Sweet Slag: Improvisações sem limites
Resenha - Tracking with close-ups - Sweet Slag
Por Rafael Lemos
Postado em 30 de março de 2016
Nota: 10 ![]()
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A banda Sweet Slag se trata de um dos mais obscuros e desconhecidos grupos do Jazz Rock e do Progressivo inglês. Existem poucas informações sobre o seu percurso disponíveis na Internet e, devido à sua curta duração e ao quase que inexistente sucesso, é raro aqueles que ouviram o seu único trabalho, o fabuloso "Tracking with close-ups", lançado em 15 de janeiro de 1971.
As origens da banda remontam à cidade de Luton, na Inglaterra, no ano de 1969, quando o guitarrista, violinista e vocalista Mick Kerensky decidiu formar uma banda que tivesse uma sonoridade caótica e onde pudesse realizar improvisações. Ele já tinha experiência como músico, pois foi um dos integrantes da famosa The Grease Band, a banda de apoio do músico Joe Cocker. Para isso, chamou o baixista Jack O’Neil, que também tocou trombone. O próximo a entrar foi o baterista Al Chambers e o saxofonista, Paul Jolly, que também tocou oboé. Todos esses instrumentos deixaram o som da banda extremamente erudito e de difícil assimilação para os ouvidos mais desatentos e acostumados com uma sonoridade mais simples.
As gravações do álbum iniciaram em setembro de 1970, pela gravadora President. Um ano antes, em agosto de 1969, a revista ZigZag, em sua quarta edição, já tinha divulgado a existência deles, ao apresentar em suas páginas um show que fariam com bandas que também estavam crescendo no cenário inglês como Groundhogs, High Tide e Edgar Broughton Band, sem causar com isso alguma curiosidade entre os apreciadores do estilo. Após o lançamento do disco, pouquíssimas revistas fizeram alguma nota sobre o álbum, sendo a Melody Maker uma delas onde os elogios ao trabalho foram muitos. As vendas do disco foram minúsculas, mas isso não os impediu de realizarem shows em pubs pequenos e raramente em locais maiores. Um desses shows com maior lotação ocorreu na cidade de Bradford, em um festival com as bandas Ghost e The Equals, onde compareceram mais de três mil pessoas. O show aconteceu em um local chamado Meca Ballroom e se tratava de um evento beneficente destinado para ajudar um desastre ocorrido no Paquistão. Porém, a publicação Music Now foi impiedosa ao descrever o show do Sweet Slag como sendo voltado para pessoas intelectualóides. Descreveu, também, que o público não gostou do show e que se ouvia um silêncio por parte dele no intervalo das músicas, cortado por palmas isoladas.
Mais ao final do ano de 1971, especificamente em outubro, a banda se tornou um quinteto e tivemos algumas mudanças. O baixista Jack O’Neil foi substituído por John Catlin e tivemos a entrada de um segundo guitarrista, Keith Arnold. Além disso, também mudou o nome da banda, que passou a se chamar somente Slag, encerrando suas atividades pouco tempo depois.
Pouco se sabe sobre o destino dos integrantes, sendo uma dessas informações que Alan Chambers, o baterista, tocou em uma banda chamada Wedgewood nos anos 80 e faleceu em 1998.
Extremamente injustiçado, este é um dos maiores discos que se pode ter em uma coleção. "Tracking with close-ups" é uma verdadeira obra prima, genial do começo ao fim e saiu em CD remasterizado pela Aurora Records (existe uma outra edição mais antiga em CD também). A edição da Aurora possui um encarte com alguns recortes de revistas e jornais e fotos, sem possuir histórico ou algo parecido.
É importante dizer que é preciso ouvir as músicas até um certo ponto para entender a proposta do Sweet Slag. Todas as músicas iniciam de forma um tanto quanto normal e, no meio delas, há a parte interessante: improvisações paranoicas e cacofônicas onde cada músico parece realizar um livre ensaio, tocando pra si. Portanto, aqueles que vier a conhecer a banda, não passem de música imediatamente até chegar a esses momentos.
É difícil analisaer as músicas da banda, dada a sua originalidade e quantidade de informações sonoras que possuem, fazendo-as não pertencer a um estilo específico. "Specific" é um jazzão onde o baixo marcante faz o ritmo. A guitarra, com pouca distorção na base, manda os seus efeitos na hora do solo.
"Milk Train" é um pouco mais ritmada do que a música anterior (até o momento da improvisação descrita anteriormente). Em seguida temos uma das melhores músicas do disco, a lenta "Rain again", com uma bateria descompassada de jazz. O início com sax é de uma delicadeza ímpar e o momento de improvisação dessa música é um dos mais longo e genial do disco. Mas é novamente o baixo que impera aqui, com um ritmo que sustenta a base da canção.
"Patience" e "Twisted trip woman" são as mais "Rock" do disco, sem perderem o estilo complexo que caracteriza a banda.
Já a penúltima música é extremamente sombria e até mesmo assustadora, "World of Ice", que se inicia meio que ao estilo do grupo alemão de Krautrock Can. Perfeita como todo, tem um pequeno solo de trombone em seu decorrer.
"Babyi Ar", com suas assombrosas vozes no backing vocal, acaba com uma frenética improvisação que finaliza o disco. Essa canção aborda o massacre de Babyi Ar, onde os nazistas assassinaram coletivamente judeus de origem ucraniana, em uma ravina que leva o nome da música.
Não resta dúvida que essa foi uma banda a frente de seu tempo e com um som atemporal. Este único registro é uma das maiores pérolas da música. É daqueles discos que, a cada audição, nos mostra algo novo, nos brindando com uma agradável descoberta a cada novo dia.
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