The Who: "Who's next" é um legado para os adoradores de rock
Resenha - Who's Next - Who
Por Eduardo Wolff
Postado em 08 de maio de 2014
Com uma base futurista, como se fosse o filme "2001: Uma Odisseia no Espaço", de Stanley Kubrick, o The Who projetou o "Who´s Next". Alias, a capa do disco é influenciada justamente nesse clássico da ficção científica. Na foto, o monólito (estrutura geológica que aparece no filme) foi urinado pelos quatro membros da banda: uma atitude bem rock. Este disco está posicionado entre duas óperas rock do grupo: Tommy, de 1970, e Quadrophenia, de 1973.
Voltando à película cinematográfica, um dos personagens, o computador ultra inteligente HAL 9000 chega ao ponto de controlar a espaçonave, colocando os humanos tripulantes sob seus domínios. De certa forma, a comparação pode ser feita com o sintetizador ARP 2600, que comanda este álbum. A tecnologia foi capitaneada por Pete Townshend – o centro criativo da banda.
Neste registro, o The Who se mostra ainda mais maduro, flertando com o rock progressivo, que ganhava força na época e se perpetuaria até o final dos anos 70, momento de seu declínio. Nota-se também que as músicas, na maioria, são bem mais extensas. Outro gênero musical presente é o Synthpop, que ganharia notoriedade com o Kraftwerk, principalmente nos anos 80. Ou seja, o tradicional rock visceral deu espaço para mais experimentalismo, gerando descontentamento de alguns fãs quando lançado este disco.
Mesmo com a tecnologia, Pete Townshend usa bastante violão e piano, o que permite um contraste com os sintetizadores. As baladas também são marcantes no álbum.
Como não poderia ser diferente, no início desse registro quem se manifesta é o ARP, que dá o start em "Baba O'Riley". O equipamento emite sons que parecem de videogame, aqueles de Atari. A canção também conta com um solo de violino, que dá acabamento e finaliza a música. O resultado é uma bela fusão entre o eletrônico e o orgânico. Já em "Bargain", o começo tem aquele rolo de bateria nervoso e amalucado, característicos de Keith Moon. E em meio a palmas e a pinceladas de sintetizador, Roger Daltrey (gutural) e Pete Townshend (analasado) dividem os vocais.
Contradizendo com a proposta principal do disco, numa mescla de country com blues, surge "Love Ain't For Keeping", fazendo um resgate ao passado. Os dois violões gravados por Pete e a dispensa do sintetizador contribuem para chegar a este destino. Um bem postado coral de vozes e a liberdade dada ao baixo para solar permitiram uma maior melodia à canção.
Num formato de power trio, duas faixas não contam a presença de Daltrey. Na "My Wife" é a vez da voz rouca do baixista John Entwistle entrar em ação. A canção tem um piano no estilo faroeste, além de instrumentos de sopros muito bem colocados do meio para o final da música, encerrando-a de forma mais épica. Já "Going Mobile", Townshend canta, com o seu violão, sobre o seu prazer em dirigir. E a letra é politicamente incorreta, com o trecho: "I don't care about pollution (Não me importo com a poluição)".
Duas músicas têm como base o piano e que poderiam fazer parte da ópera rock Tommy. Em "The Song Is Over", Pete canta de forma depressiva, com um teclado de base. Mas, quando entra a voz Daltrey vem juntamente o peso da guitarra, do baixo e da bateria. Aí, as coisas se invertem, dando mais ânimo a música. Quase no mesmo tom tem "Getting In Tune", só que nesta é Daltrey que vocaliza de forma desanimada e depois energética. A construção musical é parecida com a canção anteriormente referida, uma espécie de continuação.
A clássica "Behind Blue Eyes" é uma balada tão contagiante, que foi dispensado o uso do ARP. É uma música à moda antiga, boa cantar numa roda de amigos. Do início até a metade é introspectiva, com violão e baixo, este último instrumento com arranjos mais elaborados. Na parte final, a levada é no estilo consagrado do The Who, ou seja, com aquele peso nos instrumentos que fizeram sucesso no início da carreira.
Futurística e espacial. Estes são dois adjetivos que podem ser aplicados a "Won't Get Fooled Again", faixa que encerra o álbum. Certamente, poderia estar na trilha sonora do "Odisseia no Espaço". É a canção mais longa do disco, com 8 minutos e 33 segundos. Ela é tão boa, que o tempo passa como um foguete, quase na velocidade da luz. Mais uma vez, o HAL, digo, o ARP entra em ação e, praticamente, é tocado numa mesma base sonora, do início até o final, com pequenas variações no meio da música. É um contagiante encerramento para este grande enredo musical.
Após esse álbum, Moon teria pela frente mais três discos para gravar. Entwistle mais cinco. E a dupla Daltrey e Townshend estão vivos e na ativa, para quem sabe fazer ainda mais.
"Who´s next" é para ser escutado durante as próximas gerações. De avô para neto. Um legado deixado para os adoradores de rock.
Outras resenhas de Who's Next - Who
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A melhor banda de rock de todos os tempos, segundo Bono do U2
Angra fará show com formação de "Rebirth" no Bangers Open Air 2026
A banda que inspirou a reunião da formação "Rebirth" do Angra, segundo Rafael Bittencourt
Mystic Festival terá cerca de 100 bandas em 4 dias de shows; confira os primeiros nomes
Bangers Open Air 2026: cinco apresentações que você não pode perder
Metal Church recruta ex-membros do Megadeth e Alice Cooper para nova formação
"Melhor que os Beatles"; a banda que Jack Black e Dave Grohl colocam acima de todas
"Come to Brazil" - 2026 promete ser um ano histórico para o rock e o metal no país
As 50 melhores bandas de rock da história segundo a Billboard
O único arrependimento de Gene Simmons sobre Ace Frehley, segundo o próprio
Angra comenta show histórico no Bangers; "É a prova de que o metal feito aqui tem força"
Irene Thornton, ex-esposa de Bon Scott (AC/DC), morre aos 75 anos
Deep Purple continuará "até onde a dignidade humana permitir", declara Ian Gillan
Blaze Bayley surpreende ao escolher maior música que escreveu para o Iron Maiden
"Masculinidade tóxica moveu essa banda", diz Kirk Hammett, guitarrista do Metallica
Regis Tadeu monta sua banda dos sonhos só com músicos vivos do rock nacional
No mictório de pedra, gênios do The Who glorificaram o nascimento de uma obra-prima
As 5 melhores músicas de Peter Townshend de todos os tempos, segundo o próprio
O gênero musical que tomou o lugar do rock, de acordo com Roger Daltrey
As cinco músicas que Pete Townshend, do The Who, coloca no topo da própria carreira
O guitarrista do panteão do rock que Lou Reed dizia ser "profundamente sem talento"
A banda de rock clássico que mudou a vida de Eddie Vedder de vez; "alma, rebeldia, agressão"



