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Sepultura: 27 anos de um lançamento completamente esquizofrênico

Resenha - Schizophrenia - Sepultura

Por David Torres
Postado em 10 de novembro de 2014

Surgido em Belo Horizonte, Minas Gerais, o Sepultura se tornou gradativamente um dos maiores e mais respeitados nomes do Metal mundial. Ainda que sua fase atual seja sempre controversa, especialmente para os fãs e ouvintes mais antigos da banda, é inegável a importância da banda para o Metal como um todo, especialmente quando se fala em Metal Extremo. Seus primeiros trabalhos são responsáveis por disseminar o Metal nacional ao redor do planeta e até hoje são referência para muitos. Após terem lançado dois registros toscos, mal gravados, porém violentos e criativos, sendo eles o EP "Bestial Devastation" (1985) e o "debut" "Morbid Visions" (1986), a banda lança, em 30 de novembro de 1987, "Schizophrenia", o segundo álbum de estúdio do Sepultura, através do selo da Cogumelo Records, a mesma gravadora responsável pela produção dos dois primeiros lançamentos do grupo. O álbum marca a estreia do guitarrista Andreas Kisser, que substituiu Jairo Guedz, que havia gravado a guitarra solos nos dois primeiros registros. A partir daquele momento, o Sepultura não apenas havia adicionado sangue novo para a banda, como também todo um novo leque de influências musicais que fariam com que a qualidade de suas composições ficasse ainda melhor.

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O álbum se inicia de uma forma brilhante e insana, com uma introdução que nada mais é do que uma releitura do clássico tema da "cena do chuveiro" do clássico filme de suspense "Psicose" (1960), do eterno cineasta e "mestre do suspense" Alfred Hitchcock. Há um momento em que a introdução cessa e é precedida por um urro animalesco que rapidamente é emendado com os "riffs" iniciais da "fuzilante" "From the Past Comes the Storms", uma grande faixa recheada de palhetadas certeiras, vocais rasgadíssimos do "frontmen" Max Cavalera, cuja voz evolui mais uma vez nesse segundo registro de estúdio, solos velozes e com muito "feeling", cortesia do até então estreante guitarrista solo Andreas Kisser e um selvagem trabalho de bateria do sempre monstruoso e inventivo Igor Cavalera. Logo nessa faixa de abertura é possível observar a evolução dos músicos, que agora executam um som mais trabalhado e melhor conduzido, combinando as influências do guitarrista Andreas com as dos demais integrantes, resultando em algo de proporções ainda maiores, mesclando e dosando agressividade e melodia na medida certa.

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A eletrizante "To The Wall" se inicia de forma cadenciada e alterna de momentos cadenciados para trechos recheados de velocidade e agressividade genuínas. Os "riffs" estão ainda mais matadores e passarem ter vida própria. Um delirante solo de guitarra de Andreas Kisser logo abre alas para mais uma sequência matadora de "riffs", iniciando assim a fabulosa "Escape to the Void", um dos maiores clássicos da carreira da banda. Novamente, um som absurdamente devastador, recheado de viradas de andamento bem construídas e inseridas, além de contar também com um refrão poderosíssimo.

Dedilhados sutis e bem suaves preparam os ouvintes para a bela instrumental "Inquisition Symphony", uma faixa que permite que cada membro brilhe individualmente. Aqui nós temos uma coletânea impecável e surpreendente de "riffs" truculentos e fabulosos, solos vertiginosos, porém recheados de harmonia, além de possuir também incríveis linhas de bateria. Um grudento "riff" dá início a estonteante "Screams Behind The Shadows". É simplesmente fantástico como a qualidade do álbum não decai em momento algum, com cada faixa ganhando o seu devido espaço e destaque e essa sexta faixa não é exceção à regra, entregando aos fãs mais um vistoso desempenho de guitarras, além de alterações rítmicas arquitetadas de forma sábia e completamente pertinentes.

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"Septic Schizo" é a sétima música do álbum e é mais uma composição deslumbrante, rápida e totalmente feroz. O seu início convida o ouvinte para "banguear" de forma completamente descontrolada e pouco depois o arremessa para uma novíssima e caótica sequência de "riffs" e palhetadas infernais, solos desvairados e bem encaixados, bateria debulhadora do início ao fim e ótimos vocais rasgados. A breve, porém bela instrumental "The Abyss", tocada no violão por Andreas Kisser, serve de interlúdio para o último massacre do disco, a fantástica e "moedora de ossos" "R.I.P." (Rest In Pain)". É a canção mais visceral, crua e agressiva do álbum, contando com "riffs" frenéticos e sujos que não deixam pedra sobre pedra.

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"Schizophrenia" é certamente um dos grandes álbuns do Death/Thrash Metal mundial, contando com um repertório invejável de faixas avassaladoras. É um registro importantíssimo e que não apenas contribuiu ainda mais com o crescimento do Sepultura na época, como também possibilitou ainda mais a ascensão do Metal nacional e influenciou e ainda influencia diversas bandas ao redor do globo.

01. Intro
02. From the Past Comes the Storms
03. To The Wall
04. Escape to the Void
05. Inquisition Symphony
06. Screams Behind The Shadows
07. Septic Schizo
08. The Abyss
09. R.I.P." (Rest In Pain)

Faixa incluída no relançamento do álbum pela Roadrunner Records em 1990:
10. Troops of Doom (Re-recorded Version)

Faixas incluídas no relançamento de 1997:
11. The Past Reborns the Storms (Demo Version)
12. Septic Schizo (Rough Mix)
13. To The Wall (Rough Mix)

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Max Cavalera (Vocal / Guitarra Base)
Andreas Kisser (Guitarra Solo / Violão)
Paulo Jr. (Baixo)
Igor Cavalera (Bateria)

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Sobre David Torres

Formado em Propaganda & Marketing, se autodenomina "Fanfarrão" graças ao seu senso de humor e modo de enxergar o mundo à sua volta. Apaixonado por filmes de terror, quadrinhos e bandas como D.R.I., Faith No More e Napalm Death, escreve também para o blog Blasting Noise Fanzine. Possui muitos sonhos, dentre eles dar início a um projeto de grindcore.
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