A melhor defesa da crítica é o ataque?
 Por Rafael Carnovale
Por Rafael Carnovale
Fonte: Rafael Carnovale
Postado em 26 de agosto de 2007
Confesso que ao ler a matéria "Crítica ou ataque?" (link abaixo), pensei que estaria diante de um bom depoimento sobre o atual "status" da imprensa especializada, feito por um fã que teve o bom senso de analisar vários trabalhos publicados no meio especializado. Pude constatar que infelizmente não só a matéria mostrou-se preconceituosa em excesso com a imprensa em geral, e ainda por cima conseguiu rotular os fãs de heavy metal como pessoas de mente fechada e altamente passionais, sem senso de humor ou até mesmo capacidade de uso do bom senso.
Não pensem que com estas palavras tenho intenção de ofender o autor da matéria citada. Ele mostrou sua opinião, justificou e defendeu-a das melhores maneiras possíveis, logo não fez nada que não fosse sua obrigação como redator. Apenas proponho uma reflexão sobre o significado do termo imprensa especializada, e como funciona esse mecanismo, amado e odiado em iguais proporções mundo afora.
Desde que o homem inventou a roda, com certeza alguém perguntou se aquilo funcionaria, o que nos permite concluir que opinião e crítica sempre existiram desde que os primatas começaram a sua existência no mais primitivo dos períodos. Ao longo do tempo a crítica foi se aperfeiçoando, e surgiram pessoas cuja função é criticar e falar do trabalho dos outros, além de trazer informação sobre tudo o que ocorre: a imprensa. Vale citar que não estou aqui buscando referências históricas, nem ligando o surgimento da imprensa ao Iluminismo ou até mesmo a Revolução Industrial ou extinção do Feudalismo, até porque quero sim falar do presente, do que acontece no meio metal atualmente, e não viver de passado ou usá-lo para justificar algo.
O que é um crítico? Qual a diferença do crítico para o simples fã? Voc ê saberia dizer? Seria o crítico aquele cuja função é destrinchar os lançamentos para encontrar defeitos e assim poder tecer ofensas e ataques a pobres trabalhadores da indústria musical em busca do seu lugar ao sol? Na verdade o crítico nada mais é do que um fã que se propõe a expor sua opinião em veículos de visibilidade nacional ou mundial, um infeliz que vai ouvir o produto musical para depois escrever sobre ele. Nada mais do que isso. Faculdades ou pós-graduação no meio jornalístico apenas são ferramentas para que você possa exprimir sua opinião de forma mais ... profissional. (?)
Então seria o crítico um herói, um messias que põe sua cara a tapa para que as pessoas possam discutir sobre a música, um formador de opinião cujo objetivo é ser malhado por vários fãs de determinado grupo musical? Não meus caros... o crítico é um infeliz, um idiota, um cara que acredita que é válido falar sobre música, um retardado que acha que a sua opinião pode ajudar a esclarecer algumas dúvidas sobre algum CD que esteja sendo lançado, em troca de alguns cobres (em vários casos como o deste que vos escreve e de TODOS os redatores da equipe do Whiplash! Rocksite apenas pelo prazer de escrever).
Quando recebemos um trabalho, seja de banda famosa ou iniciante, o objetivo é analisar seus aspectos e daí trazer a sua opinião a público. Não tenho (eu) o objetivo de ser o dono da verdade (até porque se eu o fosse você gostaria de mim né?), apenas a intenção de falar algo a o fã, esse ser esquisito, apaixonado, que pode em questão de minutos levar uma banda ao seu auge e ao mesmo tempo ao limbo. Na opinião deste que vos escreve não existe o que chamam de imparcialidade, já que você traz para o público o "feeling" que determinado trabalho te passa. Isso seria desde já o fim da imparcialidade, embora alguns heróis se resumam a ser descritivos, evitando até mesmo qualificar determinada música ou performance, tudo em prol da crítica construtiva. Para este que vos escreve isso não existe. Como você pode ser imparcial se o que você traz a público é a impressão que o CD (LP, K7 ou o que for) tenha te passado. "Feeling" e "Feedback" são impressões muito pessoais, e o risco de uma crítica denominada imparcial cair na mesmice é muito grande, já que descrever apenas o que o produto nos traz, aonde o guitarrista sola, aonde o vocalista usa sua voz com mais intensidade não cria no leitor a atmosfera da dúvida, o questionamento se o idiota que escreveu tais linhas estava realmente falando a verdade. Com isso, procuramos estar o mais próximo possível do leitor, e por isso muitas vezes a linguagem informal é usada, para que a pessoa possa ler o texto de maneira confortável e sem ter que se deparar com verdadeiros contos literários sobre música. Concordo que tal posicionamento é perigoso e com isso alguns trabalhos ficam devendo em termos de bom uso do português, mas esse é um risco assumido e algo que o crítico tem a obrigação de aperfeiçoar. Todo crítico é antes de tudo um crítico de si mesmo.
Mesmo não sendo um crítico no exercício de seu ofício, o fã também muitas vezes acaba por ser o crítico informal. Quantas pessoas não execraram Graham Bonnet por usar os seus ternos de cores alarmantes quando cantava no Rainbow? Quantos europeus não vaiaram Bruce Dickinson em seus primeiros shows no Iron Maiden? Quantas pessoas não malharam Tony Martin impiedosamente por emprestar seus vocais para o Black Sabbath no final dos anos 80? Existe unanimidade numa enquete sobre seu trabalho favorito do Iron Maiden? Claro que não! O fã é um ser que também critica, também observa, também malha e venera e com isso também gera reações diversas a seus ídolos, que apenas estão procurando seu lugar ao sol. Porque você acha que Bruce Dickinson rasgou um cartaz com os dizeres "Toquem clássicos!" na mais recente turnê do Iron Maiden, aonde o novo CD era tocado na íntegra? Uma das máximas da música é que o crítico é um músico frustrado, então seria o fã um crítico covarde, incapaz de mostrar sua opinião em público e que se esconde nos gritos da multidão? Por sinal quantas portas fechadas os Beatles levaram na cara antes que alguém acreditasse neles? E como os fãs reagiram quando os mesmos desistiram de se apresentar ao vivo, criticando a histeria coletiva em seus shows? Gene Simmons não se cansa de dizer que "se algo funciona para os fãs, é assim que devemos fazer...", logo o fã não deixa de ser um crítico.
Outro aspecto que deve ser levado em conta é a tal mente fechada. O que é ter a mente fechada? É não aceitar que determinado membro novo em uma banda não esteja exercendo suas funções adequadamente? Ou até mesmo afirmar que um CD tido como experimental é ruim? A mente fechada reside em criar um casulo dentro de si e não aceitar nada que seja diferente do que você levou consigo para sua morada eterna. Nesse sentido podemos afirmar de maneira categórica que existem fãs de mente fechada, críticos de mente fechada e até músicos de mente fechada. Muito se fala do visual de determinados fãs de vários estilos, de roupas e acessórios, mas não é um direito deles de expressar seu amor pela música da maneira que acham melhor? Seria isso um erro? Seria também criticar um trabalho de maneira que os fãs não gostem um erro? Existe sim a pessoa que conhece tudo de música? Se existir me apresentem, pois até hoje não encontrei alguém que possa ser unanimidade nesse aspecto. Existe o músico perfeito? Até Hendrix encontrou opositores!
Logo meus caros, que tal relaxarmos e deixarmos de ser tão exigentes no amor por um estilo, por uma música? Estou certo de que seu ídolo está confortavelmente instalado em sua mansão dando muita risada do que você faz ou fala, se é que ele presta atenção. E para os que odeiam os crítcos deixo uma máxima que deve ser seguida: "O melhor crítico do mundo é o seu ouvido, seguido de perto pelo seu bolso.". E viva o heavy metal e suas loucuras!
Obs: sobre o artigo "Crítica ou ataque?" ao final de sua leitura concluí que este se limitou ao desabafo de um fã revoltado com a imprensa que malhou o trabalho mais recente de sua banda favorita... e você o que achou deste texto que acaba de ler?
 
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