Mamonas Assassinas: Uma lembrança de dar medo
Por Rodrigo Contrera
Postado em 03 de março de 2018
Quando eu trabalhava como repórter, em Guarulhos, terra dos Mamonas Assassinas, a banda já era história. Não repercutiam muito mais as lembranças de sua morte trágica, naquele acidente aéreo, e poucas pessoas falavam sobre eles na redação.
Mamonas Assassinas - Mais Novidades
Foi como quando o Ayrton Senna morreu. No começo, veio aquele baque. Depois, veio aquele momento das piadinhas, que são anticorpos sociais. E depois veio o silêncio. Na época, eu ainda fazia USP e ficava no Cepeusp fazendo karatê.
Ocorre que, com o passar do tempo, aquela cidade, que é muito grande, foi entrando nas minhas veias. Fiz de tudo por ali, no bom sentido, claro. Cobri assassinatos de bebês, vi carros estraçalhados, fiz coberturas mais tranquilas, e sofri algumas homenagens nas reportagens que eu fazia.
Um dia, o Edu, um dos repórteres fotográficos, ouso dizer, o melhor deles, disse que tinha uns materiais tenebrosos. Mas não disse isso em voz alta. Disse isso meio com vergonha. Pois eram as fotos que ele tirou quando chamaram ele para as buscas dos corpos. Pois então. Estava tudo lá.
Na verdade, pouco dava para distinguir naqueles destroços todos. Haviam membros espalhados, sim, mas nada muito claro. Eram fotos meio estranhas, com pessoas no meio de uma bagunça toda. O que mais se ressaltava eram os destroços do avião.
Mas aquilo ficou na minha mente. Tanto ficou que um dia, numa outra saída, cheguei a ver mais de 300 fotos de mortos, tiradas por outro fotógrafo do jornal, em ocorrências as mais diversas. Fui notando que aquelas fotos eram fruto de burrice. Que aquelas mortes eram burras. Não as dos Mamonas, claro.
Um dia, de volta para casa, passei no Parque Cecap, acho que chama assim, e vi uma grande mamona de aço que havia sido postada ali na praça. Foi a homenagem que o pessoal da cidade fez à banda. Faz tempo que não passo por lá, mas o monumento já estava todo pichado. Cidade de periferia é assim mesmo. Hoje moro em outra delas.
Os Mamonas deixaram em mim uma espécie de vontade de ser que ficou na garganta. Uma espécie de algo que prometia mas que não foi. Iria experimentar isso várias vezes depois, inclusive no meu casamento (que gorou), e nos meus serviços (que também se foram). Curioso como essa sensação ainda permanece.
Pelo menos eles deixaram uma saudade animada. Uma espécie de gosto pela vida, que pude reexperimentar outro dia, quando voltei de carro para casa e apareceu uma música deles. Não consegui deixar de rir, de sorrir, e de entender que o passado a gente vive apenas uma vez.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Organização confirma data do Monsters of Rock Brasil 2026
Helloween retorna ao Brasil em setembro de 2026
Guns N' Roses homenageia seleção brasileira de 1970 em cartaz do show de São Paulo
Trivium agradece Greyson Nekrutman e anuncia novo baterista
Megadeth tem show confirmado em São Paulo para 2026
Bryan Adams retorna ao Brasil em março de 2026
"Um cantor muito bom"; o vocalista grunge que James Hetfield queria emular
A banda pioneira do punk que Joey Ramone adorava; "uma das minhas bandas favoritas"
Soulfly divulga vídeo de "No Pain = No Power", faixa de seu novo disco
A banda de rock clássico que mudou a vida de Eddie Vedder de vez; "alma, rebeldia, agressão"
A melhor música de "Let It Be", segundo John Lennon; "ela se sustenta até sem melodia"
A canção do ZZ Top que, para Mark Knopfler, resume "o que importa" na música
O único frontman que Charlie Watts achava melhor que Mick Jagger
Nicko McBrain tocará no próximo álbum do Iron Maiden? O próprio responde
As 15 bandas mais influentes do metal de todos os tempos, segundo o Metalverse
Heavy Metal: os dez melhores álbuns lançados em 1981
O riff do Deep Purple que impressionou Tony Iommi; "difícil de fazer algo melhor"
O hit do Queen que foi rejeitado por Brian May; "não me sentia muito à vontade"

Cinco fatos marcantes do rock e do metal que completarão 30 anos em 2026
O dia que vocal do A-ha tocou "Take on Me" com os Mamonas Assassinas em São Paulo
A opinião dos Mamonas Assassinas sobre Freddie Mercury, Tom Jobim, Rush e outras lendas
O que João Gordo, Nando Reis e outros músicos brasileiros pensavam dos Mamonas Assassinas
Metallica: a arte em "Lulu" e no "Kill 'Em All"
Guns N' Roses: o mundo visto do banquinho



