Angra: Um registro da paixão do povo cearense e nordestino
Resenha - Angra (Marina Park, Fortaleza, 10/10/2002)
Por Pablo Castelar
Postado em 10 de outubro de 2002
Fotos por João Paulo Andrade
Publicado Originalmente no SkyHell Webzine
Este foi o registro da paixão do povo cearense, e por que não dizer nordestino, por este que pode ser considerado o maior nome do heavy metal melódico brasileiro: Angra.
O Ceará Music é o maior evento musical do Estado e um dos maiores do país, distribuído em três dias, com bandas nacionais dos mais diversos estilos. Estas bandas são escolhidas através de votações, feitas principalmente pela internet. E, para a surpresa de muitos, e agrado dos headbangers do nordeste, o Angra recebeu a sexta maior votação e a banda foi levada ao evento, literalmente, "nos braços do povo".
Outro fato importantíssimo marcou a noite, a primeira do festival: A resistência e fidelidade dos fãs de heavy metal e da banda. Convenhamos, com todo respeito às demais bandas, para quem não aprecia o estilo de Capital Inicial, o Rappa, Jorge Vercilo, Skank e derivados, foi desgastante e cansativo ter de esperar até as 5 horas da manhã para o começo do show do Angra.
Com o raiar do dia, finalmente o grupo entrou no palco principal do evento (que contava com 2 palcos), e apesar de muita gente já ter ido embora, era enorme a quantidade de pessoas que ficou para honrar o final da noite. A banda começa logo com Nova Era, um neo-clássico do Angra, tirado do álbum Rebirth. A música foi muito bem recebida, e total mérito deve ser registrado ao Edu Falaschi, vocalista do Angra, por conseguir arrancar energia da platéia àquela hora da madrugada. Aliás, verdade seja dita, a banda inteira teve uma performance de palco excepcional.
Era nítida a satisfação dos membros do Angra ao ver aquela multidão que os prestigiava, e fizeram um belo show para compensar a espera. Tocaram outras faixas do novo álbum Rebirth, como Millenium Sun e Acid Rain, que proporcionaram momentos curiosos das famosas "coincidências". Ao tocar a primeira, o sol ia subindo, ao tocar a segunda, a chuva começou a descer dos céus. E ao contrário do que se podia esperar, pouquíssimos foram buscar abrigo. O show continuou, e todos ficaram lá para agitar com o Angra.
Com o público nas mãos, a banda também remeteu ao passado com Angels Cry, fez o público cantar com Rebirth, uma das mais bem recebidas do show, finalmente dando um descanso com a faixa Hunters And Prey, do EP homônimo.
Como não podia faltar, no final do show a banda arrancar ainda mais energia do público tocando a clássica Carry On, entoada por todos. E quando imaginava-se que o show havia chegado ao fim, a banda surpreende tocando The Number Of The Beast, clássico imortal do Iron Maiden, fazendo um começo do dia perfeito.
O único infortuito da apresentação é que a equalização do som, talvez devido a inexperiência com os técnicos de som com o estilo, foi um pouco prejudicada, com o volume das guitarras muito abaixo do desejável, principalmente a de Rafael Bittencourt. Afora isso, foi uma apresentação digna, com destaque ao baixista Felipe, tocando de forma magistral e apoiando nos vocais de maneira muito eficiente.
Mais importante do que este show do Angra, a significância deste momento deve ser reconhecido por diversos fatores e conseqüências. Primeiramente, deve-se observar que isto é uma enorme porta que se abre para as outras bandas de heavy metal, não apenas para tocarem neste evento (espera-se), como também para trazer ao nordeste ainda mais a presença do metal nacional. O público cearense demonstrou que há espaço para este mercado sim, e que dando oportunidade, o heavy metal pode cativar os mais diversos tipos de ouvintes.
Concluindo, note-se que o Angra está atualmente na primeira posição na enquete do site oficial do evento, sobre qual foi a melhor performance no palco principal do Ceará Music, com mais de 27% dos votos. Alguém ainda duvida da força do metal?
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