Resenha - Feedback - Rush
Por Álcio Villalobos (Planeta Stoner)
Postado em 25 de outubro de 2004
Quais são as maiores características do Rush conhecidas? O vocal anasalado de Geddy Lee, a técnica musical apurada e o fato de sempre dividir opiniões. O velho clichê se aplica (e talvez tenha sido inventado para o Rush): ou você os ama, ou os odeia. Porém, sempre existem exceções às regras, eu posso dizer que sou uma. Sempre achei o Rush uma banda legal, tecnicamente irrepreensível e inconstante, pois não são todas as fases e músicas que aprecio do trio canadense. Nos últimos anos, a rapaziada tem apostado nas sonoridades mais pesadas, com ênfase na guitarra, ao invés dos sintetizadores, teclados e outras parafernálias dos anos 80.
E agora? Lá vem eles com um EPzão de oito covers de bandas do final dos anos 60: Summertime Blues, de Eddie Cochran, ganhou uma versão com base naquela feita pelo Blue Cheer (conforme o próprio Geddy Lee declarou em entrevista, antes do Blue Cheer tocá-la, ele sequer conhecia a original) que a tornou bem interessante e pesada; Heart Full Of Soul e Shapes Of Things dos Yardbirds, ganharam arranjos de muita personalidade e garra; For What It’s Worth e Mr. Soul, do Buffalo Springfield, a primeira um verdadeiro hino hippie, ganharam versões fiéis às originais, mas com alguns toques modernos e guitarras distorcidas (aliás, Alex Lifeson está que é um "guri", criando boas soluções harmônicas e arranjos para a guitarra); The Seeker (The Who) e Seven And Seven Is (Love), apesar de soarem bem, ficaram meio sem sal no final das contas, ao menos perto das demais, não trazendo nada de muito novo e interessante; e o petisco final, Crossroads (Robert Johnson, mas aqui lembrando a versão que o Cream fez) fecha o disquinho com muita classe e surpreendendo quem não conhece Rush direito, com feeling bluesy e guitarras saturadas.
Resumo da ópera toda: Nada como uma banda que viveu a época para tocar essas músicas e não soar forçado. Apesar de faltar um pouco mais de malvadeza e sujeira nas versões, este disco pode deixar muitos "não fãs" de Rush na condição de dar mais uma chance ao trio. E eu, onde me coloco desta vez? Eu fico com o trio e abraço o disco. Vale a pena!
Gravadora: Atlantic
Ano: 2004
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