Titãs: Primeiro passo para a recuperação de sua relevância
Resenha - Nheengatu - Titãs
Por Alisson Caetano
Postado em 10 de setembro de 2014
Nota: 7 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
A importância que os TITÃS tiveram para a música brasileira pode ser comparada ao que os Beatles significam para a música inglesa. Discos como Cabeça Dinossauro (1986), Jesus Não tem Dentes no País dos Banguelas (1987) e Õ Blesq Blom (1989) dominaram as rádios da época com muita criatividade, discursos sobre temas "proibidos" e, acima de tudo, qualidade e competência dos nove integrantes que compunham o grupo. Um orgulho para os brasileiros.
Todo esse legado quase foi jogado no lixo depois de anos lançando discos no mínimo questionáveis, onde a outrora banda inquieta e com "sangue nos olhos" dava lugar para uns tiozões que só compunham pops execráveis para novelas da Rede Globo, sendo o fundo do poço dessa fase o ridículo Sacos Plásticos (2009).
Talvez inspirados por toda essa onda de protestos que tomaram as ruas brasileiras em 2013, ou talvez caindo na real de que a abordagem dos últimos anos já não vendia mais, os remanescentes TITÃS (hoje resumidos a quatro membros originais) ensaiam, com Nheengatu, 14º disco de estúdio, uma volta ao rock mais primitivo e digno de nota, além da abordagem mais ácida e politizada das letras.
Partindo da afinação mais baixa das guitarras, a menor ênfase nos "teclados de formatura de colegial" e a ausência total de baladas, Nheengatu é um verdadeiro lapso de criatividade dos dinossauros que muitos davam como mortos há anos. Toda essa agressividade e simplicidade vista em arranjos e letras parece ser resgatado dos subestimados Tudo ao Mesmo Tempo Agora (1991) e Titanomaquia (1991) e até mesmo algumas das músicas deste disco não fariam feio aos irmãos mais velhos, caso de "Fardado", que abre os trabalhos similarmente a "Será que é isso que eu Necessito", até mesmo na cadência, no peso dos riffs e nos vocais rasgados de Sérgio Britto, que aqui canta sobre a agressividade do poder militar contra a população, quem eles deveriam proteger.
As primeiras músicas mostram uma banda com muita vontade de apagar o que fora feito nos últimos discos, destacando "Mensageiro da Desgraça", com os teclados fazendo um bom contra ponto aos riffs pesados de Tony Bellotto, e "República das Bananas", mais descontraída por conta dos vocais de Branco Mello. "Fala Renata" é uma direta aos que muito falam sem ter nada a dizer em letra simples e outro exemplo de teclados muito bem encaixados.
"Cadaver Sobre Cadáver" e seu clima marcial passa batida pela falta de um clímax para arrematá-la. Já o cover de "Canalha" (original de Walter Franco) é a surpresa e a melhor do disco, com um clima semi-hipnótico e riff cavalar no refrão a lá BLACK SABBATH.
O restante do disco segue com músicas que, se não são excelentes, não comprometem, caso de "Pedofilia" e uma interpretação dramática por parte de Sérgio Britto. "Eu me Sinto Bem" tem um clima a lá surf music, como se fosse uma versão mais obscura de "Sonífera Ilha". "Flores para Ela", única contribuição de Mário Fabre (novo baterista) nas composições é outro destaque, com sua letra sobre violência contra a mulher.
Em um saldo geral, da para dizer que este é um disco que dá vida nova aos TITÃS, que pareciam gravar discos no piloto automático desde Domingo (1995). Na parte instrumental, cada um parece bem adaptado a desempenhar sua função, com destaque para a evolução de Branco Mello na função de baixista, assim como Mário Fabre, que tira de letra o abacaxi de ter de substituir Charles Gavin no posto de baterista.
Muito longe de ser um novo "Cabeça Dinossauro", como tem sido promovido, Nheengatu é, sem dúvida, um disco que possui força e que merece a sua atenção. Que este seja o primeiro passo para que a banda volte a nos orgulhar, como o fez brilhantemente anos atrás.
Tracklist:
1. Fardado
2. Mensageiro da Desgraça
3. República dos Bananas
4. Fala, Renata
5. Cadáver Sobre Cadáver
6. Canalha
7. Pedofilia
8. Chegada ao Brasil (Terra à Vista)
9. Eu Me Sinto Bem
10. Flores pra Ela
11. Não Pode
12. Senhor
13. Baião de Dois
14. Quem São os Animais?
Lineup:
Paulo Miklos - vocal (faixas 2, 5, 10, 13) / guitarra
Branco Mello - vocal (3, 6, 8, 12) / baixo
Sérgio Britto - vocal (1, 4, 7, 9, 11, 14) / teclados / baixo (faixas 3, 6, 8, 12)
Tony Belotto - guitarra
Outras resenhas de Nheengatu - Titãs
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A banda que Slash considera o auge do heavy metal; "obrigatória em qualquer coleção"
A categórica opinião de Regis Tadeu sobre quem é o maior cantor de todos os tempos
Ingressos para o festival Mad Cool 2026 já estão à venda
Os 20 álbuns de classic rock mais vendidos em 2025, segundo a Billboard
O histórico compositor de rock que disse que Carlos Santana é "um dos maiores picaretas"
E se cada estado do Brasil fosse representado por uma banda de metal?
Para Wolfgang Van Halen parte do público não consegue ouvi-lo sem pensar no seu pai
M3, mais tradicional festival dedicado ao hard rock oitentista, anuncia atrações para 2026
As cinco músicas dos Beatles que soam muito à frente de seu tempo
Edguy - O Retorno de "Rocket Ride" e a "The Singles" questionam - fim da linha ou fim da pausa?
A banda que vendeu muito, mas deixou Ronnie James Dio sem ver a cor do dinheiro
Brasileiro se torna baixista temporário do Crashdiet
Como foi o último show do Sepultura com Max Cavalera, segundo integrantes da banda
System of a Down volta à América Latina em maio de 2026
O músico a quem Eric Clapton sentia que devia pedido de desculpas: "Me comportei mal"
Corey Taylor: Sexo com Lita Ford e Doro Pesch era o seu sonho de infância
O curioso guitarrista que Neil Young proclamou estar "no mesmo nível" que Jimi Hendrix
17 bandas famosas de rock e metal que nunca trocaram de integrantes


O clássico do rock nacional cujo refrão é cantado onze vezes em quatro minutos
O álbum que gringos acharam que era split porque lados A e B são muito diferentes
A maior banda do Brasil de todos os tempos, segundo Andreas Kisser do Sepultura
Falecido aos 81 anos, Jimmy Cliff participou do maior sucesso do Titãs
Andreas Kisser afirma que Titãs é a maior banda da história do Brasil
O álbum dos Titãs que Herbert Vianna achou que os Paralamas nunca superariam
Por que o Kid Abelha não deve voltar como os Titãs, segundo Paula Toller



