Bob Gruen: registro de momentos preciosos no ramo musical
Por Pedro Zambarda de Araújo
Fonte: Bola da Foca
Postado em 04 de fevereiro de 2009
Pedro Zambarda de Araújo inicia, com essa matéria, uma série de textos sobre jornalistas envolvidos com Rock´n´Roll de diversas maneiras, seja na fotografia, no texto ou em outras formas de comunicação. Para começar, escolhi Bob Gruen, que fez uma exposição de fotografias de um de seus últimos livros, Rockers, no Museu de Arte Brasileira da FAAP, com o apoio do músico Supla, em 2007.
Se tem alguém que registrou momentos preciosos no ramo musical, foi Bob Gruen. O fotógrafo nasceu em 1946 e testemunhou o uso de guitarras polêmico de Muddy Waters, no final da década de 1950, e do ídolo folk Bob Dylan, no Newport Folk Festival, em julho de 1965. Mas essas foram apenas as suas primeiras conquistas, junto com fotografias dos shows de Elvis Presley.
Gruen fez um trabalho famoso sobre a chegada do casal Lennon aos Estados Unidos da América. Uma das mais célebres fotografias registradas sobre o rock seria a de John Lennon com uma camiseta de manga curta com os dizeres "New York City". É de 1974, no auge da carreira solo do ex-beatle. Também foram registradas as primeiras fotografias de seu filho com a artista plástica e cantora Yoko Ono, Sean Lennon, que ganharia a vida com produção musical e composições próprias.
Também foi registrado, nesse período, a turnê norte-americana do Led Zeppelin, em 1973, que contou com um avião boeing próprio e muitos equipamentos para a época. Do blues ao hard rock, nada passou desapercebido pelas lentes de Gruen, transformando-o em uma verdadeira memória do fotojornalismo roqueiro.
Mas as maiores polêmicas de sua carreira seriam registradas em 1975 até o começo dos anos 80. Dos shows "faça-você-mesmo" dos Ramones, Gruen teve contato com as produções de Malcon McLaren no decadente glitter rock novaiorquino (o glamour rock americano, movimento no qual os artistas se vestiam com roupas femininas e atitudes non-sense). Foi um passo para o fotográfo registrar a turnê norte-americana dos Sex Pistols, um bando de músicos ingleses sem a menor capacidade musical, mas com uma atitude agressiva e revoltada com seu público.
"Então Sid comprou todos aqueles braceletes de couro, cintos de couro e aí comprou uma geléia K-Y ou um lubrificante, um lubrificante pra passar no rabo antes de meter, e passou no cabelo. Era como Crisco, e Sid passou tudo no cabelo, e o cabelo foi ficando duro, e Johnny Rotten disse: 'Genial, Sid. Agora você pode enfiar sua cabeça no rabo de alguém'" disse Bob Gruen, em um dos relatos orais que cedeu para a publicação do livro Mate-me Por Favor, sobre as origens do punk rock. O fotógrafo também foi muito amigo de Dee Dee Ramone, que considerava a verdadeira "alma" da banda vinda do Queens, subúrbio de Nova Iorque.
Com todos esses exemplos, vale lembrar que Gruen também fotografou o White Stripes, Tina Turner com David Bowie e Keith Richards, The Smiths e até Iggy Pop. Para a história e o jornalismo, ele foi um homem necessário e que ficará registrado através de seu trabalho, nos bastidores e nos palcos. Ele também foi um exemplo de que o envolvimento pessoal com a música não interferiu, necessariamente, na qualidade de um bom trabalho.
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