Matérias Mais Lidas


Jethro Tull
Stamp

Resenha - Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis

Por Mário Orestes Silva
Postado em 06 de outubro de 2015

Quando lemos uma resenha de disco, sabemos tratar-se de um álbum conhe-cido clássico ou de um lançamento que certamente não demorará pra estar rodando de mão em mão entre os amigos. Porém, quando se trata de um disco desconhecido, de uma banda menos conhecida ainda, o prato pode ser indigesto, pra maioria acostumada a receber tudo já divulgado pela indústria fonográfica. Contudo, meus amigos, se vocês forem mais perspicazes no tocante a procura, nem precisa ser uma pesquisa profunda, pode-se conhecer sons surpreendentes, que levantam facilmente o questionamento do porquê aquele tal disco não ter estourado na mídia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - GOO
Anunciar no Whiplash.Net Anunciar bandas e shows de Rock e Heavy Metal

Cenário: rock nacional do nordeste brasileiro.
Época: década de 90.

A estagnação criativa imperava na releitura de tudo o que já havia sido feito. Nos E.U.A. vem o grunge que remodelou o punk e surgiu com moda (alguns dizem tendência) no vestuário, na sonoridade e na atitude de centenas de bandas. No Brasil, algo pra salvar a década: um ímpeto underground artístico em Pernambuco, que ficou co-nhecido como mangue beat. Dentre tantas bandas que estamparam sucessos em rádios e na MTV, algumas ficaram no ostracismo, apesar de serem excelentes. Uma dessas é a desta resenha. "Jorge Cabeleira e o Dia Em Que Seremos Todos Inúteis". Sim, o nome desta banda de Recife é este mesmo. E o disco abordado é o homônimo à banda, primeiro álbum lançado pela Sony Musicem 1994.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - CLI
Anunciar bandas e shows de Rock e Heavy Metal

"12 Badaladas" abre o trabalho apresentando logo de início influências de histórias em quadrinhos, desenhos animados, filmes trash, hard core e música nordestina. "Jabatá E O Diabo" é a segunda, que narra uma história de terror em pleno sertão selvagem. "... ladrão, praga, enchente e um bando de gente doente" abundam com o sorriso do diabo enquanto Jabatá diz "Quero toda safada enrolada num pano preto melado de sangue e cera de vela queimada".

A terceira "Sol e Chuva" é uma versão da música de Alceu Valença que aqui ganha uma roupagem contemporânea e certamente satisfazendo o autor. Mais uma cover a seguir. "Carolina" mostra como até Luiz Gonzaga pode virar uma versão de muito bom gosto, alternando partes de forró de pé de serra com hard core, que cativam para o pogo. A próxima "Nervoso Na Beira Do Mar" é poética. Começa com uma batida preguiçosa de guitarra elétrica, transformando-se num punk rock de primeira.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - GOO
Anunciar no Whiplash.Net Anunciar bandas e shows de Rock e Heavy Metal

Na sequência "Silepse" mantém o ritmo de punk rock misturado com baião de letra regional e retratando a realidade sertanista. Mudando de faixa, "A História Do Zé Pedrinho" conta uma tragédia nordestina de traição conjugal de uma maneira tão simplista, que chega a ser envolvente em sua narrativa. A poesia de "O Dia Em Que Conceição Subiu A Serra" mostra como levar o ritmo nordestino com guitarras de uma maneira bem peculiar.

Depois "Canudos" vem como uma tragédia megalomaníaca em que remete o ouvinte a um dos episódios mais sangrentos da História do Brasil, onde o Estado reprimiu e chacinou um povo que só queria viver em uma comunidade independente. A última cover "Os Segredos De Sumé", agora de Lula Côrtes e Zé Ramalho que conta com a participação especial do próprio Zé Ramalho, que atesta a boa miscelânea musical provocada.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - CLI
Anunciar bandas e shows de Rock e Heavy Metal

Seguindo, "Recife" é uma espécie de desabafo que prega a reforma agrária, a descriminalização da maconha e reclama das condições precárias do homem do sertão e do favelado da capital. A penúltima "Psicobaião" poderia muito bem ter sido composta por um dos grandes nomes da música nordestina, já citados aqui. "Carnaval" fecha o disco com um dos hard core mais raivosos já registrados pela indústria fonográfica. É a única música do álbum que não tem influências nordestinas e exatamente como um carnaval, passa o clima de desordem.

Em suma, instrumentos de arranjos como guitarras distorcidas, triângulo e sanfona, em parceria com o sotaque carregado e desleixado, equilibram a raiva do recifense urbano e do agricultor abandonado no sertão. Dificilmente surgirá uma outra banda que consegue essa coerência perfeita entre baião, punk rock, forró e hard core. No segundo disco, a banda encurtou o nome apenas para "Jorge Cabeleira", mas este já é bem inferior ao debut. Pena o grupo não existir mais. Porém o legado está registrado comprovando que o criativo, o empolgante e o poético nem sempre estão disposto de uma maneira mais aberta para o público em geral.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - WHIP
Divulgue sua banda de Rock ou Heavy Metal
Compartilhar no FacebookCompartilhar no WhatsAppCompartilhar no Twitter

Siga e receba novidades do Whiplash.Net:

Novidades por WhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps


Summer Breeze 2024
Bruce Dickinson

Grave Digger: Ceifando a vida dos incrédulos da Terra Santa

Resenha - Aurora do Triunfo Herétiko - Sevo

Resenha - Black Bible - Judas Iscariotes

Resenha - Master Executor - Warfield

Resenha - Ocean - Holdark

Resenha - SupremeInstinctNumb - Malice Garden

Varathron: A hegemonia do caos

Resenha do álbum "Eu Sou a Derrota", da banda Sangue de Bode

Resenha - Gates Of Metal Fried Chicken Of Death - Massacration

Guns N' Roses: Resenha de "Chinese Democracy" na Rolling Stone

Dream Theater: Falling Into Infinity é um álbum injustiçado?

Pink Floyd: The Wall, análise e curiosidades sobre o filme


publicidadeAdriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Efrem Maranhao Filho | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacker | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jesse Alves da Silva | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Jorge Alexandre Nogueira Santos | José Patrick de Souza | Juvenal G. Junior | Leonardo Felipe Amorim | Luan Lima | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcus Vieira | Maurício Gioachini | Mauricio Nuno Santos | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Richard Malheiros | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
Siga Whiplash.Net pelo WhatsApp
Anunciar bandas e shows de Rock e Heavy Metal

Sobre Mário Orestes Silva

Deuses voavam pela Terra numa nave. Tiveram a idéia de aproveitar um coito humano e gerar uma vida experimental. Enquanto olhavam, invisíveis ao coito, divagavam: - Vamos dar-lhe senso crítico apurado pra detratar toda sua espécie. Também daremos dons artísticos. Terá sex appeal e humor sarcástico. Ficará interessante. Não pode ser perfeito. O último assim, tivemos de levar à inquisição. Será maníaco depressivo e solitário. Daremos alguns vícios que perderá com a idade pra não ter de morrer por eles. Perderá seu tempo com trabalho voluntário e consumindo arte. Voltaremos numas décadas pra ver como estará. Assim foi gerado Mário Orestes. Décadas depois, olharam como estava aquela espécie experimental: - O que há de errado? Porque ele ficou assim? Criamos um monstro! É anti social. Acumula material obsoleto que chamam de música analógica. Renega o título de artista pelo egocentrismo em seus semelhantes. Matamos? - Não. Ele já tentou isso sem sucesso. O Deixaremos assim mesmo. Na loucura que criamos pra vermos no que dará, se não matarem ele. Já tentaram isso, também sem sucesso. Então ficará nesse carma mesmo. Em algumas décadas, voltaremos a olhar o resultado. Que se dane.
Mais matérias de Mário Orestes Silva.

 
 
 
 

RECEBA NOVIDADES SOBRE
ROCK E HEAVY METAL
NO WHATSAPP
ANUNCIAR NESTE SITE COM
MAIS DE 4 MILHÕES DE
VIEWS POR MÊS