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Pink Floyd: Dark Side of The Moon para o futuro

Por Atila Danvi Carminati
Fonte: atiladanvi
Postado em 23 de janeiro de 2015

Dark Side of The Moon é uma obra, sem dúvidas, muito bem formada na ideia de álbum conceitual, além de, claro, ser musicalmente sensacional. Isso quer dizer que além de fornecer ótima qualidade musical – misturas de diversos sons, letras que nos fazem querer decora-las e entende-las e belíssimos solos de guitarras acompanhados pela voz encantadora de David Gilmour, o álbum também explora um vasto terreno de conceitos, não só através de suas letras, mas também por essa já citada mistura de sons (como se percebe em Speak to Me, On the Run, Great Gig in The sky).

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Só para ter uma idéia, aparece muitas vezes no álbum, o som de uma batida de coração, que pode representar a vida nos seus pontos mais vitais e a necessidade de viver uma vida própria como se vê em Speak to Me/Breathe, ou a questão da passagem do tempo como vemos em Time, ou a crítica às várias controvérsias sobre o dinheiro, não criticando apenas o consumismo, mas também criticando a própria crítica ao dinheiro, como vemos em Money, quando a letra diz: "Money, it’s a crime, share it farely but don’t take a slice of my pie" ou "Money, so they say, is the root of all evil today, but if you ask for a rise it’s no surprise that they are giving none away". Não vou tentar expor minuciosamente os conceitos explorados por essa obra, pois acho muito importante que cada um tenha suas próprias imagens e ideias ao escutar uma música, além de que o número de conceitos presentes no Dark Side of The Moon é tão grande quanto for a nossa capacidade de interpretar. Ademais, este álbum seria apenas o primeiro de outros álbuns conceituais do Pink Floyd, como seriam o Wish You Were Here, Animals e o The Wall.

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Ano após ano, é muito comum ouvirmos – e até mesmo pensarmos, coisas como: "nossa! como esse ano passou rápido" ou "cada ano que passa parece ficar mais curto", já até chegaram a me dizer "depois dos 18, os seus anos vão voar". Acredito que todo mundo já tenha escutado algo parecido.

De fato, quanto mais envelhecemos, mais nos parece que os anos se aceleram, que o tempo se contraí, acabamos ficando sem tempo para nós mesmo ou para simplesmente "ver o tempo passar". Essa idéia de um tempo contraído, que aumenta quanto mais o tempo passa, é realmente muito presente na contemporaneidade, principalmente nas grandes cidades, onde tudo é extremamente rotineiro e apressado. Mais ainda: cresce também aquela vontade frustrante de recuperar o tempo perdido. Acima de tudo isso, o tédio vigora. Tudo que é bom parece se tornar menos durável e, como todo o resto, vira passageiro. Sempre estamos invejando algum tempo mais jovem. Somos sufocados pela falta de tempo e quando temos uma folguinha, não sabemos aproveitar e o tempo se torna maçante.

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Parênteses. Com os avanços tecnológicos mais recentes, que proporcionam a criação de diversos aparelhos portáveis, essa sensação de que temos pouco tempo para nós mesmo só aumenta. Agora é possível ouvir música enquanto anda na rua, ver TV e ter uma biblioteca na palma da sua mão enquanto se está no metro, por exemplo. Não acho isso extremamente ruim, mas o ponto vital de pelo menos tentar apreciar completamente uma música, uma obra literária, ou um filme, é estar no conforto de um lar, num teatro, numa biblioteca, num cinema ou em outro lugar apropriado, com tempo para pensar, num momento relaxante e prazeroso, sem ter que estar preocupado em olhar para os dois lados da rua antes de atravessar, ou em enfrentar a lotação dos trens e metros. Quero dizer que nessa vida rotineira, o lar (e esses ambientes culturais, por assim dizer) passa a ter um valor reduzido e pouco confortavel, ele também cai na temporalidade contraída. Deixo aqui uma possível interpretação da reprise de Breathe, no final da música Time, quando a letra diz: "Home, home again. I like to be here, when I can. When I come home, cold and tired, it’s good to warm my bones beside the fire". Isto é, já vivendo numa rotina que contrai nosso tempo (em que tudo é muito estressante e, acima de tudo, tedioso) se levarmos nossas atividades recreativas (que deveriam ser exercidas no conforto relaxante de um ambiente apropriado, com tempo para refletir, que nada mais é do que o clichê de termos mais tempo para nós mesmo) para a nossa rotina, onde o tempo é contraído, os valores podem se perder: nossas casas se tornam um lugar de passagem, como é o trem, o metro, o ônibus, o refeitório da faculdade ou do trabalho e nos tornamos pouco capazes de compreender ou até mesmo criar arte. A arte, enquanto como eu a vejo, está na contramão dessa sua submissão ao cotidiano.

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Ok. Voltando à primeira ideia, aquela de como o tempo parece passar mais rápido a cada ano que envelhecemos. E vamos aqui olhar para a música Time. A minha interpretação dessa música diz exatamente respeito à essa sensação que temos de que o tempo se contrai quanto mais os anos passam. Não vou falar da música inteira, somente do começo da música, a parte antes de entrar os vocais, onde ficam apenas umas 2-3 notas tocando com um razoável espaço de tempo entre elas.
Reparem: no começo, as duas primeiras notas soam mais tranquilas; entre elas, prevalece o silêncio, que podemos chamar de ‘tempo livre’ (percebam as analogias). Enquanto as notas vão passando (isto é, enquanto os anos se passam), resta cada vez menos desse silencio entre as notas, menos desse ‘tempo livre’, a percussão vai ficando cada vez mais presente, mais acelerada, mais intensa, até que chega a um ponto que a percussão preenche todo o ‘tempo livre’ entre uma nota e outra. Além disso, a maneira calma e estável como cada nota se intercala não parece ser compatível com a crescente velocidade e intensidade da percussão, cria-se um momento perturbador, cansativo, assim como o é o nosso dia-a-dia. Surge a sensação de que o tempo entre cada nota está se contraindo, quando na verdade, ele permanece o mesmo.

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Pois era de tudo isso que estávamos falando agora: a sensação presente de como cada ano parece passar mais rápido, quantos mais anos se passam e de como temos pouco tempo livre, embora todos os anos durem os mesmos 365 dias (exceto alguns que duram 366 hehe). A ideia aqui é tentar mostrar como a música em sua composição é capaz de despertar diversas das nossas sensações, sejam ela presentes ou passadas. Além disso entra aqui a questão de que a música deveria servir para nos ensinar a passar o tempo. Temos então uma música que, enquanto na sua ideia geral de música (não especificamente essa música), serve para nos ensinar a passar o tempo, enquanto essa música na sua especifidade (Time do Pink Floyd) mostra como não sabemos ver o tempo passar, o tempo se contraí, não percebemos e quando o fazemos é tarde demais e ficamos tentando correr atrás do Sol que está afundando e dando a volta para vir por trás de nós novamente.

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O tempo passa e com isso, somos tomados por obrigações frustantes e fatigantes, geralmente que ainda servem para suprir um interesse alheio a nós mesmos. O tempo se perde, por não pertencer a nós mesmos, e ainda se contrai devido a essas ocupações toscas. Ficamos atordoados e quando o tempo cai em nossa posse, mal sabemos o que fazer o que ele. A passagem da vida, temporalmente, é oprimida por esse tempo contraído do contemporâneo.

Vou terminar por aqui, só deixando aberto, mostrando como é possível interpretar até coisas que nunca damos muita importância numa música. Só mais uma coisa: nesse sentido, a música é perfeita para nos ensinar a passar o tempo.

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