Titãs: Trabalho digno e excepcional de uma banda das antigas
Resenha - Nheengatu - Titãs
Por Abel Teixeira
Postado em 20 de maio de 2014
Nota: 9
Não sou muito de escrever resenhas de discos, pois sou movido por emoções passageiras. Mas vou mergulhar em algumas palavras, para descrever o que senti ao ouvir certa obra-prima, no dia de hoje.
Não existem mais desculpas! Finalmente, uma banda das antigas volta aos tempos áureos, com um trabalho digno e excepcional. Falo do Titãs, que acaba de lançar um novo álbum, produzido pelo competente Rafael Ramos (Los Hermanos, Dead Fish, Pitty, Raimundos, Maskavo), chamado "Nheengatu". A começar pela capa, passando pelo título... E terminando no mais importante: o conteúdo. É de arrepiar!
Bem, não sei se estou empolgado demais com este lançamento, ou se há um tipo de "luto" com o Rock Nacional. A falta de trabalhos consistentes tem me deixado encucado. Fato é: está na cara que a banda subiu de produção absurdamente, no que refere-se aos últimos discos dos caras. Nem vou questionar a qualidade do "A Melhor Banda De Todos Os Tempos Da Última Semana", de 2001, que considero um bom álbum, dentro do que a banda estava disposta a fazer pós Acústico MTV. No entanto, a insistência em uma fórmula desgastada, no qual o Capital Inicial vem conseguido vingar há anos (e deu certo, pois renovou seu público de forma mágica), fez mal ao Titãs. O "Como Estão Vocês?", e o "Sacos Plásticos", com certeza... São trabalhos que não desceram tão bem, nos tempos modernos.
A primeira faixa do disco, chamada "Fardado", é um petardo de dar inveja em qualquer clássico dos anos 80. Na verdade, a sonoridade deste disco, é bem parecida com ao ótimo "Õ Blésq Blom", de 1989... E ao épico "Titanomaquia," de 1993. Outra faixa genial, é "Cadáver Sobre Cadáver". Fica fácil curtir sua sonoridade, pois sua composição fica por conta de Paulo Miklos, e do eterno titã, Arnaldo Antunes. E pra quem acha que só o Engenheiros do Hawaii tem a mania de regravar todo mundo das antigas (Chico Buarque e Belchior), saibam que o Titãs fez uma releitura bem legal de "Canalha", clássico do vanguardista Walter Franco. Destaco ainda "Mensageiro da Desgraça", "Chegada Ao Brasil (Terra À Vista)" e "Flores Pra Ela", esta última... Apesar do título, contraria todas as expectativas de um público baladeiro. Fato é: estou sob impacto!
Vale ainda, dizer sobre a qualidade vocal dos integrantes. Algo que prezo muito, é isso. Uma banda não funciona se não tiver vocalistas carismáticos, e furiosos no palco. A íntegra do "Cabeça Dinossauro", registrado em 2012, ao vivo, já nos deixava a par de como esses monstros continuam sensacionais no microfone. Esse disco instiga certa violência necessária para abrir os olhos de quem estava quase dormindo com um tipo de música sem sal. Posso também falar sobre a guitarra de Tony Bellotto: segue ótima de se ouvir! Por fim, a estréia do determinado Mario Fabre, na bateria, traz ótimas lembranças do monstro, no melhor dos sentidos, Charles Gavin.
Pra terminar. Quem puder, compre essa bolacha... Vale cada centavo! Se você não tem um troco sobrando, ouça no canal oficial da banda, no Youtube. Lá, está completo! Ouçam no volume máximo.
1. Fardado
2. Mensageiro Da Desgraça
3. República Dos Bananas
4. Fala, Renata
5. Cadáver Sobre Cadáver
6. Canalha
7. Pedofilia
8. Chegada Ao Brasil (Terra À Vista)
9. Eu Me Sinto Bem
10. Flores Pra ela
11. Não Pode
12. Senhor
13. Baião De Dois
14. Quem São Os Animais?
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