, o sétimo lugar no ranking de melhores álbuns do ano promovido pela revista Kerrang! e disco de prata no Reino Unido.
Até o antecessor 'Beneath The Remains', a banda apresentava uma tendência totalmente voltada ao Thrash Metal oitentista, com fortes influências de Sodom, Kreator e Nuclear Assault, porém em 'Arise' aparecem as primeiras mudanças de sonoridade, com alguns riffs cadenciados e levadas um tanto grooveadas, características evidenciadas nos clássicos 'C.I.U. (Criminals in Uniform)', 'Desperate Cry' e 'Murder'.
Não deixando a peteca cair, em 1994, eis que Max Cavalera e sua tropa lançam 'Chaos A.D.', uma revolução tanto sonora quanto em relação ao crescimento do grupo, que se torna unânime entre o headbangers e também, o maior expoente brasileiro na Europa, emplacando três vídeo clipes na MTV, 'Territory', 'Slave New World' e 'Refuse/Resist'.
Neste registro o grupo acrescenta diversas passagens cadenciadas e os famigerados grooves aparecem em praticamente todas as faixas, além disso, as experimentações com elementos de música brasileira dão as caras, os exemplos mais latentes são em 'Amen' e 'Kaiowas', esta última mostrando a primeira vez em que o berimbau aparece na musicalidade da banda. Esta foi também a época em que o grupo se apresentou no festival Hollywood Rock, o que gerou uma enorme repercussão dentro e fora do Brasil e é considerado por muitos fãs, como o auge do Sepultura.
Dois anos depois surge 'Roots', mantendo a mesma tendência do álbum anterior e que chegou para coroar a fase de maior sucesso dos brasileiros. Não tão genial em suas composições, mas com uma originalidade única, uma espécie de continuação de 'Chaos A.D.', porém com um gigante apelo evidenciando à mistura entre a música brasileira e 'som característico da banda'.
Muitos batuques tribais, referências a canções indígenas, uso de berimbau em várias composições e até mesmo instrumentos mais inusitados, como a viola caipira utilizada em 'Jasco' e 'Itsari'. O experimentalismo e a fusão de elementos foram as fórmulas utilizadas, caracterizando um álbum absolutamente diferenciado não apenas de todos os outros do Sepultura, mas inovador e influente em todo o cenário mundial.
'Roots' possui algumas curiosidades em sua concepção, começando por ter participações 'especiais' um tanto diferentes, o exemplo maior é a do 'ilustríssimo' cantor e intérprete Carlinhos Brown na faixa 'Ratamahatta', misturando batuques a lá Olodum e também peculiaridades na parte acústica da faixa.
Outra excentricidade, esta inclusive influenciando diretamente na sonoridade de todo o disco, foi à visita à aldeia Xavante, onde os integrantes ficaram por diversos dias aprendendo sobre os costumes e tradições indígenas, construindo indiretamente toda a temática do lançamento, exemplo que evidenciado na faixa 'Ambush'.
Os grandes destaques do trabalho foram 'Attitude', 'Dictator Shit', 'Spit' e o hino 'Roots Bloody Roots', todas elas se tornando indispensáveis nos set lists dos shows tanto de Sepultura, como também nos projetos que Max criaria pouco tempo depois.
Talvez por trazer uma nova fórmula e ser um álbum bem diferente do usual, 'Roots' veio a ser o mais premiado lançamento do Sepultura, tendo nada menos que sete discos de ouro e um de prata. Além disso, atingiu a segunda colocação nas paradas Ucranianas e o terceiro lugar nas paradas Inglesas. Tal sucesso trouxe ao grupo o status de mega banda e influenciou diretamente muitos nomes que viriam a se consolidar futuramente no gênero New Metal, grupos como Slipknot, Limp Bizkit e Korn, que os bangers mais tradicionais execram.
Sendo ou não aceito pelos fãs mais ortodoxos, 'Roots' abriu um novo leque de variações rítmicas jamais utilizadas e foi um dos grandes responsáveis por uma nova forma de se fazer Metal, consolidada no final da década de 90 e copiada até hoje. Sem dúvidas, um disco que marcou época e também o ápice do quarteto mineiro em se tratando de sucesso comercial.
Infelizmente ao final da turnê de divulgação de 'Roots', ocorreu o fatídico rompimento do vocalista e guitarrista Max Cavalera com o restante do grupo, que a partir deste fato nunca mais conseguiu o mesmo sucesso de outrora e perdeu grande parte de seu prestígio com os antigos fãs.
Integrantes:
Max Cavalera (guitarra e vocal)
Andreas Kisser (guitarra)
Paulo Jr. (baixo)
Iggor Cavalera (bateria)
Faixas:
1. Roots Bloody Roots
2. Attitude
3. Cut-Throat
4. Ratamahatta
5. Breed Apart
6. Straighthate
7. Spit
8. Lookaway
9. Dusted
10. Born Stubborn
11. Jasco
12. Itsári
13. Ambush
14. Endangered Species
15. Dictatorshit
16. Procreation (Of The Wicked) – Celtic Frost Cover
17. Symptom Of The Universe (Black Sabbath Cover)
Outras resenhas de Roots - Sepultura
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps